Art.
2 — Se à natureza divina convém assumir.
O segundo discute-se assim. — Parece
que à natureza divina não convém o assumir.
1 — Pois, como se disse, assumir é
como tomar para si (ad se sumere). Ora, a natureza divina não tomou para si a
natureza humana, pois, não se fez a união na natureza, mas na pessoa, como se
disse. Logo, à natureza divina não cabe assumir a natureza humana.
2. Demais. — A natureza divina é comum
às três Pessoas. Se, pois, à natureza convém o assumir, segue-se que convém às
três Pessoas. E assim, o Pai assumiu a natureza humana, como o Filho - O que é
erróneo.
3. Demais. — Assumir é agir. Ora, agir
convém à pessoa, não à natureza, que antes exprime o princípio pelo qual o
agente age. Logo, assumir não convém à natureza.
Mas, em contrário, Agostinho diz:
Aquela natureza que é sempre. gerada do Pai, isto é, que foi pela geração
eterna recebida do Pai, recebeu a nossa natureza, sem pecado.
Como dissemos, a palavra
assunção abrange duas coisas - o princípio e o termo da acção. Ora, ser
princípio da assunção convém à natureza divina em si mesma, pois, pelo seu
poder se lhe realizou a assunção. Mas, ser termo da assunção não convém a essa
natureza em si mesma, mas, em razão da Pessoa na qual a consideramos. Donde,
primária e apropriadamente, dizemos que a Pessoa assume, mas, secundariamente
podemos dizer que também a natureza assumiu a natureza à sua Pessoa. E também
deste modo dizemos que a natureza se encarnou, não por se ter convertido em
carne, mas por ter assumido a natureza da carne. Donde o dizer Damasceno. Afirmamos
que a natureza de Deus se encarnou, segundo os santos Atanásio e. Cirilo.
DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJECÇÃO.
— O pronome se é recíproco e se refere ao mesmo suposto. Ora, a natureza divina
não difere, pelo suposto, da Pessoa do Verbo. Donde, por ter a natureza do
Verbo assumido a natureza humana à sua Pessoa, dizemos que a assumiu a si. Mas,
embora o Pai assuma a natureza humana à Pessoa do Verbo, nem por isso a assume
a si, pois, não é o mesmo o suposto do Pai e do Verbo. Donde, não se pode
propriamente dizer que o Pai assume a natureza humana.
RESPOSTA À SEGUNDA. — O conveniente à
natureza humana em si mesma convém às três Pessoas, assim a bondade, a
sabedoria e atributos semelhantes. Mas assumir convém-lhe em razão da Pessoa do
Verbo, como se disse. Por isso só a essa Pessoa convém.
RESPOSTA À TERCEIRA. — Assim como em
Deus se identificam o seu ser e o princípio deste, assim também, o que faz e o
princípio da sua acção, pois, todo ser age enquanto ser. Donde, a natureza
divina é o princípio do agir de Deus e é o próprio Deus agente.
Nota:
Revisão da versão portuguesa por ama.
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