Tempo comum XXX Semana
Evangelho:
Mc 10, 46-52
46 Chegaram a Jericó. Ao sair Jesus de Jericó, com os Seus discípulos e
grande multidão, Bartimeu, mendigo cego, filho de Timeu, estava sentado junto
ao caminho. 47 Quando ouviu dizer que era Jesus Nazareno, começou a
gritar: «Jesus, Filho de David, tem piedade de mim!». 48 Muitos
repreendiam-no para que se calasse. Mas ele cada vez gritava mais forte: «Filho
de David, tem piedade de mim!».49 Jesus, parando, disse: «Chamai-o».
Chamaram o cego, dizendo-lhe: «Tem confiança, levanta-te, Ele chama-te».
50 Ele, lançando fora a capa, levantou-se de um salto e foi ter com
Jesus. 51 Tomando Jesus a palavra, disse-lhe: «Que queres que te
faça?». O cego respondeu: «Rabboni, que eu veja!». 52 Então Jesus
disse-lhe: «Vai, a tua fé te salvou». No mesmo instante recuperou a vista, e
seguia-O no caminho.
Comentário:
Não tenho qualquer receio de Te pedir seja o que for porque sei
que esperas uma resposta minha à Tua pergunta: ‘que queres que te faça!’
Esperas uma resposta sincera e honesta e não Te preocupa se o que peço é desajustado ou inconveniente porque bem sabes que peço como quem sou: um pobre homem que precisa de tudo.
(ama, comentário sobre MC 10 46-52,
2015.05.28)
Leitura espiritual
São Josemaria Escrivá
Temas actuais do cristianismo
68
pergunta:
Talvez
possa pensar-se que, até agora, o Opus Dei se viu favorecido pelo entusiasmo
dos primeiros sócios, embora sejam já vários milhares.
Existe
alguma medida que garanta a continuidade da Obra, contra o risco, conatural a
todas as instituições, de um possível arrefecimento do fervor e do impulso
iniciais?
resposta:
A
Obra não se baseia no entusiasmo, mas na fé.
Os
anos do princípio - longos anos - foram muito duros, e só se viam dificuldades.
O
Opus Dei foi avante, pela graça divina e pela oração e pelo sacrifício dos
primeiros, sem meios humanos.
Só
havia juventude, bom humor e o desejo de fazer a vontade de Deus.
Desde
o princípio, a arma do Opus Dei foi sempre a oração, a vida entregue, a
renúncia silenciosa a tudo o que é egoísmo, para servir as almas.
Como
lhe dizia antes, ao Opus Dei vem-se receber um espírito que leva precisamente a
dar tudo, enquanto se continua trabalhando profissionalmente por amor a Deus e
às criaturas por Ele.
A
garantia de que não se dê um arrefecimento é que os meus filhos nunca percam
este espírito.
Sei
que as obras humanas se desgastam com o tempo; mas isto não acontece com as
obras divinas, a não ser que os homens as rebaixem.
Só
quando se perde o impulso divino é que vem a corrupção, a decadência.
No
nosso caso, vê-se claramente a Providência do Senhor, que, em tão pouco tempo -
quarenta anos - faz que seja recebida e praticada esta específica vocação
divina entre cidadãos correntes iguais aos outros, de tão diversas nações.
O
fim do Opus Dei, repito uma vez mais, é a santidade de cada um dos seus sócios,
homens e mulheres, que continuam no lugar que ocupavam no mundo.
Se
alguém não vem ao Opus Dei para ser santo, apesar de todos os pesares - quer
dizer, apesar das misérias próprias, dos erros pessoais - ir-se-á embora
imediatamente.
Penso
que a santidade atrai a santidade, e peço a Deus que no Opus Dei nunca falte
essa convicção profunda, esta vida de fé.
Como
vê, não confiamos exclusivamente em garantias humanas ou jurídicas.
As
obras que Deus inspira movem-se ao ritmo da graça.
A
minha única receita é esta: ser santos, querer ser santos, com santidade
pessoal.
69
pergunta:
Por
que é que e que há sacerdotes numa instituição acentuadamente laical, como o
Opus Dei?
Todos
os membros do Opus Dei podem chegar a ser sacerdotes, ou só aqueles que são
escolhidos pelos directores?
resposta:
A
vocação para o Opus Dei pode recebê-la qualquer pessoa, que queira
santificar-se no próprio estado: seja solteiro, casado ou viúvo; seja leigo ou
clérigo.
Por
isso ao Opus Dei associam-se também sacerdotes diocesanos, que continuam a ser
diocesanos como antes, porquanto a Obra ajuda-os a tender para a perfeição
cristã própria do seu estado, mediante a santificação do seu trabalho normal,
que é precisamente o ministério sacerdotal ao serviço do seu bispo, da sua
diocese e de toda a Igreja.
Também
no caso deles a vinculação ao Opus Dei não modifica em nada a sua condição:
continuam plenamente dedicados às tarefas que lhes confia o respectivo
Ordinário e aos outros apostolados e actividades que devem realizar, sem que
nunca a Obra interfira nessas actividades; e santificam-se praticando o mais
perfeitamente possível as virtudes próprias de um sacerdote.
Além
desses sacerdotes, que se incorporam ao Opus Dei depois de terem recebido
ordens sacras, há na Obra outros sacerdotes seculares que recebem o sacramento da
Ordem depois de pertencerem ao Opus Dei, ao qual, portanto, se vincularam
quando eram leigos, cristãos correntes.
Trata-se
de número muito restrito em comparação com o total de sócios - não chegam a
dois por cento - e dedicam-se a servir os fins apostólicos do Opus Dei com o
ministério sacerdotal, renunciando mais ou menos, segundo os casos, ao
exercício da profissão civil que tinham.
São,
com efeito, membros de profissões liberais ou trabalhadores, chamados ao
sacerdócio depois de terem adquirido uma habilitação profissional e de terem
trabalhado durante anos na sua ocupação própria: médico, engenheiro, mecânico,
camponês, professor, jornalista, etc.
Fazem,
além disso, com a máxima profundidade e sem pressas, o estudo das disciplinas
eclesiásticas até obterem o doutoramento.
E
isso sem perder a mentalidade característica do ambiente da sua profissão
civil; de modo que, quando recebem as sagradas ordens, são médicos-sacerdotes,
advogados-sacerdotes, operários-sacerdotes, etc.
A
sua presença é necessária para o apostolado do Opus Dei.
Este
apostolado realizam-no fundamentalmente os leigos, como já disse.
Cada
sócio procura ser apóstolo no seu próprio ambiente de trabalho, aproximando as
almas de Cristo mediante o exemplo e a palavra, isto é, através do diálogo.
Mas,
no apostolado, ao conduzir as almas pelos caminhos da vida cristã, chega-se ao
muro sacramental.
A
função santificadora do leigo tem necessidade da função santificadora do
sacerdote, que administra o sacramento da penitência, celebra a Eucaristia e
proclama a Palavra de Deus em nome da Igreja.
E,
como o apostolado do Opus Dei pressupõe uma espiritualidade específica, é
necessário que o sacerdote dê também um testemunho vivo desse espírito
peculiar.
Além
desse serviço aos outros sócios da Obra, esses sacerdotes podem prestar, e de
facto prestam, um serviço a muitas outras almas.
O
zelo sacerdotal, que informa as suas vidas, deve levá-los a não permitir que
ninguém passe ao seu lado sem receber algum reflexo da luz de Cristo.
Mais
ainda, o espírito do Opus Dei, que nada sabe de grupitos nem de distinções,
impele-os a sentirem-se íntima e eficazmente unidos aos seus irmãos, os outros
sacerdotes seculares; sentem-se e são de facto sacerdotes diocesanos em todas
as dioceses em que trabalham e às quais procuram servir com empenho e eficácia.
Quero
fazer notar, porque é uma realidade muito importante, que esses sócios leigos
do Opus Dei que recebem a ordenação sacerdotal, não mudam de vocação.
Quando
abraçam o sacerdócio, respondendo livremente ao convite dos directores da Obra,
não o fazem com a ideia de que assim se unem mais a Deus ou tendem mais
eficazmente para a santidade: sabem perfeitamente que a vocação laical é plena
e completa em si mesma, que a sua dedicação a Deus no Opus Dei era desde o
primeiro momento um caminho claro para alcançar a perfeição cristã.
A
ordenação sacerdotal não é, por isso, de modo algum, uma espécie de coroamento
da vocação para o Opus Dei: é uma chamada que se faz a alguns, para servir de
um modo novo os outros.
Por
outro lado, na Obra não há duas espécies de sócios, os clérigos e os leigos;
todos são e se sentem iguais e todos vivem o mesmo espírito: a santificação no
seu próprio estado. [i]
70
pergunta:
Tem
falado com frequência do trabalho. Poderia dizer que lugar ocupa o trabalho
profissional na espiritualidade do Opus Dei?
resposta:
A
vocação para o Opus Dei não altera nem modifica de modo algum a condição, o
estado de vida, de quem a recebe.
E
como a condição humana é o trabalho, a vocação sobrenatural para a santidade e
para o apostolado, segundo o espírito do Opus Dei, confirma a vocação humana
para o trabalho.
A
imensa maioria dos sócios da Obra são leigos, cristãos correntes: a sua
condição é a de quem tem uma profissão, um ofício, uma ocupação, com frequência
absorvente, com a qual ganha a vida, mantém a família, contribui para o bem
comum, desenvolve a sua personalidade.
A
vocação para o Opus Dei vem confirmar tudo isso, até ao ponto de que um dos
sinais essenciais dessa vocação é precisamente viver no mundo e realizar aí um
trabalho - contando, volto a dizer, com as próprias imperfeições pessoais - da
maneira mais perfeita possível, tanto do ponto de vista humano, como do ponto
de vista sobrenatural.
Quer
dizer, um trabalho que contribua eficazmente para a edificação da cidade
terrena - e que seja, por isso, feito com competência e com espírito de servir
- e para a consagração do mundo, e que, portanto, seja santificador e
santificado.
Os
que querem viver com perfeição a sua fé e praticar o apostolado segundo o
espírito do Opus Dei, devem santificar-se com a profissão, santificar a
profissão e santificar os outros com a profissão.
Vivendo
assim, sem se distinguirem dos outros cidadãos iguais a eles, que com eles
trabalham, esforçam-se por se identificar com Cristo, imitando os seus trinta
anos de trabalho na oficina de Nazaré.
Porque
essa tarefa habitual é, não só o âmbito em que se devem santificar, como também
a própria matéria da sua santidade: no meio das incidências do dia-a-dia
descobrem a mão de Deus, e encontram estímulo para a sua vida de oração.
A
própria actividade profissional põe-nos em contacto com outras pessoas -
parentes, amigos, colegas - e com os grandes problemas que afectam a sua
sociedade ou o mundo inteiro e oferece-lhes assim a ocasião de viverem a
entrega ao serviço dos outros, que é essencial aos cristãos.
Assim,
devem esforçar-se por dar um verdadeiro e autêntico testemunho de Cristo, para
que todos aprendam a conhecer e a amar o Senhor, a descobrir que a vida normal
no mundo, o trabalho de todos os dias, pode ser um encontro com Deus.
Entrevista realizada por Enrico Zuppi
e António Fugardi, publicada em L'Osservatore della Domenica (Cidade do
Vaticano) nos dias 19 e 26 de Maio e 2 de Junho de 1968
(cont)
[i]
Mons. Escrivá de Balaguer fala nesta
resposta de dois modos pelos quais os sacerdotes seculares podem pertencer ao
Opus Dei:
a) os
sacerdotes que provêm dos membros leigos do Opus Dei, que são chamados às
Ordens Sagradas pelo Prelado e que se incardinam na Prelatura, constituindo o
seu presbitério. Dedicam-se fundamentalmente, ainda que não exclusivamente, à
assistência pastoral dos fiéis incorporados no Opus Dei e, com estes, levam a
cabo o apostolado específico de difundir, em todos os ambientes da sociedade,
uma profunda tomada de consciência do chamamento universal à santidade e ao
apostolado (Cfr. Apresentação);
b) os
sacerdotes seculares já incardinados numa diocese podem também participar da
vida espiritual do Opus Dei, como assinala Mons. Escrivá de Balaguer no início
desta resposta. Para isso, podem associar-se à Sociedade Sacerdotal da Santa
Cruz, que está intrinsecamente unida à Prelatura e da qual é Presidente Geral o
Prelado do Opus Dei, Cfr. o texto da Apresentação, pág. 11 onde se dá uma
explicação sucinta desta Associação Sacerdotal, em termos jurídicos precisos
que Mons. Escrivá de Balaguer ainda não podia utilizar ao conceder esta
entrevista.
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