Vice - Postuladora adianta que o processo em fase diocesana deverá
ficar instruído até ao final do ano
A instrução do processo de beatificação da irmã Lúcia de Jesus,
uma das três videntes de Fátima, que está ainda na fase diocesana, deverá
terminar até ao final deste ano, disse esta manhã à Sala de Imprensa a
vice-postuladora da causa dos Pastorinhos, Ir. Ângela Coelho, à margem de uma
entrevista a propósito do Curso da Mensagem de Fátima que decorreu no passado fim-de-semana
na Casa de Nossa Senhora das Dores, na Cova de Iria.
“Não tenho certezas, mas estamos a trabalhar nesse sentido embora
reconheça a complexidade que envolve a história de vida de Lúcia”, precisou
adiantando que o processo “está numa fase diocesana” e, por isso, “não deverá
estar resolvido até ao centenário”, no sentido de uma decisão de Roma.
“Iremos terminar este ano o processo que terá de ser traduzido
para italiano, conforme uma exigência da Congregação para a Causa dos Santos”
adiantou ainda a religiosa lembrando que, além da análise da correspondência de
Lúcia, estão também a ser interrogadas as testemunhas do processo, pessoas que
a conheceram e com quem conviveu”.
“São mais de 70 mil cartas recebidas e respondidas pela Irmã Lúcia
a partir da década de 80, provenientes de todas as zonas do mundo e das mais
variadas origens desde cidadãos anónimos até Papas, passando por cardeais,
embaixadores e outros” recorda a vice-postuladora.
“É um processo complexo até pelo tempo em que viveu- duas guerras
mundiais; a guerra civil espanhola; a ascensão e queda da ex URSS- e pelas preocupações
que transportava” sublinha a Irmã Ângela Coelho.
“Acredito que, na sua cela, esta religiosa transportava as dores
do mundo do século XX, para além das suas próprias dores pessoais”, por isso,
“toda a atenção que lhe dispensarmos e a seriedade e ponderação com que
fizermos este trabalho são fundamentais”, destaca ainda a religiosa.
“O tempo que estamos a aplicar ao processo beneficia a Lúcia, mas
beneficia, também, a Mensagem de Fátima”, conclui a vice-postuladora.
Neste processo, para além de outros elementos, estão a colaborar
15 teólogos, de várias nacionalidades, que se têm dedicado de corpo e alma a
este trabalho de estudo da sua correspondência e têm procurado “ultrapassar
alguns obstáculos de forma a facilitar o trabalho a Roma”.
“Este cuidado que sempre tivemos prende-se com a necessidade de
uma afirmação inequívoca: ela é uma santa e a Igreja tem de perceber isso e tem
de ter essa certeza ao beatifica-la”, conclui.
Recorde-se que há, igualmente, uma expectativa do processo de
canonização dos beatos Jacinta e Francisco ficar concluído por Roma até ao
Centenário das Aparições que se comemora em 2017, com a presença do Papa
Francisco já anunciada.
CR, 2016-01-12
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