Tempo comum XXX Semana
31 No mesmo dia
alguns dos fariseus foram dizer-Lhe: «Sai e vai-Te daqui porque Herodes quer
matar-Te». 32 Ele respondeu-lhes: «Ide dizer a essa raposa: Eis que
Eu expulso os demónios e faço curas hoje e amanhã, e ao terceiro dia atinjo o
Meu termo.33 Importa, contudo, que Eu caminhe ainda hoje, amanhã e
no dia seguinte; porque não convém que um profeta morra fora de Jerusalém. 34
«Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas e apedrejas os que te são enviados,
quantas vezes quis juntar os teus filhos como a galinha recolhe os seus
pintainhos debaixo das asas, e tu não quiseste! 35 Eis que a vossa
casa vos será deixada deserta. Digo-vos que não Me vereis, até que venha o dia em
que digais: “Bendito O que vem em nome do Senhor”».
Comentário:
De facto repetimos esta frase “bendito o que vem em nome do Senhor”
sempre que recebemos na Hóstia Consagrada o próprio Corpo, Sangue, Alma e
Divindade do mesmo Jesus Cristo que a pronunciou como consta neste Evangelho.
Não O veremos fisicamente mas sim com
os olhos da nossa alma e, quanto melhores sejam as disposições com que O
recebemos melhor O veremos.
(ama,
comentário sobre Lc 13, 31-35, 2013.10.31)
Leitura espiritual
HISTÓRIA DE UMA ALMA
Santa Teresinha do Menino Jesus
Manuscrito "A" - Parte II
…/3
Pensais, talvez, minha querida Madre,
que exagero a aflição que estava sentindo?... Levo em conta que não podia ser
lá muito grande, pois tinha a esperança de encontrar-vos novamente no Carmelo,
mas é que minha alma estava LONGE da maturidade. Por muitos crisóis devia eu
passar até atingir o termo que tanto almejava...
Dois de outubro era o dia fixado para
a reabertura de aulas na Abadia. Por isso precisei ir para lá, não obstante
minha tristeza... Pela tarde veio Titia buscar-nos para irmos ao Carmelo, e vi
minha querida Paulina atrás das grades... Oh! como sofri nessa visita ao
Carmelo! Já que escrevo a história de minha alma, tenho a obrigação de dizer
tudo à minha querida Mãe. Confesso que os sofrimentos anteriores à sua entrada
não eram nada em comparação com os que lhe sucederam... Cada quinta-feira,
íamos toda a família ao Carmelo, e eu, habituada que era a entreter-me com
Paulina, de coração a coração, conseguia a muito custo dois ou três minutos ao
terminar a visita. Entende-se que os passasse a chorar, e me fosse embora como
o coração em frangalhos... Não percebia que, por atenção à Titia, preferíeis
dirigir a palavra à Joana e à Maria, em vez de falar com vossas filhinhas...
Não o percebia, e no fundo do coração punha-me a dizer: "Paulina está perdida
para mim!!!" Surpreende ver como meu espírito se abriu no meio do
sofrimento. Abriu-se a tal ponto que não tardei em cair doente.
A doença que me atingira, provinha
certamente do demónio. Furioso com vossa entrada no Carmelo, quis desforrar-se
contra mim do grande dano que nossa família lhe infligiria para o futuro, mas
não sabia que a carinhosa Rainha do Céu velava por sua débil florzinha e lhe
sorria do alto de seu trono, dispondo-se a deter a tempestade no momento que
sua flor poderia quebrar irremediavelmente...
Pelo fim do ano, fui acometida de
contínua dor de cabeça, que quase não me fazia sofrer. Estava em condições de
continuar os estudos, e ninguém se preocupava por minha causa. Assim ficou a
situação até a Páscoa de 1883. Tendo Papai ido a Paris com Maria e Leónia,
Titia levou-me com Celina para sua casa. Certa noite, Titio que ficara comigo,
falou-me de Mamãe, de recordações antigas, de uma maneira tão bondosa, que
profundamente me comoveu e fez chorar. Disse-me, então, que eu tinha um coração
demasiado sensível e necessitava de muita distração. E, com Titia, resolveu
proporcionar-nos folguedos nos feriados de Páscoa. Naquela noite, devíamos ir
ao Círculo Católico. Achando, porém, que estava muito cansada, Titia fez-me
deitar. Ao trocar de roupa, fui sacudida por estranho tremor. Crendo que eu
estava com frio, Titia rodeou-me de cobertores e botijas com água quente. Nada,
entretanto, fazia reduzir minha agitação, que durou quase a noite inteira. Ao
regressar do Círculo Católico, com minhas primas e Celina, Titio ficou muito
surpreso de encontrar-me em tal estado. Tinha-o por muito grave, mas não o quis
declarar, para que Titia se não sobressaltasse. No dia seguinte, mandou chamar
o Dr. Notta que achou, como Titio, estar eu com doença muito grave, da qual
nunca fora atingida criança tão nova. Todo o mundo ficou consternado. Minha Tia
viu-se obrigada a deixar-me na casa, e cuidou de mim com um desvelo
verdadeiramente maternal. Quando Papai voltou de Paris com minhas irmãs
maiores, Aimée recebeu-os com um ar tão desconsolado, que Maria me supôs já
morta... A doença, porém, não era ainda para morrer. Era, antes, como a de
Lázaro, para que Deus fosse glorificado.. De fato, Ele o foi, graças à admirável
resignação do meu pobre Paizinho, cuja idéia era que "sua filhinha ficaria
louca, ou então morreria". Ele o foi, outrossim, graças à resignação de
Maria! ... Oh! quanto não sofreu por minha causa... Como lhe sou reconhecida
pelos cuidados que com tão grande desprendimento me prodigalizou... O coração ditava-lhe
o que me era necessário. Na verdade, o coração de mãe é muito mais sagaz do que
o de um médico. Sabe adivinhar o que convém na doença da filha...
A coitada da Maria teve de acomodar-se
em casa do meu Tio, por não haver então possibilidade de me transportarem aos
Buissonnets. Aproximava-se, entretanto, a tomada de hábito de Paulina. Diante
de mim, evitavam de falar a respeito, sabendo do desgosto que teria em não
poder assistir, mas era eu quem muitas vezes tocava no assunto, quando dizia
que estaria bastante melhor para visitar minha querida Paulina. Realmente, o
Bom Deus não quis privar-me dessa consolação. Quis antes consolar sua querida
Desposada, que tanto sofrera com a doença de sua filhinha... Notei que, no dia
do noivado, Jesus não quer submeter suas filhas a provações. Deve a festa
correr sem contratempos, como ante-gozo das alegrias do Paraíso. Disso, não deu
Ele prova já cinco vezes? Pude, por conseguinte, abraçar minha Mãe querida,
sentar-me em seus joelhos, e cobri-la de afagos... Pude contemplá-la, tão
encantadora, em seu branco ornato de noiva... Oh! foi um dia radiante, de
permeio em minha sombria provação, mas o dia passou com presteza... Tive logo
de tomar a carruagem que dali me levou, bem longe de Paulina... bem longe do
meu amado Carmelo. Depois de chegarmos aos Buissonnets, fizeram-me deitar, a
contragosto meu, pois afiançava estar perfeitamente curada e já não precisar de
tratamento. Ainda mal, não me encontrava senão no começo de minha provação!. ..
No dia seguinte, tive uma recaída, e a doença agravou-se de tal maneira, que,
por cálculos humanos, eu já não podia sarar... Não sei como descrever doença
tão estranha. Persuadi-me agora de ser obra do demónio. Mas, bastante tempo
depois da cura, acreditava ter ficado doente por acinte, o que constituía verdadeiro
martírio para minha alma...
Falei disso com Maria que me
tranquilizou o mais que podia, com sua bondade de sempre. Falei disso também em
confissão, e meu confessor tentou acalmar-me, alegando que não era possível
fingir estado de doença ao ponto em que ficara. O Bom Deus que indubitavelmente
queria purificar-me, e antes de tudo humilhar-me, deixou comigo tal martírio
íntimo até minha entrada para o Carmelo, onde o Pai de nossas almas me tirou,
como que com a mão, todas as minhas dúvidas, e desde então ando perfeitamente
tranquila.
Não é de surpreender que receasse
ter-me fingido de doente, sem o ser na realidade? Pois, dizia e fazia cousas em
que nem pensava, quase sempre parecia estar em delírio, a proferir palavras
incoerentes. Apesar disso, tenho a certeza de não ter ficado, um instante
sequer, privada do uso da razão... Muitas vezes parecia estar desfalecida, e
não fazia o mínimo movimento. Então, deixaria praticar comigo o que quisessem,
até que me matassem. Não obstante, escutava tudo o que se dizia em redor de
mim, e ainda estou lembrada de tudo... Certa vez, aconteceu-me ficar sem poder
abrir os olhos por mais tempo, nem abri-los por um instante, quando estava
sozinha...
Creio que o demónio recebera um poder
exterior sobre mim, mas não podia acercar-se de minha alma nem de meu espírito,
senão para me inspirar enormes receios de certas cousas, por exemplo, de
remédios muito simples, que em vão se esforçavam por me fazer tomar. No
entanto, se o Bom Deus permitia ao demónio achegar-se a mim, também me enviava
anjos visíveis... Maria ficava sempre junto à minha cama, cuidava de mim e
consolava-me com a afeição de mãe. Jamais demonstrou o menor enfado, e eu,
todavia, lhe dava muito incómodo, não admitindo que se arredasse de mim. No
entanto, ela tinha a justa necessidade de ir tomar refeição com Papai, mas eu
não parava de chamar por ela todo o tempo de sua ausência. Vitória que me fazia
guarda, era bastantes vezes obrigada a ir chamar minha querida
"Mamãe", como eu lhe chamava. Quisesse Maria sair, havia de ser para
ir à missa, ou então para visitar Paulina. Então, eu não falava nada...
Meu Tio e minha Tia eram igualmente
muito bons para comigo. Minha boa querida Titia vinha visitar-me todos os dias,
e trazia-me uma infinidade de agrados. Vinham também visitar-me outras pessoas,
amigas da família. Eu, porém, suplicava à Maria lhes dissesse que não queria
receber visitas. Não me era agradável "ver, em redor de minha cama,
pessoas sentadas, ENFILEIRADAS, a olharem para mim como se fosse um bicho
raro". A única visita que me dava prazer era a do Titio e da Titia.
Depois da doença, não poderia precisar
quanto minha afeição por eles subiu de ponto. Mais do que nunca, compreendi
melhor que, para nós, não se tratava de parentes comuns. Oh! o pobre de nosso
Paizinho tinha muita razão em nos repetir, de vez em quando, as palavras que
acabo de escrever. Mais tarde, teve prova de que não se enganara, e agora deve
por certo proteger e bendizer os que lhe tributaram tão abnegadas atenções...
Quanto a mim, como estou ainda no exílio, e não posso demonstrar meu
reconhecimento, só disponho de um único meio para aliviar meu coração: rezar
pelos parentes que estremeço, e que foram e ainda são tão bondosos para comigo!
Leônia também usava de muita bondade
para comigo. Tentava distrair-me do melhor modo ao seu alcance. Eu é que
algumas vezes a magoava, pois ela bem se capacitava de que, junto a mim, Maria
era insubstituível... E que não fazia minha querida Celina por sua Teresa?...
Em dia de domingo, em vez de sair a passeio, vinha fechar-se horas inteiras
dentro de casa, ao pé de uma pobre menininha que tinha a aparência de idiota.
Realmente, precisava haver amor para que se não esquivassem de mim... Ah!
minhas queridas maninhas, quanto não vos fiz padecer! Ninguém, mais do que eu,
vos causou tanto sofrimento, e ninguém recebeu tanto amor, quanto vós me
prodigalizastes... Por sorte, terei o Céu para me desforrar. Muito rico é meu
Esposo, e de seus tesouros de amor tirarei para vos retribuir, ao cêntuplo,
tudo quanto sofrestes por minha causa...
Na doença, meu maior consolo, era
receber carta de Paulina... Eu a lia, tornava a ler, até sabê-la de cor...
Certa vez, minha querida Mãe, enviastes-me uma ampulheta e uma das minhas
bonecas vestida de carmelita. Dar uma ideia de minha alegria é algo de
impossível... Titio não ficou satisfeito, dizendo que, em vez de me fazerem
lembrar do Carmelo, seria preciso mantê-lo longe do meu espírito. Mas, eu
sentia pelo contrário, que a esperança de ser um dia carmelita, me alentava
viver... Meu gosto era trabalhar para Paulina. Fazia-lhe pequenos artefactos de
cartolina, e minha maior ocupação era tecer grinaldas de boninas e miosótis
para a Santíssima Virgem. Estávamos no belo mês de maio. Toda a natureza se guarnecia
de flores e trescalava de alegria. Só a "florzinha" é que se finava,
e parecia murchar para sempre...
Sem embargo, tinha junto a si um Sol.
Esse Sol era a Estátua milagrosa da Santíssima Virgem que, por duas vezes,
tinha falado à Mamãe. Amiúde, sim, bem amiúde, a florzinha pendia sua corola em
direção do Astro bendito... Certo dia, vi quando Papai entrou no quarto de
Maria, onde eu estava acamada. Deu-lhe, com expressão de grande tristeza,
várias moedas de ouro, dizendo-lhe escrevesse para Paris, mandando celebrar
missas em honra de Nossa Senhora das Vitórias, para curar sua pobre filhinha.
Oh! 3O como me comoveu ver a fé e o amor do meu querido Rei! Queria poder dizer-lhe
que estava curada, mas já eram demais as falsas alegrias que lhe tinha preparado.
Não eram, pois, meus desejos que poderiam produzir milagre, e para minha cura
se fazia mister um milagre... Havia mister um milagre, e foi Nossa Senhora das
Vitórias que o praticou. Num domingo (durante a novena de missas), Maria saiu
para o jardim, e deixou-me com Leônia, que lia perto da janela. Ao cabo de
alguns minutos, pus-me a chamar quase que à surdina: "Mamã... Mamã".
Habituada a ouvir-me sempre chamar assim, Leônia não me deu atenção. Isso durou
muito tempo. Então chamei mais forte, e por fim Maria voltou. Vi perfeitamente
quando entrou, mas não conseguia dizer que a reconhecia, continuando a chamar
cada vez mais forte: "Mamã..." Padecia muito com a luta violenta e inexplicável,
e Maria talvez sofresse mais do que eu. Após baldados esforços para me mostrar
que estava junto a mim, pôs-se de joelhos perto de minha cama, com Leônia e
Celina. Voltando-se depois para a Santíssima Virgem, e rezando-lhe com o fervor
de uma mãe que pede pela vida de sua filha, Maria alcançou o que desejava...
Por não encontrar nenhuma ajuda na
terra, a coitada da Teresinha também se voltara para sua Mãe do Céu,
suplicando-lhe de todo o coração, tivesse enfim piedade dela... De repente, a
Santíssima Virgem me pareceu bela, tão bela, como nunca tinha visto nada tão
formoso. O rosto irradiava inefável bondade e ternura, mas o que me calou no
fundo da alma foi o "empolgante sorriso da Santíssima Virgem". Nesta
altura, desvaneceram-se todos os meus sofrimentos. Das pálpebras me saltaram
duas grossas lágrimas e deslizaram silenciosas sobre as faces. Eram lágrimas de
uma alegria sem inquietação... Oh! pensei comigo, a Santíssima Virgem sorriu
para mim, como sou feliz... Mas, nunca jamais o contarei a ninguém, porque
então desapareceria minha felicidade. Sem nenhum esforço, baixei os olhos e
enxerguei Maria que olhava para mim com amor. Parecia emocionada e dava
impressão de suspeitar o valimento que a Santíssima Virgem me concedera... Oh!
era exactamente a ela, às suas edificantes orações que devia a graça do sorriso
da Rainha dos Céus. Quando viu meu olhar fito na Santíssima Virgem, disse de si
para si: "Teresa está curada!" Sim, a florzinha ia renascer para a
vida, o Raio luminoso que a reanimara, não pararia suas beneficências. Não actuou de uma só vez, mas de modo manso e agradável foi levantando e revigorando
sua flor, de tal sorte que cinco anos depois ela desabrocharia na montanha do
Carmelo.
Como o disse, Maria adivinhara que a
Santíssima Virgem me tinha outorgado alguma graça oculta. Por isso, logo que
fiquei a sós com ela, como perguntasse o que vira, não pude resistir às suas
indagações, tão carinhosas e insistentes. Admirada de ver meu segredo
descoberto, sem que o tivesse revelado, confiei-o em toda a sua extensão à
minha querida Maria... Mas, infelizmente, como o tinha pressentido, minha
felicidade ia desaparecer e redundar em amargura. Por quatro anos, a lembrança
da inefável graça recebida foi para mim verdadeiro tormento espiritual. Não recuperaria
minha felicidade senão aos pés de Nossa Senhora das Vitórias, quando então me
foi devolvida em toda a sua plenitude... Mais tarde, tornarei a falar desta
segunda graça da Santíssima Virgem.
Tenho agora que vos contar, minha Mãe
querida, como minha alegria se converteu em tristeza. Depois de ter ouvido o
relato ingénuo e sincero da "minha graça", Maria pediu-me autorização
de comunicá-la no Carmelo, e por mim não podia dizer que não... Por ocasião de
minha primeira visita ao querido Carmelo, fiquei inundada de alegria, quando vi
minha Paulina com o hábito da Santíssima Virgem. Foi para nós duas, um momento
muito venturoso... Havia tanta cousa por dizer, que não pude absolutamente
falar nada. O coração estava cheio demais... A bondosa Madre Maria de Gonzaga
ali estava também, e dava-me mil demonstrações de afecto.
Vi ainda outras freiras, diante das
quais me inquiriram a respeito da graça que recebera, e quiseram saber de mim,
se a Santíssima Virgem trazia ao colo o Menino Jesus, ou também se havia muita
luminosidade etc. Todas essas perguntas me conturbaram e atormentaram. Só podia
declarar uma cousa: "A Santíssima Virgem pareceu-me muito linda... e eu a
vi sorrir para mim". Foi a sua simples figura que me impressionara, razão
por que me parecia ter mentido (meus tormentos espirituais acerca de minha
doença já tinham começado), ao verificar que em seu íntimo as carmelitas
imaginavam cousa muito diferente...
Não padece dúvida, tivesse guardado
meu segredo, teria também guardado minha felicidade, mas a Santíssima Virgem
permitiu tal tormento para o bem de minha alma. Sem ele, teria talvez algum
pensamento de vaidade. Quando, pelo contrário, a humilhação se tornou minha
partilha, não podia considerar a mim mesma senão com sentimento de profunda aversão...
Oh! só no Céu poderei revelar o quanto sofri! ...
Por falar em visitas às carmelitas,
lembro-me da primeira, pouco após a entrada de Paulina. Esqueceu-me falar
disto, mas trata-se de um detalhe que não posso deixar de lado. Na manhã do dia
em que devia dirigir-me ao parlatório, estando a refletir sozinha na cama (pois
ali fazia minhas orações mais recolhidas, e sempre encontrava meu Bem-Amado, ao
contrário do que acontecia à esposa dos Cantares), perguntava-me qual seria meu
nome no Carmelo. Sabia que lá existia uma Irmã Teresa de Jesus. Apesar disso,
meu belo nome de Teresa não me podia ser tirado. De repente, pensei no Menino
Jesus a quem tanto amava e disse para mim mesma: "Oh! Como seria feliz em
ser chamada de Teresa do Menino Jesus!" Nada disse no parlatório do sonho
que tivera acordada, mas essa boa Madre M. de Gonzaga, perguntando para as
irmãs qual o nome que deveria usar, veio-lhe à mente chamar-me pelo nome que eu
tinha sonhado... Minha alegria foi grande e esse feliz encontro de pensamento
pareceu-me uma delicadeza do meu Bem-Amado Menino Jesus.
(cont.)
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