Em
muitos livros didácticos vemos aquela visão herdada pelo marxismo de que o homem
medieval era conformado com os males e injustiças que sofreria por resignar-se
à vontade da Providência Divina. Não é apenas uma notação estulta de
Providência e aceitação da vontade divina, como também um desconhecimento de
alguns factos e elementos da Idade Média.
Os
tão propagados abusos do clero recebiam na época críticas de homens da Igreja
mais ácidas do que de muitos reformadores protestantes, como as críticas escritas
no século XI pelo cardeal e monge beneditino Pedro Damião.
A
jovem Catarina de Siena criticava os vícios da Cúria Pontifícia e a relutância
de Gregório XI em retornar à Roma na frente do próprio papa e seu Colégio
Cardinalício.
A
consciência de que a moral e a ética deveriam ser também vividas no âmbito da
política, era algo bastante conhecido dos homens de saber medievais.
Uma
farta literatura de Espelhos de Príncipes, tratados moralizantes destinados aos
monarcas, floresceu ao longo de toda a Idade Média. Os vícios dos homens,
especialmente os de poder, eram apontados por eclesiásticos e explorados como
argumento pelos movimentos heréticos.
As
danças da morte, a que o povo igualmente tinha acesso, escarneciam dos pecados
dos homens de todas as condições que esqueciam-se frequentemente de que a morte
um dia lhes pediria contas.
(cont em 12 Dez)
Texto
de rafael de mesquita diehl,
professor e historiador formado pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) e
mestrando pela mesma universidade. Publicado pelo site Revista Vila Nova.
(revisão
da versão portuguesa por ama)
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