Art.
6 — Se era conveniente que o Filho de Deus assumisse a natureza humana da raça
de Adão.
O sexto discute-se assim. — Parece que
não era conveniente que o Filho de Deus assumisse a natureza humana da raça de
Adão.
1. — Pois, diz o Apóstolo: Convinha
que nós tivéssemos segregado dos pecadores tal pontífice. Ora, mais segregado
seria dos pecadores se não assumisse a natureza humana da raça do pecador Adão.
Logo, parece que não devia ter assumido a natureza humana da estirpe de Adão.
2. Demais. — Em todo género, o
princípio é, mais nobre que o dele procedente. Se, pois, quis assumir a
natureza humana, devia tê-la assumido, antes, no próprio Adão.
3. Demais. — Os gentios eram mais
pecadores que os Judeus, como diz a Glosa do Apóstolo: Nós somos Judeus por
natureza e não pecadores dentre os gentios. Se, pois, quis assumir a natureza
humana dos pecadores, devia tê-la assumido, antes, a da raça dos gentios, que a
de Abraão, que foi justo.
Mas, em contrário, o Evangelho reduz a
geração do Senhor até a de Adão.
RESPOSTA — Diz Agostinho: Deus podia
assumir a natureza humana noutra raça que não a desse Adão, que submeteu todo o
género humano ao seu pecado. Mas, julgou melhor tirar da própria raça que tinha
sido vencida, o homem pelo qual queria vencer o inimigo do género humano, E
isto por três razões. — Primeiro, porque é próprio da justiça que satisfaça
aquele que pecou. E por isso, da natureza corrompida por Adão devia ser tirado
aquele que desse satisfação por toda a natureza. — Segundo, porque também a
maior dignidade do homem exigia que o vencedor do diabo saísse do próprio género
que foi vencido dele. — Terceiro, porque assim também se manifestaria mais o
poder de Deus, assumindo da natureza corrupta e enferma o que devia elevar a um
tão alto grau de poder e dignidade.
DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJECÇÃO.
— Cristo devia ser segregado dos pecadores quanto à culpa, que vinha delir, não
quanto à natureza, que vinha salvar, e pela qual devia fazer-se em tudo
semelhante a seus irmãos, como o Apóstolo também o diz. E nisto ainda se lhe
manifestou mais admirável a inocência, que a natureza que assumiu fosse nele de
tão grande pureza, apesar de tirada de uma massa contaminada pelo pecado.
RESPOSTA À SEGUNDA. — Como se disse,
aquele que veio tirar os pecados devia necessariamente ser segregado dos
pecadores, quanto à culpa a que Adão estava sujeito e a quem Deus o tirou do
seu pecado, como diz a Escritura. Pois, era necessário que quem vinha purificar
a todos não necessitasse de purificação, assim como em qualquer género de
movimento, o primeiro motor é imóvel relativamente a esse movimento assim como
o primeiro alterante é inalterável. Donde, não era conveniente que assumisse a
natureza humana no próprio Adão.
RESPOSTA À TERCEIRA. — Porque Cristo
devia por excelência ser segregado dos pecadores, quanto à culpa, dotado que
era da suma inocência, foi conveniente que chegássemos a Cristo partindo do primeiro
pecador, mediante alguns justos, em que prefulgissem determinados sinais da
santidade futura. E também por isso, no povo do qual Cristo devia nascer, Deus
instituiu certos sinais de santidade, que começaram em Abraão, o primeiro que
recebeu a promessa de Cristo e a circuncisão, como sinal da aliança, que devia
se consumar como diz a Escritura.
Nota:
Revisão da versão portuguesa por ama.
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