21/02/2015

Evangelho L espirit. (Santíssima Virgem)

Tempo de Cinzas

São Pedro Damião – Doutor da Igreja

Evangelho: Lc 5 27-32

27 Depois disto, Jesus saiu, e viu sentado no banco de cobrança um publicano, chamado Levi, e disse-lhe: «Segue-Me». 28 Ele, deixando tudo, levantou-se e seguiu-O. 29 E Levi ofereceu-Lhe um grande banquete em sua casa, e havia grande número de publicanos e outros, que estavam à mesa com eles. 30 Os fariseus e os seus escribas murmuravam dizendo aos discípulos de Jesus: «Porque comeis e bebeis com os publicanos e os pecadores?». 31 Jesus respondeu-lhes: «Os sãos não têm necessidade de médico, mas sim os doentes. 32 Não vim chamar os justos, mas os pecadores à penitência».

Comentário

Podemos dizer que este trecho do Evangelho é muito apropriado para este início da Quaresma: «Os sãos não têm necessidade de médico, mas sim os doentes. Não vim chamar os justos, mas os pecadores à penitência».

Quem de nós ousará considerar-se “justo” que quer dizer: Santo?

Então… o caminho para a santidade que apresenta sempre dificuldades e obstáculos, avanços e retrocessos e, talvez, quedas frequentes, tem de ser pontuado pela penitência voluntária atitude muito útil para os vencer e as evitar.

(ama, comentário sobre Lc 5, 27-32, 2014.03.08)


Leitura espiritual



Santíssima Virgem
Vida de Maria (IX)

A adoração dos Magos

A Sagrada Família regressou a Belém. As palavras do velho Simeão ressoavam nos ouvidos de Maria e de José. À memória da Virgem viriam os textos de alguns profetas que, falando do Messias, seu Filho, afirmam que não só seria Rei de Israel, mas receberia as honras de todos os povos da terra. Isaías já o tinha anunciado com particular eloquência: À tua luz caminharão os povos e os reis andarão ao brilho do teu esplendor. Lança um olhar em volta e observa: todos se reuniram e vieram procurar-te (...). Uma grande multidão de camelos te invade, camelos de Madiã e Efa; vêm todos de Sabá, trazendo ouro e incenso e anunciando os louvores de Javé[1].

Entretanto, o tempo decorria na mais absoluta normalidade. Nada fazia pressagiar qualquer acontecimento fora do comum. Até que um dia aconteceu algo extraordinário.

Tendo nascido Jesus em Belém de Judá, no tempo do rei Herodes, eis que uns Magos vieram do Oriente a Jerusalém, perguntando: Onde está o Rei dos judeus que acaba de nascer? Porque nós vimos a Sua estrela no Oriente e viemos adorá-l’O[2]. São Mateus anota que, ao ouvir essa pergunta, o rei Herodes perturbou-se e toda a Jerusalém com ele[3].
Sabemos muito pouco sobre estas personagens. De qualquer forma, o texto evangélico oferece algumas certezas: tratava-se de uns viajantes procedentes do Oriente, onde tinham descoberto uma estrela de extraordinário fulgor, que os impeliu a deixar as suas casas e partir em busca do Rei dos judeus. Tudo o resto — o seu número, o país de origem, a natureza da luz celestial, o caminho que seguiram — não passa de mera conjectura, mais ou menos fundada.
A tradição ocidental fala de três personagens, a quem inclusive dá um nome — Melchior, Gaspar e Baltasar — enquanto outras tradições cristãs elevam o seu número para sete e até para doze. O facto de que procedessem do Oriente aponta para as longínquas regiões de além Jordão: o deserto siro-árabe, Mesopotâmia, Pérsia. A favor da origem persa pesa um episódio historicamente comprovado. Quando, nos princípios do século VII, o rei persa Cosroes II invadiu a Palestina, destruiu as basílicas que a piedade cristã tinha edificado em memória do Salvador, excepto uma: a Basílica da Natividade, em Belém. E isto por uma simples razão: na sua entrada figurava a representação de uns personagens vestidos com indumentária persa, numa atitude de prestar homenagem a Jesus nos braços de Sua Mãe.

OS CORAÇÕES DE MARIA E DE JOSÉ DEVEM TER-SE ENCHIDO DE ALEGRIA E GRATIDÃO. ALEGRIA PORQUE OS ANÚNCIOS PROFÉTICOS SOBRE JESUS COMEÇAVAM A CUMPRIR-SE.

A palavra magos, com que os designa o Evangelho, não tem nada que ver com o que hoje em dia se entende por esse nome. Não eram pessoas dadas à magia, mas homens cultos, muito provavelmente pertencentes a uma casta de estudiosos dos fenómenos celestes, discípulos de Zoroastro, já conhecidos por numerosos autores da Grécia clássica. Por outro lado, é um facto comprovado que a expectativa messiânica de Israel era conhecida nas regiões orientais do Império Romano e inclusive na própria Roma. Não é estranho, pois, que alguns sábios pertencentes à casta dos magos, ao descobrir um astro de extraordinário fulgor, o tivessem interpretado — iluminados interiormente por Deus — como um sinal do nascimento do esperado Rei dos Judeus.

Embora a piedade popular una, de modo quase imediato, o nascimento de Jesus com a chegada dos Magos à Palestina, não se conhece com precisão a época em que teve lugar; sabemos, sim, que Herodes, sentindo-se ameaçado, inquiriu deles cuidadosamente, acerca do tempo em que lhes tinha aparecido a estrela[4]. Depois perguntou aos doutores da Lei pelo lugar de nascimento do Messias e os escribas responderam citando o profeta Miqueias: e tu, Belém, terra de Judá, de modo algum és a menor entre as principais cidades de Judá; porque de ti sairá um chefe que apascentará Israel, Meu povo[5]. Usando uma mentira, Herodes pôs os Magos a caminho de Belém: ide, informai-vos bem acerca do Menino, e, quando O encontrardes, comunicai-mo, a fim de que também eu O vá adorar[6]. O seu propósito era bem diverso, pois propunha-se assassinar todos os meninos nascidos na cidade e na sua comarca, menores de dois anos, para assim se assegurar da morte daquele que — segundo o seu curto entender — lhe vinha disputar o trono. Deduz-se destes dados que a chegada dos Magos ocorreu algum tempo após o nascimento de Jesus; talvez um ano ou ano e meio.
Depois de receberem essa informação os Magos dirigiram-se apressadamente para Belém, cheios de alegria ao ver reaparecer a estrela, que tinha desaparecido misteriosamente em Jerusalém. Este mesmo facto advoga em favor da suposição de que o astro que os guiava não era um fenómeno natural — um cometa, uma conjunção, etc., como se procurou muitas vezes demonstrar — mas um sinal sobrenatural dado por Deus a esses homens escolhidos, e só a eles.

Mal saíram de Jerusalém — prossegue São Mateus — a estrela que tinham visto no Oriente ia adiante deles, até que chegando ao local onde estava o Menino, parou. Entraram na casa, viram o Menino com Maria, Sua mãe e prostrando-se O adoraram; e abrindo os seus tesouros ofereceram-Lhe presentes de ouro, incenso e mirra[7].
Os corações de Maria e de José devem ter-se enchido de alegria e gratidão. Alegria porque os anúncios proféticos sobre Jesus começavam a cumprir-se; agradecimento porque os presentes daqueles homens generosos — predecessores na fé dos cristãos procedentes dos gentios — possivelmente, contribuíram para aliviar uma situação económica precária. José e Maria não puderam corresponder à sua generosidade. Eles, no entanto, consideraram-se suficientemente recompensados pelo olhar e o sorriso de Jesus, que iluminou de novo as suas almas e pelas doces palavras de agradecimento de Sua Mãe, Maria. [8]

***
Consideremos por momentos este extraordinário episódio ocorrido nos primeiros dias de vida de Jesus Cristo.
Quem são estes personagens tradicionalmente chamados “Magos” que se apressam em vir prestar a sua homenagem e oferecer presentes valiosos ao Menino?

Não se sabe exactamente quem são ou donde vieram.
Os textos sagrados falam vagamente que seriam pessoas de categoria social relevante, talvez dedicados ao estudo e à pesquisa dos astros. Podemos inferi-lo porque, obviamente conhecem as Escrituras e o que nelas se dizia dos sinais que haveriam de surgir quando do nascimento do Salvador e, também, porque detectam nos céus um desses sinais – a Estrela cintilante rara – que identificam como guia seguro para os levar ao seu destino.
A longa distância que têm de percorrer não é obstáculo, a identificação do local onde encontrariam o objecto da sua busca, tão pouco. Visto e avaliado o sinal nada os faz desistir nem sequer a matreira actuação de Herodes.

Encontrar Cristo é tarefa difícil quando não se sabe onde está nem se conhece o caminho para O encontrar. Há que pôr os meios disponíveis e tentar com perseverança, vencendo os obstáculos que sempre se levantam no caminho, sejam quais forem.
A alegria do encontro finalmente conseguido “pagará” todo o esforço e incómodos da busca.

Não temos – nós – que fazer tão grandes esforços para O encontrar, bastará seguir os sinais tão evidentes e claros que de tantas formas nos vão aparecendo ao longo da vida; temos, isso sim, de estar atentos a esses sinais e ter o coração limpo de preconceitos e disponível; com rectidão de intenção e o sincero desejo de encontrar o Senhor do Mundo.
Não nos preocupemos com os “presentes”, Ele não espera de nós outra coisa que nós mesmos de lama e coração dispostos a segui-lo e, seguindo-o, encontrarmos a verdadeira finalidade da nossa vida: assumir a nossa qualidade ímpar de Filhos de Deus, candidatos à Vida Eterna no Seu Reino.
Não importa se somos tão “importantes” como os Magos do oriente ou tão “simples" como os pastores de Belém; somos o que somos e não o que pretendemos – ou talvez gostássemos – ser.

O Senhor conhece-nos a todos e a cada um em particular com todas as nossas capacidades, fraquezas e desejos e o “presente” que espera de nós é que nos entreguemos confiadamente certos que a Sua “paga” será incomensuravelmente maior que quanto possamos oferecer-lhe.

O Menino abre os Seus braços a todos os homens porque veio salvar e redimir a todos dando a própria vida na Cruz. Desde o Seu berço está disponível para nos acolher e guiar como “Luz do Mundo” que ilumina mais – muito mais – que qualquer estrela.

Este Menino que parece inerme e indefeso face a um mundo de controvérsias, lutas fratricidas, vencerá sempre porque Ele é o Rei dos Reis, tem todo o Poder e Glória para todo o sempre.

Vamos a Belém com o coração nas mãos, aberto e disposto a receber a “chuva” de graças e bênçãos que com magnanimidade divina está pronto a conceder-nos.
A Seu lado estará a Sua Santíssima Mãe, enlevada na contemplação do seu Filho e “encantada” com a nossa presença que – podemos estar certos - nunca esquecerá porque, como dizem os Evangelhos, “guarda todas estas coisas no seu coração” e, uma Mãe como Ela é jamais esquece os seus filhos.[9]





[1] Is 60, 3-6
[2] Mt 2, 1-2
[3] Mt 2, 3
[4] Mt 2, 7
[5] Mt 2, 6
[6] Mt 2, 8
[7] Mt 2, 9-11
[8] j.a. loarte
[9] ama, reflexão sobre os Magos.

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