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Naturalmente,
todas essas "branduras" também soam estranhas na actualidade, já que
não só as atribuições das leis e punições mudaram, como ainda as ideias acerca
das proporções entre penas e delitos.
Numa
época em que a falsificação de moeda era punida com a morte, não era de
estranhar que a heresia, vista como falsificação das verdades sobre Deus, fosse
punida de maneira semelhante.
Actualmente,
torna-se cada vez mais aceite a ideia das penas físicas como último recurso, de
forma que é impossível entendermos o contexto medieval e pré-iluminista com as
noções do Direito moderno.
O
olhar da Igreja católica
Numa
das celebrações litúrgicas do Jubileu do Ano Santo de 2000, no dia 12 de Março,
o papa João Paulo II realizou um acto histórico que marcou o seu pontificado:
O
Sumo Pontífice, em nome de toda a Igreja, pediu perdão pelos pecados cometidos
pelos filhos da Igreja no anúncio do Evangelho. Esse discurso foi, já na época,
bastante distorcido e poucos conhecem a profundidade daquelas palavras e o
contexto em que ele está inserido.
Um
dos objectivos do simpósio organizado no Vaticano para estudar a Inquisição, na
óptica do papa, era o de amadurecer a consciência das autoridades da Igreja
para o pedido de perdão feito no ano 2000.
A
questão era a busca de um juízo fundamentado na objectividade histórica:
admitindo as falhas dos membros da Igreja, mas separando os factos das
propagandas ideológicas.
No
mesmo ano de 2000, a Comissão Teológica Internacional elaborou um documento
chamado “Memória e Reconciliação: a Igreja e as culpas do passado”, que
apresenta um estudo teológico da relação entre os pecados cometidos pelos
católicos e a Igreja ao longo da História. No documento, a Igreja reconhece que
muitos de seus membros ao longo da História recorreram a métodos e posturas
contrários aos princípios cristãos, embora ressalte que o pecado sempre
acarreta uma responsabilidade pessoal daquele que o cometeu e que a Igreja pede
perdão em nome de seus filhos por essas imposturas, exortando os seus fiéis à
contínua penitência e purificação de suas faltas.
rafael de
mesquita diehl, professor e historiador
formado pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) e mestrando pela mesma
universidade. Publicado pelo site Revista Vila Nova.
(revisão da versão portuguesa por ama)
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