Art.
7 — Se a estrela, que apareceu aos Magos era uma das estrelas do céu.
O sétimo discute-se assim. — Parece
que a estrela que apareceu aos Magos era uma das estrelas do céu.
1. — Pois, diz Agostinho: Enquanto um Deus pende dos peitos maternos e
sofre ser envolvido em panos vis, de repente brilhou no céu uma nova estrela.
Logo, foi uma estrela do céu a que apareceu aos Magos.
2. — Demais. — Agostinho diz: Aos pastores, os anjos; aos Magos, uma
estrela revelou o Cristo. A ambos fala a língua dos céus por ter-se calado a
língua dos Profetas. Ora, os anjos que apareceram aos Pastores foram
verdadeiramente anjos do céu. Logo, também a estrela dos Magos foi
verdadeiramente uma estrela do céu.
3. Demais. — As estrelas que aparecem,
não no céu, mas no ar, chamam-se cometas; e essas não anunciam natividade dos
reis, mas antes são o prenúncio da sua morte. Ora, a referida estrela anunciava
a natividade do Rei; donde o perguntarem os Magos: Onde está o rei dos Judeus, que é nascido? Porque nós vimos no Oriente
a sua estrela.
Mas, em contrário, Agostinho diz: Essa estrela não era daquelas que, desde o
início do mundo, guardam a lei do seu curso que o Criador lhes traçou; mas, uma
nova estrela que apareceu por ocasião do parto da Virgem.
Como diz Crisóstomo, por
muitas razões é manifesto que a estrela aparecida aos Magos não foi nenhuma das
estrelas do céu. Primeiro, porque nenhuma dessas estrelas descreve tal trajectória.
E, essa dirigia-se do setentrião para o meio dia; pois, a Judeia está ao sul da
Pérsia, donde os Magos vieram. - Segundo, por causa do tempo. Pois, aparecia
não só de noite, mas também ao meio dia. O que as estrelas não podem e nem
mesmo a lua. - Terceiro, porque ora aparecia e ora se ocultava. Assim, quando
entraram em Jerusalém, ocultou-se; e depois, quando deixaram Herodes,
mostrou-se de novo. - Quarto, porque não tinha movimento contínuo; mas, quando
os Magos deviam caminhar, caminhava; e quando deviam parar, parava como
acontecia com a coluna de nuvem no deserto. - Quinto, porque indicou o lugar do
parto da Virgem, não permanecendo no alto, mas descendo até ele. Assim, diz o
Evangelho: A estrela que tinham visto no
Oriente apareceu-lhes, indo diante deles, até que, chegando, parou sobre onde
estava o menino. Donde se conclui que as palavras dos Magos - Vimos no Oriente a sua estrela - não se
devem entender como significando, que a eles, vivendo no Oriente, apareceu-lhes
uma estrela na terra de Judá; mas, que o viram no Oriente, e ela os precedeu
até a Judeia; embora alguns ponham isto em dúvida. Pois, não poderia indicar
distintamente uma casa, se não estivesse vizinha da terra. Ora, como o Santo
Doutor acrescenta, isso não é próprio de nenhuma estrela, mas, de algum poder
racional. Donde se conclui que essa estrela era um poder invisível transformado
em tal aparição.
Por isso, alguns opinam que assim como
o Espírito Santo desceu em forma de pomba sobre o Senhor baptizado, assim
apareceu aos Magos em forma de estrela. - Mas outros pensam que o Anjo que
apareceu aos Pastores em forma humana apareceu aos Magos em forma de estrela. -
Parece mais provável porém que essa foi estrela criada de novo, não no céu, mas
no ar vizinho à terra, que se movia segundo a vontade divina. Donde o diz Leão
Papa: Aos três Magos apareceu na região
do Oriente uma estrela de nova claridade, que, mais refulgente e mais bela que
as outras, atraía a si os olhos e os pensamentos dos que a contemplavam; de
modo que logo advertiam não ser vão o que tão insólito lhes parecia.
DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJECÇÃO. —
O céu, na Sagrada Escritura, é às vezes chamado ar como naquele lugar: As aves
do céu e os peixes do mar.
RESPOSTA À SEGUNDA. — Os anjos do céu
tem por ofício descer até nós, mandados em algum ministério. Ora, as estrelas
do céu não mudam de lugar. Logo, a comparação não colhe.
RESPOSTA À TERCEIRA. — Assim como a
estrela dos Magos não seguiu o curso das estrelas do céu, assim também os cometas,
que não aparecem de dia, não mudam o seu curso habitual. - E contudo essa estrela desempenhava de certo modo a função dos cometas.
Pois, o reino celeste de Cristo esmigalhará e consumirá a todos os reinos e ele
mesmo subsistirá para sempre no dizer da Escritura.
Nota:
Revisão da versão portuguesa por ama.
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