I.
INTRODUÇÃO
No debate sobre o celibato
dos ministros da Igreja Católica, que regressa de novo e que se tem
intensificado nos últimos tempos, encontramos as mais variadas opiniões,
especialmente no que se refere à sua origem e desenvolvimento na Igreja
Ocidental e Oriental. Essas opiniões vão desde a convicção de sua origem divina
até da que se trata – especialmente no caso da disciplina, mais restrita, da
Igreja latina – de uma mera instituição eclesiástica. Da disciplina da Igreja
Latina, afirma-se frequentemente que a obrigatoriedade do celibato só poderia
ser constatada desde o século IV em diante; para outros, ela foi adotada no
início do segundo milénio, concretamente a partir do II Concilio de Latrão em
1139.
Essas opiniões tão
distantes entre si e as razões e as premissas que se alegam para sustentá-las,
permitem constatar a existência de uma significativa imprecisão no conhecimento
dos factos e das disciplinas eclesiásticas a esse respeito, e ainda mais sobre
os motivos do celibato eclesiástico. Esta imprecisão é verificada inclusive em
algumas declarações no ambiente eclesiástico, alto ou baixo.
Parece, pois, necessário
para alcançar um conhecimento seguro desta tão criticada Instituição,
esclarecer os factos e as disposições da Igreja, desde o início até hoje, e
analisar os seus fundamentos teológicos. É evidente que este objectivo, se
quisermos que a nossa exposição tenha validade científica, só será alcançado a
partir de um conhecimento actualizado das fontes e da bibliografia sobre a
questão.
Neste sentido, convém
notar que, nos últimos tempos, foram alcançados importantes resultados sobre a
história do celibato eclesiástico, no Ocidente e no Oriente. Mas tais
resultados ou ainda não entraram na consciência geral, ou são silenciados, pois
se considera que poderiam influenciar de uma forma não desejada em dita
consciência.
Esta exposição sintética
irá acompanhada de um dispositivo científico que se limita ao essencial e que
permite, junto ao controle das afirmações feitas, um eventual aprofundamento
posterior no seu conteúdo.
A descrição da evolução
histórica da questão, tanto na Igreja ocidental como na oriental, irá precedida
de uma parte na que, acima de tudo, se fará um esclarecimento do conceito de
celibato eclesiástico que está na base das obrigações que impõe, para em
seguida indicar o método exigido para chegar – em uma adequada apreciação do tema
– a conclusões seguras. A última parte será dedicada às bases ou fundamentos
teológicos do celibato, cujo desenvolvimento é cada vez mais necessário.
(cont)
(revisão da tradução
portuguesa por ama)
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