O Evangelho de São Mateus [i]
narra-nos a viagem de uns Magos vindos do Oriente para adorarem Jesus.
Todo aquele episódio está narrado com
abundância de pormenores que por vezes nos passam despercebidos.
Os Magos, (provavelmente astrólogos
daquele tempo), eram homens que procuravam a Ciência, que procuravam a verdade.
E quem procura a verdade, de coração aberto, encontra-a!
Deus serve-se então de um sinal
visível, (a estrela), relacionado com a vida daqueles homens, para lhes dar a
conhecer a Verdade que procuram.
Quantas vezes nas nossas vidas,
naquilo que fazemos ou porque nos interessamos, Deus nos envia sinais visíveis,
mas que acabamos por não ver, porque não estamos interessados na mudança de
vida que nos leva ao encontro da Verdade.
No seu caminho, os Magos encontram
dificuldades, neste caso, na figura de Herodes.
Mas não desistem da procura, e depois
de ouvirem Herodes continuam o caminho, e, ao quererem continuá-lo, o sinal
visível torna a guiá-los ao encontro da Verdade, que procuram.
Essas dificuldades apresentam-se, por
vezes, nas nossas vidas disfarçadas de um pretenso “bem”, como Herodes com os
Magos, «depois de o encontrardes, vinde
comunicar-mo para eu ir também prestar-lhe homenagem.», quando sabemos bem
que a sua intenção era outra.
Devemos nós também estar bem atentos
ao modo como se nos apresentam as dificuldades na nossa relação com Deus, para
não nos deixarmos enganar por tanta coisa que parecendo um bem, (o dinheiro, a
carreira, o poder, etc.), vividas com “exclusividade”, acabam por nos afastar
do caminho com Deus e para Deus.
Depois, Herodes para confirmar se o
nascimento do rei dos judeus era uma noticia plausível, recorre aos sumos-sacerdotes
e escribas, que servindo-se das Escrituras, confirmam que em Belém deveria
nascer «o Príncipe que há-de apascentar o meu povo de Israel.»
Nós também temos acesso às Escrituras,
desde o Antigo Testamento ao Novo Testamento, mas preferimos tantas vezes
“ouvir” o mundo, ouvir tantos argumentos, ditos racionais, ler tantos livros
que nos confundem e baralham, em vez de acreditarmos e nos deixarmos guiar pela
Palavra de Deus.
Os Magos, perante Jesus Cristo,
prostram-se, adoram-no e oferecem-lhe presentes, e, por aquilo que o Evangelho nos
narra, nada Lhe pedem.
Nós tantas vezes passamos diante d’Ele
no sacrário e não somos capazes de fazer uma genuflexão bem-feita, tantas vezes
participamos na/da Missa apenas por rotina e deixando que tudo à nossa volta
nos distraia, como por exemplo o telemóvel!
Tantas vezes comungamos sem a
consciência devida, e tantas vezes depois da comunhão, em vez de adorarmos o
Deus que se nos entrega como alimento, apenas pedimos, pedimos, pedimos.
Mas, porque os Magos assim procederam,
porque assim reconheceram naquele Menino o Senhor, o Salvador, foram avisados
para regressarem por outro caminho, o caminho novo daqueles que encontram Deus,
o caminho que os afastava do mal, que os afastava de Herodes.
Também nós, se de coração aberto
procurarmos Jesus Cristo, O vamos encontrar, porque Ele se faz encontrado por
aqueles que O procuram «em espírito e verdade».
E encontrando-O, o caminho a fazer
será diferente, pois será um caminho com Deus, por Deus e para Deus.
E se vivermos esse caminho com toda a
sinceridade, com toda a entrega, as dificuldades não desaparecerão, o mal não
deixará de nos tentar, mas a presença de Deus nas nossas vidas sempre nos
fortalecerá e conduzirá pelo caminho da salvação.
joaquim mexia
alves, Marinha Grande, 27 de Janeiro de
2014
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