Em seguida devemos tratar do baptismo
com que Cristo foi baptizado. E como Cristo foi baptizado pelo baptismo de
João, primeiro devemos tratar do baptismo de João, em geral. Segundo, do baptismo
de Cristo.
Na primeira questão discutem-se seis
artigos:
Art. 1 — Se era conveniente que João
batizasse.
Art. 2 — Se o baptismo de João
procedia de Deus.
Art. 3 — Se o baptismo de João
conferia a graça.
Art. 4 — Se pelo baptismo de João só
Cristo devia ser baptizado.
Art. 5 — Se o baptismo de João devia
cessar depois que Cristo foi baptizado.
Art. 6 — Se os que já tinham recebido
o baptismo de João deviam receber também o baptismo de Cristo.
Art.
1 — Se era conveniente que João baptizasse.
O primeiro discute-se assim. — Parece não era
conveniente que João baptizasse.
1. — Pois, todo rito sacramental supõe
uma determinada lei. Ora, João não introduziu nenhuma lei nova. Logo, era
inconveniente que introduzisse um novo rito de baptizar.
2. Demais. — João foi mandado por Deus
em testemunha, como profeta, segundo o Evangelho: Tu, ó menino, serás chamado o profeta do Altíssimo. Ora, os
profetas anteriores a Cristo não introduziram nenhum rito novo, mas advertiam a
observância dos ritos legais, como está claro na Escritura: Lembrai-vos da lei de Moisés, meu servo.
Logo, também João não devia introduzir nenhum rito novo de baptizar.
3. Demais. — Ao que já é supérfluo
nada se lhe deve acrescentar. Ora, os Judeus tinham superabundância de baptismos,
como se lê no Evangelho: Os Fariseus e
todos os Judeus não comem sem lavarem as mãos muitas vezes; e quando vêm do
mercado não comem sem se purificarem; e assim observam muitos outros costumes
que lhes ficaram por tradição, como lavar os copos e os jarros e os vasos de
metal e os leitos. Logo, João não devia baptizar.
Mas, em contrário, a autoridade da
Escritura quando, depois de referida a santidade de João, acrescenta que
acorriam a ele muitos, que eram baptizados no Jordão.

DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJECÇÃO.
— O baptismo de João não era em si mesmo um sacramento; mas como que um sacramento,
que dispunha para o baptismo de Cristo. Por isso, de certo modo pertencia à lei
de Cristo e não à lei de Moisés.
RESPOSTA À SEGUNDA. — João não só foi
profeta, mas maior que profeta, como diz a Escritura. Pois, foi o termo da lei
e o início do Evangelho. Por isso mais lhe incumbia trazer, pelas palavras e
pelas obras, os homens à lei de Cristo, que à observância da lei antiga.
RESPOSTA À TERCEIRA. — Esses baptismos
dos Fariseus eram vãos, por se ordenarem só à purificação do corpo. Ao
contrário, o baptismo de João se ordenava à purificação espiritual, pois
induzia os homens à penitência, como se disse.
Nota:
Revisão da versão portuguesa por ama.
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