…/4
Mais uma vez temos que sair de nós próprios, temos
que nos deixar tocar pelo amor, pelo amor de Deus, pois só Ele nos pode levar a
perdoar tais actos e sobretudo a rezar intercedendo, não só pelas vítimas, mas
também pelos que praticaram tais actos.
É que a nossa vontade, para além de querermos
perdoar como sabemos ser nosso dever de amor, deve ser também o desejo que tais
actos tenham um fim e isso só acontecerá se os corações daqueles que os
praticam, mudar, for transformado.
Ora o ódio não se combate com o ódio, porque apenas
pode gerar mais ódio.
O ódio combate-se com o amor, e amar é perdoar, e
este amar é também sem dúvida pedir insistentemente a Deus que toque os corações
daqueles que andam dominados pelo mal, para que encontrem o bem e sobretudo
para que vejam nos outros, pessoas como eles.
Quer isto dizer que, para perdoarmos a este tido de
ofensores, não os podemos desumanizar, mas sim vê-los como pessoas como nós,
mas que andam erradas, que andam tocadas pelo mal e por isso mesmo precisam das
nossas orações para a transformação das suas vidas.
Quando os outros que nos ofendem ou nós ofendemos
são a nossa família, então ainda mais premente se torna a capacidade de perdoar
e pedir perdão, porque o testemunho dado em família sobretudo aos mais novos,
vai ser a referência que irão ter para as suas vidas.
E tantas vezes que as ofensas em família são por
causa das coisas mais fúteis, como heranças, bens materiais, ou até uma vontade
de ser mais que os outros, ou seja, de mandar sem ouvir ninguém.
Se o amor é os alicerces e o cimento que unem uma
casa, uma família, o perdão será, sem dúvida, o reboco das paredes, que deve
ser constantemente tratado e limpo, para que as mesmas se mantenham sempre
isentas de sujidades e bolores, ou seja, de coisas que incomodam, dividem e dão
mal-estar.
Se nas nossas casas, nas nossas famílias, não
vivemos o amor, não vivemos o perdão, como podemos nós vivê-lo fora das nossas
casas no nosso dia-a-dia.
(cont)
(joaquim
mexia alves, Conferência
sobre o perdão na Vigararia da Marinha Grande)
Sem comentários:
Enviar um comentário
Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.