Tempo comum IX Semana
Visitação
de Nossa Senhora
Evangelho:
Mt 28 16-20
16 Os onze discípulos partiram para a Galileia, para o monte que Jesus
lhes tinha indicado. 17 Quando O viram, adoraram-n'O; alguns, porém,
duvidaram. 18 Jesus, aproximando-Se, falou-lhes assim: «Foi-Me dado
todo o poder no céu e na terra. 19 Ide, pois, ensinai todas as
gentes, baptizando-as em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo, 20
ensinando-as a cumprir todas as coisas que vos mandei. Eu estarei convosco
todos os dias até ao fim do mundo».
Comentário:
Na religião católica os sinais são importantes para ajudar
os crentes.
Por isso vemos nos Evangelhos tantos a pedirem a Jesus que lhes dê sinais que os conduzam a acreditarem nele.
A Ascensão é um sinal que marca o fim da vida terrena do Senhor e nós compreendemos que "subir aos céus ou descer aos infernos" são meras imagens já que a nossa fé assegurando que ambos existem, nos confirma, ao mesmo tempo, que Jesus Cristo não "parte nem chega" porque ESTÁ!
(ama, comentário
sobre Mt 28, 16-20 2014.06.01)
Leitura espiritual
a beleza de
ser cristão
SEGUNDA PARTE
COMO SER CRISTÃOS
II A ORAÇÃO
características gerais da oração
…/7
implantação da oração na alma
Nestas linhas estão resumidos os
obstáculos mais frequentes para que o anseio de comunicar com Deus encontre
caminho expedito na alma: um desejo de um certo sensualismo na oração, o desalento
ante a aparente carência de resultados claros: por exemplo não viver a mudança
radical que se procurava, etc.
A sensação da
inutilidade do tempo dedicado à oração porque em vez de nos concentrar-mos no
Senhor nos assaltam uma grande variedade de imagens, recordações, etc., que nos
distraem continuamente do objectivo que nos propusemos.
A isto
acrescenta-se por vezes uma profunda sensação de secura como se o elevar o
coração a Deus naõ só não nos dissesse nada e de até estar vivendo uma certa
hipocrisia da nossa parte.
Não devemos esquecer que o único
obstáculo real da oração é abandoná-la, é deixar de procurar esse trato pessoal
com Deus.
Entende-se
portanto que tenhamos prestado esta atenção à oração filial do cristão: é o
sinal claro de querer viver com Cristo, em Cristo, por Cristo, de querer
participar nos planos da criação, da redenção, da santificação, é o caminho
pelo qual podem sempre transcorrer as três expressões definitivas do viver
cristão: a Fé, a Esperança, a Caridade.
Sem oração a
vida pessoal cristão é impossível.
***
De tudo o que assinalámos a propósito da
oração podemos reafirmar em dizer que ao orar elevamos o coração a Deus Pai,
movidos pelo Espírito Santo que clama no nosso espírito «Abba Pater!» e sempre
em união com Cristo, Deus Filho.
Em suma não parece demasiado ousado
afirmar que ao viver em oração o cristão introduz-se na Trindade e vive a
oração no seio da Santíssima Trindade.
A oração do homem a Deus forma parte da
conversação divina entre Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo.
Se bem entendemos essa realidade da
conversação do homem com Deus, de Deus com o homem, também compreenderemos a força
transformadora da oração que torna possíveis as sucessivas conversações que têm
lugar na vida do cristão até chegar a ser consciente da realidade que São Paulo
assinala e que já recordámos: «Vivo, mas já não sou eu que vivo mas Cristo que
vive em mim» [1].
«Seguir Cristo não significa que o homem
imite Jesus.
Esse intento
como anacronismo que é, fracassaria necessariamente.
O seguimento
de Cristo tem uma meta mais elevada: identificar-se com Cristo, quer dizer,
chegar à união com Deus» [2].
Por outras palavras:
Viver a
Humanidade Santíssima de Jesus Cristo é o caminho do cristão para chegar ao
Pai, movido e impulsionado pelo Espírito Santo.
Viver a
Humanidade de Cristo é, definitivamente, desenvolver a vida de Cristo em nós,
ser filhos de Deus em Cristo e chegar à união com Deus Pai, vivendo toda a
nossa vida «com Cristo, em Cristo e por Cristo».
III a eucaristia
Esta é a meta da vida do cristão: chegar
a alcançar a «maturidade» em Cristo que também o Apóstolo nos recorda: «até que
cheguemos todos à unidade da Fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus, ao
estado de homem perfeito, à maturidade da plenitude de Cristo» [3].
Esta conversação a Cristo e em Cristo
para ser «o próprio Cristo» e poder viver sempre com Ele eleva-se ao cume de
forma muito particular e plena no encontro do cristão com Cristo na celebração
da Santa Missa, da Eucaristia.
Porquê?, como é isto possível?
Com a oração abrimos o nosso espírito às
luzes que Deus nos dá que o Espírito Santo torna eficazes facilitando o
germinar da Graça recebida nos sacramentos.
A Eucaristia enquanto é participação
activa do cristão na vida, morte e ressurreição de Cristo é o caminho para uma
«identificação com Cristo em espírito e em verdade», que fica referendada com a
recepção da Comunhão: um encontro pessoal com Jesus Cristo ressuscitado que vem
a nós para fazer morada em nós, porque, com as nossas disposições e talvez
também com as nossas palavras, lhe tenhamos pedido: «fica connosco».
«De per si o sacrifício eucarístico
orienta-se à união íntima de nós, os fiéis, com Cristo mediante a comunhão» [4].
Esse «encontro» mantido vivo com a nossa
resposta livre ao amor de Deus, torna possível que um dia a alma cristã possa
dizer em humildade e em agradecimento que vive «em Cristo, por Cristo, com
Cristo».
****
Feitas estas afirmações sobre a
Eucaristia é necessário esclarecer que não vamos fazer um estudo teológico
sobre a sua realidade de ser sacrifício de Cristo nem do seu ser sacramento,
alimento de Graça e tampouco os efeitos especiais que a Comunhão gera na alma.
Com o olhar colocado no desenvolvimento
do viver cristão, um viver sempre como filhos de Deus com Cristo e em Cristo,
centrar-nos-emos no aspecto da união com Cristo que a Eucaristia comporta que
torna possível que o cristão chegue a viver todas as suas acções em união, em
comunhão com Cristo.
E que, alimentando-se
do Corpo e do Sangue de Cristo na Comunhão possa um dia dizer com o Senhor: «o
meu alimento é fazer a vontade daquele que me enviou e completar a sua obra» [5].
O Catecismo recorda:
«A Missa é ao
mesmo tempo e inseparavelmente o memorial sacrificial em que se perpétua o
sacrifício da cruz e o banquete sagrado da comunhão no Corpo e no Sangue do
Senhor. Mas a celebração do sacrifício eucarístico está totalmente orientada
para a união íntima dos fiéis com Cristo por meio da comunhão. Comungar é receber
o próprio Cristo que se oferece por nós» [6].
(cont)
ernesto juliá, La belleza de ser cristiano, trad. ama)
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