02/10/2014

Evangelho do dia, coment e Leit. esp. (Enc.In multiplicibus curis)

Tempo comum XXVI Semana

Santos Anjos da Guarda

Evangelho: Mt 18, 1-5

1 Naquela mesma ocasião aproximaram-se de Jesus os discípulos, dizendo: «Quem é o maior no Reino dos Céus?». 2 Jesus, chamando uma criança, pô-la no meio deles 3 e disse: «Na verdade vos digo que, se não vos converterdes e vos tornardes como crianças, não entrareis no Reino dos Céus. 4 Aquele, pois, que se fizer pequeno como esta criança, esse será o maior no Reino dos Céus. 5 E quem receber em Meu nome uma criança como esta, é a Mim que recebe.10 Vede, não desprezeis um só destes pequeninos, pois vos declaro que os seus anjos nos céus vêem incessantemente a face de Meu Pai que está nos céus. 12 «Que vos parece? Se alguém tiver cem ovelhas, e uma delas se extraviar, porventura não deixa as outras noventa e nove no monte, e vai em busca daquela que se extraviou? 13 E, se acontecer encontrá-la, digo-vos em verdade que se alegra mais por esta, do que pelas noventa e nove que não se extraviaram. 14 Assim, não é a vontade de vosso Pai que está nos céus que pereça um só destes pequeninos.

Comentário:

A realidade da existência dos Anjos da Guarda é para o cristão motivo de enorme alegria e agradecimento.
Alegria porque tem a seu lado um interlocutor atento e sempre disponível para estabelecer as “pontes” que necessita para chegar ao Criador;
Agradecimento pelo bem inestimável que constitui para nós e que só conheceremos completamente quando, ao nosso lado, assistir ao nosso derradeiro encontro com Deus.

(ama, comentário sobre Mt 18, 1-5; 10. 11-14, 2014.05.26)


Leitura espiritual



Documentos do Magistério

CARTA ENCÍCLICA
IN MULTIPLICIBUS CURIS
DO SUMO PONTÍFICE PAPA PIO XII
AOS VENERÁVEIS IRMÃOS
PATRIARCAS, PRIMAZES, ARCEBISPOS E BISPOS
E OUTROS ORDINÁRIOS DO LUGAR
EM PAZ E COMUNHÃO COM A SÉ APOSTÓLICA

PEDEM-SE NOVAMENTE ORAÇÕES PÚBLICAS PARA A
PACIFICAÇÃO DA PALESTINA

1. Entre as muitas preocupações que nos afligem neste tempo tão cheio de consequências decisivas para a vida da grande família humana, e nos fazem sentir tão pesado o cargo do pontificado supremo, tem lugar destacado aquela que nos é causada pela guerra na Palestina. Na verdade, veneráveis irmãos, podemos vos dizer que nenhum acontecimento, nem alegre nem triste, consegue atenuar a dor que permanece viva em nosso ânimo, ao pensar que na terra onde o Senhor nosso Jesus Cristo derramou seu sangue para trazer a redenção e a salvação a toda a humanidade continua a ser derramado o sangue dos homens; que debaixo daquele céu no qual ecoou, naquela fatídica noite, o anúncio evangélico de paz, continuam os combates, acresce-se a miséria dos míseros e o terror dos aterrorizados, e milhares de prófugos, acossados e perdidos, vagueiam longe da pátria à procura de abrigo e de pão.

2. Contribuem para nos tornar mais viva essa dor não só as notícias que continuamente nos chegam de destruição e de danos causados aos edifícios sagrados e de beneficência que surgiram ao seu redor, mas também o medo que nos inspiram quanto à sorte destes mesmos lugares, espalhados por toda a Palestina e, em número maior, em Jerusalém, que foram santificados pelo nascimento, vida e morte do Salvador. Nem é preciso vos assegurar, veneráveis irmãos, que, no meio deste espetáculo de tantos males e na previsão de maiores ainda, não nos fechamos na nossa dor, mas fizemos tudo o que estava em nosso poder para aliviá-los.

3. Antes ainda que iniciasse o conflito armado, ao falar a uma delegação de notáveis árabes que nos veio homenagear, manifestamos a nossa mais viva solicitude pela paz na Palestina e, condenando todo recurso à violência, declaramos que ela não podia ser realizada a não ser na verdade e na justiça, isto é no respeito aos direitos de todos, às tradições, especialmente no campo religioso, assim como no fiel cumprimento de deveres e obrigações de cada grupo de moradores. Iniciada a guerra, sem nos afastar da atitude de imparcialidade a que somos obrigados pelo nosso ministério apostólico que nos põe acima dos conflitos que agitam a sociedade humana, não deixamos de agir, no que nos era possível, para o triunfo da justiça e da paz na Palestina e o respeito e a proteção dos lugares sagrados.

4. Ao mesmo tempo, solicitados por apelos numerosos e urgentes, que todos os dias são dirigidos a esta sé apostólica, procuramos, no limite das nossas possibilidades, socorrer as vítimas infelizes da guerra, enviando para este fim aos nossos representantes na Palestina, no Líbano e no Egito os meios ao nosso dispor e estimulando o surgimento e o firmar-se, entre os católicos nos vários países de iniciativas que tenham a mesma finalidade. Convencidos, porém, da insuficiência dos meios humanos para uma solução adequada desta questão de que todos podem ver a complexidade excepcional, recorremos antes de mais nada e constantemente ao grande meio da oração, e na nossa recente encíclica Auspicia quaedam vos convidávamos a rezar e a fazer rezar os fiéis confiados aos vossos cuidados pastorais, para que, sob a proteção da Virgem santíssima, "conciliadas as coisas na justiça, a concórdia e a paz voltassem felizmente na Palestina". (1)

5. Sabemos que o nosso convite não vos foi dirigido em vão. Nem esquecemos que, ao mesmo tempo que com as nossa súplicas e nossa obra nos esforçávamos juntamente com o mundo católico para a paz na Palestina, homens de boa vontade multiplicaram, com a mesma finalidade sem olhar para sacrifícios e perigos, seus nobres esforços para os quais nos é grato prestar homenagem. Contudo, a continuação do conflito e o aumento ininterrupto de ruínas materiais e morais que inexoravelmente os acompanham, nos levam, veneráveis irmãos a renovar com redobrada insistência o nosso convite, na esperança que seja acolhido não somente por vós mas também por todo o mundo católico.

6. Como declaramos no dia 2 de Junho passado aos membros do sagrado colégio dos cardeais, ao comunicar-lhes a nossa ansiedade quanto à Palestina, julgamos que o mundo cristão não poderia contemplar indiferente ou com indignação estéril aquela terra sagrada, à qual todos iam com todo respeito para beijá-la com o amor mais ardente, pisada por soldados em guerra e atingida por bombardeios aéreos. Julgamos que não poderia deixar consumar a devastação dos lugares santos e revolver o sepulcro de Jesus Cristo. Temos a maior confiança de que as súplicas fervorosas que se levantam ao Deus onipotente e misericordioso por parte dos cristãos espalhados por todo o mundo, junto com as aspirações de tantos corações nobres e ardentemente solícitos do bem e da verdade, possam tornar menos difícil aos que dirigem o destino dos homens a tarefa de fazer com que a justiça e a paz na Palestina se tornem uma realidade benéfica, e com a cooperação eficaz de todos os interessados, se crie uma ordem que garanta a cada parte, agora em conflito, a segurança da existência e, ao mesmo tempo, condições de vida, físicas e morais, capazes de alicerçar normalmente um estado de bem-estar espiritual e material.

7. Temos plena confiança que essas súplicas e essas aspirações, índice do valor que tão grande parte da família humana atribui a esses lugares sagrados, fortaleçam nas reuniões dos poderosos nas quais se discutem os problemas da paz, a convicção de dar a Jerusalém e cercanias, onde se conservam tantas e tão preciosas lembranças da vida e da morte do Salvador, um caráter internacional que, nas presentes circunstâncias, parece garantir melhor a tutela dos santuários. E também será preciso assegurar com garantias internacionais livre acesso aos lugares santos espalhados na Palestina, assim como a liberdade de culto e o respeito a usos e tradições religiosos.

8. E que cedo possa nascer o dia em que os homens tenham de novo a possibilidade de se dirigir em piedosas peregrinações aos lugares sagrados para encontrar, finalmente manifesto, naqueles monumentos vivos do Amor que se sublima no sacrifício da vida pelos irmãos, o grande segredo de pacífica convivência humana. Com essa confiança, de coração, concedemos a vós, veneráveis irmãos, aos vossos fiéis e a todos que acolherem com ânimo solícito este nosso apelo, com os votos dos favores divinos e como penhor de nossa benevolência, a bênção apostólica.

Dado em Castel Gandolfo, junto de Roma, no dia 24 de Outubro de 1948, ano X do nosso pontificado.

PIO PP. XII

(Revisão da versão portuguesa por ama)
__________________________
Nota:
(1) AAS 40 (1948), p.171.



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