Tendo
explicado brevemente em que consiste a Idade Média, gostaria agora de apontar
quatro características dessa longa época que não se coadunam com a imagem de
uma Idade das Trevas.
Interesse
pelo saber:
No
ano de 1277 morria um homem num acidente causado pelo desabamento de um balcão
para estudos e observações científicas que tinha feito em sua residência: essa
residência era o palácio papal de Viterbo e esse homem era Pedro Hispano, João
XXI, o único papa português da História.
O
conhecimento era valorizado por grande parte dos homens da Idade Média, especialmente
pelos clérigos, que julgavam a instrução dos demais como uma de suas funções.
Desde
a Antiguidade Tardia os mosteiros foram centros de preservação do conhecimento
antigo dos gregos e romanos. Mas esses mosteiros não somente preservavam e
copiavam as obras antigas, como também reflectiam sobre elas e teciam comentários
sobre as mesmas.
Já
entre os séculos VI e VII, o Livro das Etimologias fora escrito pelo bispo Isidoro
de Sevilha, buscando compilar todo o conhecimento de seu tempo.
No
século XII, o cónego Hugo da Abadia de São Victor, em França, escrevia numa de
suas obras exortando os seus alunos a procurarem o estudo, sem desprezar
nenhuma forma de conhecimento.
Com
o surgimento das universidades, a troca de informações e escritos e o debate de
ideias, frequentemente acalorado, intensificou-se. Esse interesse pelo saber
traduziu-se também no âmbito prático: os estudos jurídicos em Direito Romano e
Canónico produziram códigos de leis e o século XIV, famoso pela tenebrosa Peste
Negra, nos legou dois artefactos de actual utilidade: o relógio mecânico e os óculos.
(cont em 22 Nov)
Texto
de rafael de mesquita diehl,
professor e historiador formado pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) e
mestrando pela mesma universidade. Publicado pelo site Revista Vila Nova.
(revisão
da versão portuguesa por ama)
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