Omito, para não me alongar, o
raciocínio que se aplica aos médicos que praticam abortos.
Se não o fazem pelo gosto da cirurgia,
já tenho mais dúvidas que o não realizem pelo gosto do dinheiro: ninguém duvida
que as clínicas abortistas não são precisamente deficitárias.
2) Curiosamente, o argumento funciona
melhor se aplicado ao pai. Embora reconheça que nenhuma mulher se encaminhará
de ânimo leve para uma sala de abortos, já não é tão certo que o pai da criança
não encaminhe levianamente para lá a mãe da criança: “Engravidaste? Mais vale
que abortes quanto antes”. É assim tão alheio ao que, infelizmente, assistimos
com frequência?
Por outro lado, embora seja verdade
que ninguém aborta por gosto, é preciso recordar - eis finalmente um argumento
super-politicamente incorrecto! - uma pequena observação de G. K. Chesterton:
“Ninguém se casa sonâmbulo nem gera filhos a dormir”.
Assim, se é verdade que ninguém aborta
por gosto, já não é tão certo que aos momentos da génese da nova criatura se
possa aplicar levianamente a mesma descrição. A lei de despenalização do aborto
é mais uma etapa na desresponsabilização, sobretudo masculina, das consequências
dos actos sexuais livremente queridos. É como sugerir aos homens que sejam
sexualmente irresponsáveis e fúteis, pois as mulheres serão “abortivamente”
responsáveis e sensatas.
3) Por fim, acrescento que não consta
que, nos países em que as leis penalizam os abortos, elas tenham sido alguma
vez aplicadas levianamente e por gosto. Mesmo assim, desejam acabar com elas.
p. joão paulo
pimentel
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