16/02/2015

Evangelho, comt. L esp. (Vida de Maria I)

Tempo Comum VI Semana

Evangelho: Mc 8 11-13

11 Apareceram os fariseus, e começaram a discutir com Ele, pedindo-Lhe, para O tentarem, um sinal do céu. 12 Porém, Jesus, suspirando profundamente, disse: «Porque pede esta geração um sinal? Em verdade vos digo que a esta geração não será dado sinal algum». 13 Depois, deixando-os, entrou novamente na barca e passou à outra margem.

Comentário

Há quem nunca esteja satisfeito com os “sinais” que Nosso Senhor envia aos homens de forma tão abundante e continuamente.
Ou então – e esta será a principal razão – não se apercebem deles as suas muitas ocupações e prioridades não deixam lugar ou disponibilidade para os ver, ouvir e entender.
Há que ter o coração limpo e desprendido para se estar bem disposto para tal.

(ama, comentário sobre Mc 8 11-13, Malta, 2015.01.26)

Leitura espiritual


Santíssima Virgem

Vida de Maria (V)


O diálogo mais importante da história teve lugar no interior de uma casa pobre de Nazaré. Os seus protagonistas são o próprio Deus, que se serve do ministério de um Arcanjo e uma Virgem chamada Maria, da casa de David, desposada com um artesão de nome José.

Muito provavelmente Maria encontrava-se recolhida em oração, talvez meditando alguma passagem da Sagrada Escritura referente à salvação prometida pelo Senhor. É assim que a mostra a arte cristã, que se inspirou nessa cena para compor as melhores representações da Virgem. Ou talvez estivesse ocupada nos trabalhos da casa e, nesse caso, também se encontraria absorvida em oração: tudo n’Ela era ocasião e motivo para manter um diálogo constante com Deus.

— Salve, ó cheia de graça, o Senhor é contigo (Lc 1, 28).

Ao ouvir estas palavras, Maria perturbou-se e discorria pensativa que saudação seria esta (Lc 1, 29). Fica confusa, não tanto pela aparição do anjo, mas pelas suas palavras. Sobressaltada, questiona-se sobre o motivo de tais louvores. Perturba-se porque, na sua humildade, sente-se pouca coisa. Boa conhecedora da Escritura, dá-se imediatamente conta de que o mensageiro celestial lhe está a transmitir uma mensagem inaudita. Quem é Ela para merecer esses elogios? O que é que fez na sua breve existência? Certamente deseja servir a Deus com todo o seu coração e com toda a sua alma; mas vê-se muito longe daquelas façanhas que valeram louvores a Débora, a Judite, a Ester, mulheres muito exaltadas na Bíblia. No entanto, compreende que a embaixada divina é para Ela. Ave, gratia plena!

"NÃO HÁ NA SUA RESPOSTA A MÍNIMA SOMBRA DE DÚVIDA OU DE INCREDULIDADE; SIM, DESDE A SUA MAIS TENRA INFÂNCIA, SÓ ANSIAVA POR CUMPRIR A VONTADE DIVINA!"

Neste primeiro momento, Gabriel dirige-se a Maria dando-lhe um nome — a cheia de graça — que explica a profunda perturbação de Nossa Senhora. São Lucas utiliza um verbo que, em língua grega, indica que a Virgem de Nazaré estava completamente transformada, santificada pela graça de Deus. Como posteriormente definiria a Igreja, isto tinha ocorrido no primeiro momento da sua concepção, em consideração da missão que havia de cumprir: ser Mãe de Deus na Sua natureza humana, permanecendo ao mesmo tempo Virgem.

O Arcanjo apercebe-se do sobressalto da Senhora e, para a tranquilizar, dirige-se a Ela chamando-a — agora sim — pelo seu próprio nome e explicando-lhe as razões dessa saudação excepcional.

— Não temas, Maria, pois achaste graça diante de Deus; eis que conceberás no teu ventre e darás à luz um filho, a Quem porás o nome de Jesus. Será grande e será chamado Filho do Altíssimo e o Senhor Deus Lhe dará o trono de Seu pai David; reinará sobre a casa de Jacob eternamente e o Seu reino não terá fim (Lc 1, 30-33).

"NÃO SE LIMITA A UM GENÉRICO DAR LICENÇA, MAS PRONUNCIA UM SIM — FIAT! — NO QUAL ENVOLVE TODA A SUA ALMA E TODO O SEU CORAÇÃO".

Maria, que conhece bem as profecias messiânicas e as meditou muitas vezes, compreende que será a Mãe do Messias. Não há na sua resposta a mínima sombra de dúvida ou de incredulidade; sim, desde a sua mais tenra infância, só ansiava por cumprir a Vontade divina! Mas deseja saber como se realizará esse prodígio, pois, inspirada pelo Espírito Santo, tinha decidido entregar-se a Deus em virgindade de coração, de corpo e de mente.

São Gabriel comunica-lhe então o modo diviníssimo em que maternidade e virgindade se conciliarão no seu seio.

— O Espírito Santo descerá sobre ti e o poder do Altíssimo te cobrirá com a Sua sombra; por isso mesmo o Santo que há-de nascer de ti será chamado Filho de Deus. Eis que também Isabel, tua parenta, concebeu um filho na sua velhice; e este é o sexto mês da que se dizia estéril, porque a Deus nada é impossível (Lc 1, 35-37):

O anjo cala-se. Um grande silêncio se apodera do céu e da terra, enquanto Maria medita no seu coração a resposta que vai dar ao mensageiro divino. Tudo depende dos lábios desta Virgem: a Encarnação do Filho de Deus, a salvação da humanidade inteira.

Maria não demora. E, ao responder ao convite do Céu, fá-lo com toda a energia da sua vontade. Não se limita a um genérico dar licença, mas pronuncia um sim — fiat! — no qual envolve toda a sua alma e todo o seu coração, aderindo plenamente à Vontade de Deus: Eis aqui a escrava do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra (Lc 1, 38).

E o Verbo se fez carne e habitou entre nós (Jo 1, 14). Ao contemplar uma vez mais este mistério da humildade de Deus e a humildade da criatura, irrompemos numa exclamação de gratidão que gostaríamos que não terminasse nunca: «Ó Mãe, Mãe! com essa tua palavra — "fiat" — tornaste-nos irmãos de Deus e herdeiros da Sua glória. — Bendita sejas!» (Caminho, n. 512).


J.A. Loarte

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