29/09/2015

Tratado da vida de Cristo 39

Questão 35: Da natividade de Cristo

Art. 3 — Se pela natividade temporal de Cristo, a Santa Virgem possa ser considerada sua mãe.

O terceiro discute-se assim. — Parece que pela natividade temporal de Cristo, a Santa Virgem não pode ser considerada sua mãe.

1. — Pois, como se disse, a Santa Virgem Maria não foi de nenhum modo princípio activo na geração de Cristo, mas só ministrou a matéria. Ora, isso não basta para ser mãe; do contrário, poderíamos dizer que a madeira é mãe de um leito ou de um móvel. Logo, parece que a Santa Virgem não pode ser considerada mãe de Cristo.

2. Demais. — Cristo nasceu milagrosamente da Santa Virgem. Ora, uma geração milagrosa não basta para constituir a maternidade nem a filiação, assim, não dizemos que Eva foi filha de Adão. Logo, Cristo não deve ser considerado filho da Santa Virgem.

3. Demais. — A função da mãe é emitir o sémen. Ora, como diz Damasceno, o corpo de Cristo não foi formado por via seminal, mas, constituído pelo Espírito Santo. Logo, parece que a santa Virgem não deve ser considerada mãe de Cristo.

Mas, em contrário, o Evangelho: A conceição de Cristo foi desta maneira: Estando já Maria, sua mãe, desposada com José, etc.

A Santa Virgem foi verdadeira e naturalmente a mãe de Cristo. Pois, como dissemos, o corpo de Cristo não foi trazido do céu, como o pretendeu o herético Valentino; mas foi formado no ventre da virgem mãe do seu sangue mais puro. E isto basta para constituir a maternidade como do sobredito resulta. Donde, a Santa Virgem é verdadeiramente a mãe de Cristo.

DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJECÇÃO. — Como dissemos, a paternidade ou a maternidade e a filiação não têm lugar em qualquer geração, mas só na geração dos seres vivos. Donde, era seres inanimados, feitos de qualquer matéria, não há relação de maternidade e de filiação; mas só na geração dos vivos, chamada propriamente natividade,

RESPOSTA À SEGUNDA. — Como diz Damasceno; a natividade temporal, pela qual Cristo nasceu, para a nossa salvação. é de certo modo, como a nossa, porque nasceu, como homem de uma mulher e dentro do tempo natural à concepção. Mas de maneira superior à nossa, porque foi fora da lei da concepção, formado, não por via seminal mas pelo Espirito Santo no ventre da Santa Virgem. Assim, pois, pela sua matéria a natividade de Cristo foi natural; mas foi milagrosa pela obra do Espírito Santo. Donde, verdadeira e naturalmente, a Santa Virgem foi a mãe de Cristo.

RESPOSTA À TERCEIRA. — Como dissemos, a emissão do sémen feminino não é de necessidade para a concepção. E por isso, essa emissão não é necessária para constituir a maternidade.

Nota: Revisão da versão portuguesa por ama.



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