Tempo comum XXVI Semana
Evangelho:
Mt 18, 1-5
1 Naquela mesma ocasião aproximaram-se de Jesus os
discípulos, dizendo: «Quem é o maior no Reino dos Céus?». 2 Jesus,
chamando uma criança, pô-la no meio deles 3 e disse: «Na verdade vos
digo que, se não vos converterdes e vos tornardes como crianças, não entrareis
no Reino dos Céus. 4 Aquele, pois, que se fizer pequeno como esta
criança, esse será o maior no Reino dos Céus. 5 E quem receber em
Meu nome uma criança como esta, é a Mim que recebe.10 Vede, não desprezeis um só destes pequeninos,
pois vos declaro que os seus anjos nos céus vêem incessantemente a face de Meu
Pai que está nos céus. 12 «Que vos parece? Se alguém tiver cem
ovelhas, e uma delas se extraviar, porventura não deixa as outras noventa e
nove no monte, e vai em busca daquela que se extraviou? 13 E, se
acontecer encontrá-la, digo-vos em verdade que se alegra mais por esta, do que
pelas noventa e nove que não se extraviaram. 14 Assim, não é a
vontade de vosso Pai que está nos céus que pereça um só destes pequeninos.
Comentário:
A
realidade da existência dos Anjos da Guarda é para o cristão motivo de enorme
alegria e agradecimento.
Alegria
porque tem a seu lado um interlocutor atento e sempre disponível para
estabelecer as “pontes” que necessita para chegar ao Criador;
Agradecimento
pelo bem inestimável que constitui para nós e que só conheceremos completamente
quando, ao nosso lado, assistir ao nosso derradeiro encontro com Deus.
(ama,
comentário sobre Mt
18, 1-5; 10. 11-14, 2014.05.26)
Leitura espiritual
Documentos do Magistério
CARTA ENCÍCLICA
IN MULTIPLICIBUS CURIS
DO SUMO PONTÍFICE PAPA PIO XII
AOS VENERÁVEIS IRMÃOS
PATRIARCAS, PRIMAZES, ARCEBISPOS E BISPOS
E OUTROS ORDINÁRIOS DO LUGAR
EM PAZ E COMUNHÃO COM A SÉ APOSTÓLICA
PEDEM-SE NOVAMENTE ORAÇÕES PÚBLICAS PARA A
PACIFICAÇÃO DA PALESTINA
1.
Entre as muitas preocupações que nos afligem neste tempo tão cheio de
consequências decisivas para a vida da grande família humana, e nos fazem
sentir tão pesado o cargo do pontificado supremo, tem lugar destacado aquela
que nos é causada pela guerra na Palestina. Na verdade, veneráveis irmãos,
podemos vos dizer que nenhum acontecimento, nem alegre nem triste, consegue
atenuar a dor que permanece viva em nosso ânimo, ao pensar que na terra onde o
Senhor nosso Jesus Cristo derramou seu sangue para trazer a redenção e a
salvação a toda a humanidade continua a ser derramado o sangue dos homens; que
debaixo daquele céu no qual ecoou, naquela fatídica noite, o anúncio evangélico
de paz, continuam os combates, acresce-se a miséria dos míseros e o terror dos
aterrorizados, e milhares de prófugos, acossados e perdidos, vagueiam longe da
pátria à procura de abrigo e de pão.
2.
Contribuem para nos tornar mais viva essa dor não só as notícias que
continuamente nos chegam de destruição e de danos causados aos edifícios
sagrados e de beneficência que surgiram ao seu redor, mas também o medo que nos
inspiram quanto à sorte destes mesmos lugares, espalhados por toda a Palestina
e, em número maior, em Jerusalém, que foram santificados pelo nascimento, vida
e morte do Salvador. Nem é preciso vos assegurar, veneráveis irmãos, que, no
meio deste espetáculo de tantos males e na previsão de maiores ainda, não nos
fechamos na nossa dor, mas fizemos tudo o que estava em nosso poder para
aliviá-los.
3.
Antes ainda que iniciasse o conflito armado, ao falar a uma delegação de
notáveis árabes que nos veio homenagear, manifestamos a nossa mais viva
solicitude pela paz na Palestina e, condenando todo recurso à violência,
declaramos que ela não podia ser realizada a não ser na verdade e na justiça,
isto é no respeito aos direitos de todos, às tradições, especialmente no campo
religioso, assim como no fiel cumprimento de deveres e obrigações de cada grupo
de moradores. Iniciada a guerra, sem nos afastar da atitude de imparcialidade a
que somos obrigados pelo nosso ministério apostólico que nos põe acima dos
conflitos que agitam a sociedade humana, não deixamos de agir, no que nos era
possível, para o triunfo da justiça e da paz na Palestina e o respeito e a
proteção dos lugares sagrados.
4.
Ao mesmo tempo, solicitados por apelos numerosos e urgentes, que todos os dias
são dirigidos a esta sé apostólica, procuramos, no limite das nossas
possibilidades, socorrer as vítimas infelizes da guerra, enviando para este fim
aos nossos representantes na Palestina, no Líbano e no Egito os meios ao nosso
dispor e estimulando o surgimento e o firmar-se, entre os católicos nos vários
países de iniciativas que tenham a mesma finalidade. Convencidos, porém, da
insuficiência dos meios humanos para uma solução adequada desta questão de que todos
podem ver a complexidade excepcional, recorremos antes de mais nada e
constantemente ao grande meio da oração, e na nossa recente encíclica Auspicia
quaedam vos convidávamos a rezar e a fazer rezar os fiéis confiados aos vossos
cuidados pastorais, para que, sob a proteção da Virgem santíssima,
"conciliadas as coisas na justiça, a concórdia e a paz voltassem
felizmente na Palestina". (1)
5.
Sabemos que o nosso convite não vos foi dirigido em vão. Nem esquecemos que, ao
mesmo tempo que com as nossa súplicas e nossa obra nos esforçávamos juntamente
com o mundo católico para a paz na Palestina, homens de boa vontade
multiplicaram, com a mesma finalidade sem olhar para sacrifícios e perigos,
seus nobres esforços para os quais nos é grato prestar homenagem. Contudo, a
continuação do conflito e o aumento ininterrupto de ruínas materiais e morais
que inexoravelmente os acompanham, nos levam, veneráveis irmãos a renovar com
redobrada insistência o nosso convite, na esperança que seja acolhido não
somente por vós mas também por todo o mundo católico.
6.
Como declaramos no dia 2 de Junho passado aos membros do sagrado colégio dos
cardeais, ao comunicar-lhes a nossa ansiedade quanto à Palestina, julgamos que
o mundo cristão não poderia contemplar indiferente ou com indignação estéril
aquela terra sagrada, à qual todos iam com todo respeito para beijá-la com o
amor mais ardente, pisada por soldados em guerra e atingida por bombardeios
aéreos. Julgamos que não poderia deixar consumar a devastação dos lugares
santos e revolver o sepulcro de Jesus Cristo. Temos a maior confiança de que as
súplicas fervorosas que se levantam ao Deus onipotente e misericordioso por
parte dos cristãos espalhados por todo o mundo, junto com as aspirações de
tantos corações nobres e ardentemente solícitos do bem e da verdade, possam
tornar menos difícil aos que dirigem o destino dos homens a tarefa de fazer com
que a justiça e a paz na Palestina se tornem uma realidade benéfica, e com a
cooperação eficaz de todos os interessados, se crie uma ordem que garanta a
cada parte, agora em conflito, a segurança da existência e, ao mesmo tempo,
condições de vida, físicas e morais, capazes de alicerçar normalmente um estado
de bem-estar espiritual e material.
7.
Temos plena confiança que essas súplicas e essas aspirações, índice do valor
que tão grande parte da família humana atribui a esses lugares sagrados,
fortaleçam nas reuniões dos poderosos nas quais se discutem os problemas da
paz, a convicção de dar a Jerusalém e cercanias, onde se conservam tantas e tão
preciosas lembranças da vida e da morte do Salvador, um caráter internacional
que, nas presentes circunstâncias, parece garantir melhor a tutela dos
santuários. E também será preciso assegurar com garantias internacionais livre
acesso aos lugares santos espalhados na Palestina, assim como a liberdade de
culto e o respeito a usos e tradições religiosos.
8.
E que cedo possa nascer o dia em que os homens tenham de novo a possibilidade
de se dirigir em piedosas peregrinações aos lugares sagrados para encontrar,
finalmente manifesto, naqueles monumentos vivos do Amor que se sublima no
sacrifício da vida pelos irmãos, o grande segredo de pacífica convivência
humana. Com essa confiança, de coração, concedemos a vós, veneráveis irmãos,
aos vossos fiéis e a todos que acolherem com ânimo solícito este nosso apelo,
com os votos dos favores divinos e como penhor de nossa benevolência, a bênção
apostólica.
Dado
em Castel Gandolfo, junto de Roma, no dia 24 de Outubro de 1948, ano X do nosso
pontificado.
PIO
PP. XII
(Revisão da versão portuguesa por ama)
__________________________
Nota:
(1)
AAS 40 (1948), p.171.
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