Evangelho: Mc 8 11-13
11
Apareceram os fariseus, e começaram a discutir com Ele, pedindo-Lhe, para O
tentarem, um sinal do céu. 12 Porém, Jesus, suspirando
profundamente, disse: «Porque pede esta geração um sinal? Em verdade vos digo
que a esta geração não será dado sinal algum». 13 Depois,
deixando-os, entrou novamente na barca e passou à outra margem.
Comentário:
Há quem nunca esteja satisfeito com os “sinais” que
Nosso Senhor envia aos homens de forma tão abundante e continuamente.
Ou então – e esta será a principal razão – não se
apercebem deles as suas muitas ocupações e prioridades não deixam lugar ou
disponibilidade para os ver, ouvir e entender.
Há que ter o coração limpo e desprendido para se estar
bem disposto para tal.
(ama,
comentário sobre Mc 8 11-13, Malta, 2015.01.26)
Leitura espiritual
Santíssima Virgem
Vida
de Maria (V)
O
diálogo mais importante da história teve lugar no interior de uma casa pobre de
Nazaré. Os seus protagonistas são o próprio Deus, que se serve do ministério de
um Arcanjo e uma Virgem chamada Maria, da casa de David, desposada com um
artesão de nome José.
Muito
provavelmente Maria encontrava-se recolhida em oração, talvez meditando alguma
passagem da Sagrada Escritura referente à salvação prometida pelo Senhor. É
assim que a mostra a arte cristã, que se inspirou nessa cena para compor as
melhores representações da Virgem. Ou talvez estivesse ocupada nos trabalhos da
casa e, nesse caso, também se encontraria absorvida em oração: tudo n’Ela era
ocasião e motivo para manter um diálogo constante com Deus.
—
Salve, ó cheia de graça, o Senhor é contigo (Lc 1, 28).
Ao
ouvir estas palavras, Maria perturbou-se e discorria pensativa que saudação
seria esta (Lc 1, 29). Fica confusa, não tanto pela aparição do anjo, mas pelas
suas palavras. Sobressaltada, questiona-se sobre o motivo de tais louvores.
Perturba-se porque, na sua humildade, sente-se pouca coisa. Boa conhecedora da
Escritura, dá-se imediatamente conta de que o mensageiro celestial lhe está a
transmitir uma mensagem inaudita. Quem é Ela para merecer esses elogios? O que
é que fez na sua breve existência? Certamente deseja servir a Deus com todo o seu
coração e com toda a sua alma; mas vê-se muito longe daquelas façanhas que
valeram louvores a Débora, a Judite, a Ester, mulheres muito exaltadas na
Bíblia. No entanto, compreende que a embaixada divina é para Ela. Ave, gratia
plena!
"NÃO
HÁ NA SUA RESPOSTA A MÍNIMA SOMBRA DE DÚVIDA OU DE INCREDULIDADE; SIM, DESDE A
SUA MAIS TENRA INFÂNCIA, SÓ ANSIAVA POR CUMPRIR A VONTADE DIVINA!"
Neste
primeiro momento, Gabriel dirige-se a Maria dando-lhe um nome — a cheia de
graça — que explica a profunda perturbação de Nossa Senhora. São Lucas utiliza
um verbo que, em língua grega, indica que a Virgem de Nazaré estava
completamente transformada, santificada pela graça de Deus. Como posteriormente
definiria a Igreja, isto tinha ocorrido no primeiro momento da sua concepção,
em consideração da missão que havia de cumprir: ser Mãe de Deus na Sua natureza
humana, permanecendo ao mesmo tempo Virgem.
O
Arcanjo apercebe-se do sobressalto da Senhora e, para a tranquilizar, dirige-se
a Ela chamando-a — agora sim — pelo seu próprio nome e explicando-lhe as razões
dessa saudação excepcional.
—
Não temas, Maria, pois achaste graça diante de Deus; eis que conceberás no teu
ventre e darás à luz um filho, a Quem porás o nome de Jesus. Será grande e será
chamado Filho do Altíssimo e o Senhor Deus Lhe dará o trono de Seu pai David;
reinará sobre a casa de Jacob eternamente e o Seu reino não terá fim (Lc 1,
30-33).
"NÃO
SE LIMITA A UM GENÉRICO DAR LICENÇA, MAS PRONUNCIA UM SIM — FIAT! — NO QUAL
ENVOLVE TODA A SUA ALMA E TODO O SEU CORAÇÃO".
Maria,
que conhece bem as profecias messiânicas e as meditou muitas vezes, compreende
que será a Mãe do Messias. Não há na sua resposta a mínima sombra de dúvida ou
de incredulidade; sim, desde a sua mais tenra infância, só ansiava por cumprir a
Vontade divina! Mas deseja saber como se realizará esse prodígio, pois,
inspirada pelo Espírito Santo, tinha decidido entregar-se a Deus em virgindade
de coração, de corpo e de mente.
São
Gabriel comunica-lhe então o modo diviníssimo em que maternidade e virgindade
se conciliarão no seu seio.
—
O Espírito Santo descerá sobre ti e o poder do Altíssimo te cobrirá com a Sua
sombra; por isso mesmo o Santo que há-de nascer de ti será chamado Filho de
Deus. Eis que também Isabel, tua parenta, concebeu um filho na sua velhice; e
este é o sexto mês da que se dizia estéril, porque a Deus nada é impossível (Lc
1, 35-37):
O
anjo cala-se. Um grande silêncio se apodera do céu e da terra, enquanto Maria
medita no seu coração a resposta que vai dar ao mensageiro divino. Tudo depende
dos lábios desta Virgem: a Encarnação do Filho de Deus, a salvação da
humanidade inteira.
Maria
não demora. E, ao responder ao convite do Céu, fá-lo com toda a energia da sua
vontade. Não se limita a um genérico dar licença, mas pronuncia um sim — fiat!
— no qual envolve toda a sua alma e todo o seu coração, aderindo plenamente à
Vontade de Deus: Eis aqui a escrava do Senhor, faça-se em mim segundo a tua
palavra (Lc 1, 38).
E
o Verbo se fez carne e habitou entre nós (Jo 1, 14). Ao contemplar uma vez mais
este mistério da humildade de Deus e a humildade da criatura, irrompemos numa
exclamação de gratidão que gostaríamos que não terminasse nunca: «Ó Mãe, Mãe!
com essa tua palavra — "fiat" — tornaste-nos irmãos de Deus e
herdeiros da Sua glória. — Bendita sejas!» (Caminho, n. 512).
J.A.
Loarte
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