Deixei-me
vencer pelo cansaço e adormeci. Foi como se se tivesse apagado uma luz que já
bruxuleava incerta e iluminando quase nada.
O
sono veio, suave como deve ser o sono da tranquilidade e da paz na alma e no
coração. As preocupações e ansiedades não me tiram nem a paz nem a
tranquilidade o que, confesso, me espanta bastante.
Tenho
por costume pensar que tudo se resolve e que, tarde ou cedo, aparece uma
solução. Tento fugir à tentação de dar voltas de mais voltas aos assuntos,
sejam quais forem, tentando encontrar respostas, soluções, um ponto final. Sei
muito bem que, normalmente, só consigo enredar-me cada vez mais nos meus
próprios pensamentos e volto ao princípio, vezes sem conto, verificando que,
aquilo, já tinha sido visto e avaliado.
Adormecido
como estava não pude dar pela presença dele ao meu lado. Mas, de certa maneira,
sentia-o, como o sinto quase sempre, numa presença constante, atenta e
solícita, como que à espera de ordens, de sugestões, de pedidos para fazer ou
intervir nisto ou naquilo.
Já
não me espanta esta presença, mesmo quando durmo. Sei, de fonte segura, que é
uma realidade. Não o oiço sussurrar-me: ‘Deixa lá… eu resolvo isso…’, ou, ‘não
te preocupes, já tenho uma solução…’ e, o que é curioso, é que na verdade é o
que faz, resolve as coisas, encontra soluções, ou, melhor, sugere-me como devo
fazer, insinua-me as possibilidades.
É
o meu melhor amigo. Está sempre presente e nunca me pede nada, nem sequer que
lhe agradeça ou, até, que me lembre de o cumprimentar. Mas, nem, assim, com tão
“fraco” amigo, como sou, desiste ou se vai embora ou se desinteressa dos meus
assuntos.
Durmo
seguríssimo que está de vela, vigilante, atento, disponível. Não interfere
quando sonho algo que me incomoda ou faz mal, mas, tenho a certeza, é ele que
me acorda com o “pretexto” de que sinto sede ou outra coisa qualquer.
Quando
torno a adormecer o tal sonho já lá não está!
Não
é um amigo maravilhoso, o meu Anjo da Guarda?
(ama, reflexão, 2010)
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