Para uma recta compreensão das Bem-aventuranças é conveniente ter em conta que nelas não se
promete a salvação a umas determinadas classes de pessoas que aqui se
enumerariam, mas a todos aqueles que alcancem as disposições religiosas e o
comportamento moral que Jesus Cristo exige. Quer dizer: os pobres de espírito,
os mansos, os que choram, os que têm fome e sede de justiça, os misericordiosos,
os puros de coração, os pacíficos e os que sofrem perseguição por buscar a
santidade, não indicam pessoas distintas entre si, mas são como que diversas
exigências de santidade dirigidas a quem quer ser discípulo de Cristo.
Pela mesma razão, também
não prometem a salvação a determinados grupos da sociedade, mas a toda a pessoa
que, seja qual for a sua situação no mundo, se esforce por viver o espírito e
as exigências das Bem-aventuranças.
A todas elas, é também
comum o sentido escatológico, isto é, é-nos prometida a salvação definitiva não
neste mundo, mas na vida eterna. Mas o espírito das Bem-aventuranças produz, já
na vida presente, a paz no meio das tribulações. Na história da humanidade, as
Bem-aventuranças constituem uma mudança completa dos critérios humanos
habituais: desqualificam o horizonte da piedade farisaica, que via na
felicidade terrena a bênção e prémio de Deus e, na infelicidade e desgraça, o
castigo. Em todos os tempos, as Bem-aventuranças põem muito por cima os bens do
espírito sobre os bens materiais. Sãos e doentes, poderosos e débeis, ricos e
pobres... são chamados, por cima das suas circunstâncias, à felicidade profunda
daqueles que alcançam as Bem-aventuranças de Jesus.
É evidente que as
Bem-aventuranças não contêm toda a doutrina evangélica. Não obstante contêm,
como que em germe, todo o programa de perfeição cristã.
(Bíblia Sagrada, anot. pela Fac. de Teologia da Univ. de Navarra,
Comentário sobre Mt 5, 2)
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