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“Problema de consciência”?
Decidir pela vida de um inocente vai
além da questão privada e tem uma gigantesca dimensão social
Quem afirma que o aborto é apenas um
assunto de consciência, habitualmente é favorável à sua legalização.
Até pode aceitar serenamente que o
aborto seja algo a evitar, mas pensa que nem sempre será obrigatório
posicionar-se contra esse acto. Haverá excepções que caberá à mulher grávida, e
só a ela, identificar.
Essas mulheres que, em determinadas
situações, decidem abortar - dizem - fazem-no “em consciência”.
Não o fazem de ânimo leve, mas
ponderam todos os factores e julgam que o mais correcto, ou o menos mau, é
realizar o aborto. A sua consciência aprovaria essa atitude.
Ninguém mais tem nada a dizer sobre a
sua bondade ou maldade.
O Estado, ou quem quer que seja, não
deve ter o direito de intromissão na consciência da mulher, contrariando uma
íntima decisão.
Não seria, pois, legítima uma
intervenção pública proibitiva.
Que objecções se podem levantar a este
modo de focar o problema?
Posso concordar em que, como qualquer
problema de índole moral, o aborto é, à partida, uma questão de consciência.
Também o são o cumprimento das leis de
circulação rodoviária, a tributação fiscal, a pirataria de software, a
violência doméstica, o suicídio, a adição a drogas, etc.
A prova disso, é que nestas, como em
muitas outras questões, a par de medidas de coacção, expõem-se motivos e
fazem-se campanhas para que as pessoas adiram livremente ao que se estima
correcto e vantajoso para os cidadãos e a sociedade.
(cont)
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