15/03/2015

O que há de humano no tempo pós-humano que se está a forjar? 3

Perspectiva
O que ocorre é uma tremenda aceleração das capacidades da inteligência artificial que, apoiada na biotecnologia, nos transportará, em poucos anos, para uma nova realidade, a que só alguns poucos têm acesso. A velocidade de cálculo dos semicondutores evoluirá de tal modo que atingirá em breve um momento em que a máquina ultrapassará o homem. Os 90 mil milhões de neurónios humanos serão uma insignificância face aos computadores superinteligentes; mais ou menos como a medusa (800 neurónios) é hoje para o ser humano...
Para uns, o destino está traçado e o ser humano criará outros seres mais inteligentes que ele e desaparecerá. Para outros, haverá uma combinação entre homem e máquinas e aquele poderá prestar bons serviços a estas e estas poderão apoiar imenso a capacidade de memória daquele (além de o poderem livrar de doenças, da fome e... da morte).

O momento em que a máquina vai ultrapassar o ser humano já tem o nome: “Singularidade”; outros chamam-lhe “explosão de inteligência”, pois ocorrerá quando as máquinas conseguirem reprogramarem-se para aumentarem por si mesmas, infinitamente, as suas capacidades.

A Net está dominada por grandes monopólios que buscam vencer a morte, trazendo a imortalidade para a ordem do dia. Como referia recentemente o "Le Monde" (que sigo para estas observações técnicas), se hoje o desenvolvimento da robotização e da inteligência artificial depende de quem as controla, o problema pode mudar substancialmente se e quando elas não se deixarem controlar.

(cont)

joaquim azevedo

Universidade Católica Portuguesa, Secretariado Diocesano da Pastoral da Cultura (Porto) 

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