Tempo comum XI Semana
Evangelho:
Mc 4, 26-34
26 Dizia também: «O reino de Deus é como um homem que lança a semente à terra. 27 Dorme e se levanta, noite e dia, e a semente germina e cresce sem ele saber como. 28 Porque a terra por si mesma produz, primeiramente a haste, depois a espiga, e por último a espiga cheia de grãos. 29 E, quando o fruto está maduro, mete logo a foice, porque chegou o tempo da ceifa». 30 Dizia mais: «A que coisa compararemos nós o reino de Deus? Com que parábola o representaremos? 31 É como um grão de mostarda que, quando se semeia no campo, é a menor de todas as sementes que há na terra; 32 mas, depois que é semeado, cresce e torna-se maior que todas as hortaliças, e cria ramos tão grandes que “as aves do céu podem vir abrigar-se à sua sombra”». 33 Assim lhes propunha a palavra com muitas parábolas como estas, conforme eram capazes de compreender. 34 Não lhes falava sem parábolas; porém, em particular explicava tudo aos Seus discípulos.
Comentário:
Damo-nos conta da
extraordinária Graça que nos é concedida: saber-mos de “fonte segura” o que é o
Reino de Deus?
Passaram centenas e
centenas de anos em que uma incomensurável multidão de seres humanos não sabia
exactamente o que era e em enorme maioria nem sequer suspeitava da sua
existência.
Foram esses homens um
pouco “desconfiados” e de escassa cultura que nos transmitiram esse
conhecimento al como o ouviram repetidas vezes dos lábios de Cristo.
Como devemos agradecer,
venerar e exaltar esses Discípulos e Apóstolos a quem tanto devemos!
(ama, comentário sobre Mc 4, 26-34, Malta,
20152.01.30)
Leitura espiritual
a beleza de
ser cristão
SEGUNDA PARTE
COMO SER CRISTÃOS
xi a devoção à santíssima virgem
.../2
«Dependendo totalmente de Deus e
plenamente orientada para Ele pelo estímulo da sua fé, Maria, ao lado do seu Filho,
é a imagem mais perfeita da liberdade e da libertação da humanidade e do cosmos.
A Igreja deve
olhar para ela, Mãe e Modelo, para compreender integralmente o sentido da sua
missão» [1].
E Von Baltasar escreve:
«Existe acordo
que a resposta final da Maria ao anjo e através dele a Deus, foi a expressão
plena da fé de Abraão e de todo Israel. (…). A Palavra de Deus que quer
fazer-se carne em Maria necessita de
um sim receptivo que seja pronunciado pela pessoa inteira, espírito e corpo,
simplesmente sem nenhuma restrição (nem sequer inconsciente) e que ofereça a
totalidade da natureza humana como lugar da humanização» [2].
Mãe e Modelo que podemos unir,
simplesmente, com a geração e educação, que assinalámos, e que a Santíssima
Virgem desenvolve ao longo de toda sua vida em cada acção do seu viver.
Pondo-se em seguida a caminho para
procurar o seu Filho perdido no Templo é mestra de piedade de todo o povo
cristão.
Uma vez encontrado
o Senhor, o crente ouve dos lábios da Virgem palavras que serão fundamento de
uma esperança viva:
«Fazei o que Ele vos disser» [3].
Como fruto da sua vida de Fé, de
Esperança, de Caridade, a Santíssima Virgem foi uma proposta à contemplação do
cristão como modelo de todas as virtudes: magnanimidade, amabilidade, paciência,
serenidade, pacífica, etc.
É interessante
salientar, especialmente, que mais que nos hábitos «de fazer» - virtudes -, a
devoção a Maria, o privar com ela, ensina o cristão de modo adequado a «ser e
de estar perante Deus».
«Porque Maria é Mãe a sua devoção
ensina-nos a ser filhos: a querer verdadeiramente, sem medida, ser simples sem
essas complicações que nascem do egoísmo de pensar só em nós mesmos, a estar
alegres sabendo que nada pode destruir a nossa esperança» [4].
Maria, Virgem e Mãe é realmente o
paradigma da relação de Deus com a criatura humana e da resposta confiada da
criatura a Deus que Eva Lhe negou no Paraíso.
Maria com a
sua «comunicação de Graça», prepara o espírito do filhos de Deus em Cristo seu
Filho, para viver com Deus Pai, Filho e Espírito Santo, a Criação, a Redenção,
a Santificação das Criaturas e levar assim a cabo a Glorificação de Deus
tornando possível que «Deus seja tudo em todas as coisas» [5].
Com toda a verdade que de Maria foram
ditas as palavras dos profetas sobre Jerusalém:
«Naquele tempo, chamarão a Jerusalém
«trono de Yahvé» e incorporar-se-ão nela todas as nações sem seguir mais a
dureza dos seus corações» [6].
«Levanta-te, resplandece Jerusalém que
chegou a tua luz e a glória de Yahvé amanheceu sobre ti (…).
Levanta os
teus olhos em volta e contempla, todos estes se congregaram e vieram a ti, os
teus filhos virão de longe e as tuas filhas levantar-se-ão do teu lado» [7].
«Alegra-te Jerusalém e regozijai-vos por
ela todos que a amais, enchei-vos de alegria por ela todos os que por ela
fazeis luto» [8].
Podemos concluir estas páginas com
palavras de São Josemaria Escrivá que recordam o sentido da devoção à
Santíssima Mãe de Deus na vida pessoal de cada crente:
«Os que consideram superadas as devoções
à Santíssima Virgem dão sinais que perderam o profundo sentido cristão que encerram,
que esqueceram a fonte de onde nascem: a fé na vontade salvadora de Deus Pai, o
amor a Deus Filho que se fez realmente homem e nasceu de mulher, a confiança em
Deus Espírito Santo que nos santifica com a sua graça.
Foi Deus quem
nos deu Maria e não temos direito de rejeitá-la, mas sim temos de acudir a ela
com amor e com alegria de filhos» [9].
xii epílogo
Ao longo destas páginas tratámos de
descobrir o sentido das relações de Deus com o homem e do homem com Deus e,
mais concretamente, com Deus Pai, Filho e Espírito Santo que nosso Senhor Jesus
Cristo nos revelou.
O que é ser cristão?
Como ser cristão?
Pretendemos dar resposta a essas perguntas e fechamos o livro com a
esperança que o leitor tenha feito suas essas duas questões e, se todavia não
lhe foi dada uma resposta pessoal, se tenham de tal modo gravado no seu
espírito que já não ceda o empenho.
As perguntas e as respostas referem-se
ao núcleo central e constitutivo da realidade cristã.
Núcleo que na
sua essência é idêntico para todos os crentes em Cristo Jesus, para todos os
filhos de Deus em Cristo, independentemente das suas qualidades pessoais,
vocacionais, culturais, sociais, profissionais, civis, etc.
Sacerdotes religiosos, leigos, casados,
solteiros, homens e mulheres, monjas e mães de família constituem-se como
cristãos se vivem a realidade de ser cristão que quisemos expressar ao longo destas
páginas.
Cada um
fá-lo-á à sua maneira, com uma variedade de matizes que pode ser tão ampla como
seres humanos há no mundo.
As diferentes
e múltiplas «espiritualidades» na sua grande diversidade e riqueza, em suma,
reflexo da grandeza de Deus, têm como fundamento a realidade que pretendemos
manifestar.
Vimos que as relações entre Deus e os
homens começam sempre em e a partir de Deus.
A vida com
Deus é um dom que desde Deus Pai, Filho e Espírito Santo chega até ao homem.
Em nenhum
momento surge da terra e chega a Deus. «Amamos a Deus porque antes Deus nos
amou a nós» [10].
E ao dizer
«amamos» queremos também acrescentar um certo conhecimento do Ser amado que
também nos vem de Deus, por iniciativa de Deus que se nos dá a conhecer na
Criação, em Cristo Redentor, no Espírito Santo Santificador.
Descoberta a grandeza da Criação e a
realidade de ser criaturas, filhos de Deus, livres e em liberdade, conhecemos
também a realidade do pecado.
O pôr em
prática a capacidade do homem de rejeitar os planos de Deus.
E, ao mesmo tempo, apreciámos que o mais
importante da redenção não é a libertação do pecado.
Esse passo
entende-se na sua plenitude e na sua grandeza porque nos tira obstáculo que nos
impede de desenvolver em toda a magnanimidade a condição de «filhos de Deus em
Cristo» que recebemos com a Graça e, na Graça e com a Graça poder descobrir o
Amor que Deus nos tem e gozarmos nesse amor.
E inclusive, e com anterioridade vital,
descobrir o «ser que somos» e desenvolver todas as sementes da vida que Deus
nos doou no «nosso ser», para que ao retirar-lhes toda a riqueza escondida que
contêm, descubramos realmente o «ser que somos», cheguemos a ser de certo modo
«a ser o que somos».
«Vede que amor o Pai nos teve para nos
chamar filhos de Deus, pois, o somos!
O mundo não
nos conhece porque não o conheceu a Ele.
Queridos,
agora somos filhos de Deus e ainda não se manifestou o que seremos.
Sabemos que,
quando se manifeste, seremos semelhantes a Ele porque o veremos tal qual é» [11].
Toda a obra de Deus: Criação, Redenção,
santificação tende a um único fim: descobrir e viver o gozo de Deus no pleno
desenvolvimento dos homens como verdadeiros «filhos de Deus em Cristo Jesus»,
em amar-nos e deixar assim expedito o caminho para que «Deus seja tudo em todas
as coisas» [12].
Daí a necessidade de nos convertermos e
que toda avida do cristão seja uma conversão constante nunca totalmente
concluída, que não se desenvolve somente no campo da moral, do obrar, mas no
ser, no campo da entidade do ser humano: «é Cristo quem vive em mim».
Conversão
fruto da acção da Graça em nós.
Graça que
jamais deixa de actuar no nosso espírito, se não lhe pusermos obstáculo, até
que toda a massa esteja fermentada.
Conversão à Fé, à Esperança e à
Caridade.
«O justo vive
da fé» [13].
E, no final, Cristo viverá verdadeiramente em nós.
(cont)
ernesto juliá, La belleza de ser cristiano, trad. ama)
[1]
joão paulo ii, Ecclesia de Eucharistia, n. 55
[2]
hans urs von baltasar, María, Iglesia naciente, Encuentro,
Madrid 1999, p. 81
[3]
Jo 2, 5
[4]
são josemaria escrivá, Cristo que passa, n. 143
[5]
1 Cor 15, 28
[6]
Jr 3, 17
[7]
Is 60, 1-6
[8]
Is, 66, 10
[9]
são josemaria escrivá, Cristo que passa, n. 142
[10]
Cfr. 1 Jo 4, 10
[11]
1 Jo 3, 1-2
[12]
1 Cor 15, 28
[13]
Rom 1, 17
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