Evangelho: Mt 16, 24-28
24 Então, Jesus disse aos
Seus discípulos: «Se alguém quer vir após Mim, negue-se a si mesmo, tome a sua
cruz e siga-Me. 25 Porque quem quiser salvar a sua vida, perdê-la-á;
e quem perder a sua vida por amor de Mim, achá-la-á. 26 Pois, que
aproveitará a um homem ganhar todo o mundo, se vier a perder a sua alma? Ou que
dará um homem em troca da sua alma? 27 Porque o Filho do Homem há-de
vir na glória de Seu Pai com os Seus anjos, e então dará a cada um segundo as
suas obras. 28 Em verdade vos digo que, entre aqueles que estão aqui
presentes, há alguns que não morrerão antes que vejam vir o Filho do Homem com
o Seu reino».
Comentário:
A
vida de um cristão autêntico parece ser algo de pesado, angustiante, de luta
contínua.
Pode
parecer a alguns que assim é mas, estão enganados.
A
cruz é comum a todos os homens que, uns mais outros menos, têm de suportá-la e
conviver com ela. Faz parte integrante da condição humana.
Mas,
o cristão autêntico, tem-na como um sinal indelével da sua pertença a Cristo
que nos redimiu – a todos – numa Cruz.
E
vive a sua vida – a sua cruz – com a alegria que as pequenas vitórias diárias
proporcionam e, convenhamos, não há maior alegria que vencer!
(AMA, comentário
sobre Mt 16, 24-28, 2014.05.20)
Leitura espiritual
Documentos do Magistério
Congregação para a Doutrina da Fé
CARTA
AOS BISPOS DA IGREJA CATÓLICA
SOBRE
O ATENDIMENTO PASTORAL
DAS
PESSOAS HOMOSSEXUAIS
…/2
10. É de se deplorar
firmemente que as pessoas homossexuais tenham sido e sejam ainda hoje objecto
de expressões malévolas e de ações violentas. Semelhantes comportamentos
merecem a condenação dos pastores da Igreja, onde quer que aconteçam. Eles revelam
uma falta de respeito pelos outros que fere os princípios elementares sobre os
quais se alicerça uma sadia convivência civil. A dignidade própria de cada
pessoa deve ser respeitada sempre, nas palavras, nas ações e nas legislações.
Todavia, a necessária reacção
diante das injustiças cometidas contra as pessoas homossexuais não pode levar,
de forma alguma, à afirmação de que a condição homossexual não seja
desordenada. Quando tal afirmação é aceite e, por conseguinte, a actividade
homossexual é considerada boa, ou quando se adopta uma legislação civil para
tutelar um comportamento ao qual ninguém pode reivindicar direito algum, nem a
Igreja nem a sociedade em seu conjunto deveriam surpreender-se se depois também
outras opiniões e práticas distorcidas ganham terreno e se aumentam os
comportamentos irracionais e violentos.
11. Alguns afirmam que a
tendência homossexual, em certos casos, não é fruto de uma opção deliberada e
que a pessoa homossexual não tem outra alternativa, sendo obrigada a comportar-se
de modo homossexual. Por conseguinte, afirma-se que, em tais casos, ela agiria
sem culpa, não sendo realmente livre.
A este propósito, é
necessário referir-se à sábia tradição moral da Igreja, que alerta para as
generalizações no julgamento dos casos individuais. De facto, em um determinado
caso, podem ter existido no passado, e podem subsistir ainda, circunstâncias
tais que reduzem ou até mesmo eliminam a culpa do indivíduo; outras
circunstâncias, ao contrário, podem agravá-la. Em todo caso, deve evitar-se a
presunção infundada e humilhante de que o comportamento homossexual das pessoas
homossexuais esteja sempre e totalmente submetido à coacção e, portanto, seja
sem culpa. Na realidade, também às pessoas com tendência homossexual deve ser
reconhecida aquela liberdade fundamental que caracteriza a pessoa humana e lhe
confere a sua particular dignidade. Como em toda conversão do mal, graças a tal
liberdade, o esforço humano, iluminado e sustentado pela graça de Deus, poderá
permitir-lhes evitar a actividade homossexual.
12. Que deve fazer, então,
uma pessoa homossexual que procura seguir o Senhor? Substancialmente, tais
pessoas são chamadas a realizar a vontade de Deus na sua vida, unindo ao
sacrifício da cruz do Senhor todo o sofrimento e dificuldade que possam
experimentar por causa da sua condição. Para quem crê, a cruz é um sacrifício
frutuoso, pois daquela morte derivam a vida e a redenção. Ainda que se possa
prever que qualquer convite a carregar a cruz ou a compreender de tal forma o
sofrimento do cristão será ridicularizado por alguns, é preciso recordar que é
este o caminho da salvação para todos aqueles que seguem o Cristo.
Não é outro, na realidade,
o ensinamento transmitido pelo apóstolo Paulo aos Gálatas, quando diz que o
Espírito produz na vida do fiel «amor, alegria, paz, paciência, benevolência,
bondade, fidelidade, mansidão e autodomínio» e, mais adiante: «Não podeis
pertencer a Cristo sem crucificar a carne com as suas paixões e os seus
desejos» (Gal 5, 22. 24).
Todavia, este convite é
facilmente mal interpretado, se é considerado apenas como um inútil esforço de
auto-renegação. A cruz é, sem dúvida, renegação de si mesmo, mas no abandono à
vontade daquele Deus que da morte faz brotar a vida e habilita os que nele
depositam a sua confiança a praticarem a virtude em lugar do vício.
Só se celebra
autenticamente o Mistério Pascoal quando se deixa que ele impregne o tecido da
vida quotidiana. Recusar o sacrifício da própria vontade na obediência à
vontade do Senhor é, de facto, opor obstáculo à salvação. Exactamente como a
Cruz é o centro da manifestação do amor redentor que Deus tem por nós em Jesus,
assim o facto de conformarem a negação de si mesmos ao sacrifício do Senhor
constituirá para homens e mulheres homossexuais uma fonte de auto-doação que os
salvará de uma forma de vida que continuamente ameaça destruí-los.
As pessoas homossexuais,
como os demais cristãos, são chamadas a viver a castidade. Dedicando-se com
assiduidade a compreender a natureza do chamado pessoal que Deus lhes dirige,
serão aptas a celebrar mais fielmente o sacramento da Penitência e a receber a
graça do Senhor que, neste mesmo sacramento, se oferece para generosamente
poderem converter-se mais plenamente ao seu seguimento.
13. É evidente, por outro
lado, que uma clara e eficaz transmissão da doutrina da Igreja a todos os fiéis
e à sociedade no seu conjunto depende em grande parte do ensinamento correcto e
da fidelidade daqueles que exercem o ministério pastoral. Os Bispos têm a responsabilidade
particularmente grave de preocupar-se que seus colaboradores no ministério e,
sobretudo, os sacerdotes, sejam correctamente informados e pessoalmente bem
dispostos a comunicar a todos a doutrina da Igreja na sua integridade.
São dignas de admiração a
particular solicitude e a boa vontade demonstradas por muitos sacerdotes e
religiosos, no atendimento pastoral às pessoas homossexuais; esta Congregação
espera que tal solicitude e boa vontade não diminuam. Estes zelosos ministros
devem nutrir a certeza de que estão seguindo fielmente a vontade do Senhor
quando encorajam a pessoa homossexual a levar uma vida casta e relembram a
dignidade incomparável que Deus lhe deu também.
14. Considerando tudo o
que precede, esta Congregação deseja pedir aos Bispos que sejam particularmente
vigilantes com relação aos programas que, de facto, tentam exercer pressão
sobre a Igreja a fim de que ela mude a sua doutrina, embora às vezes,
verbalmente neguem que seja assim. Um estudo atento das declarações públicas
neles contidas e das actividades que promovem revela uma calculada ambiguidade,
através da qual procuram desviar pastores e fiéis. Por exemplo, costumam citar
o ensinamento do Magistério, mas somente como uma fonte facultativa na formação
da consciência; a sua autoridade peculiar não é reconhecida. Alguns grupos
costumam até mesmo qualificar de «católicas» as suas organizações ou as pessoas
às quais pretendem dirigir-se, mas, na realidade, não defendem nem promovem o
ensinamento do Magistério; ao contrário, às vezes, atacam-no abertamente. Mesmo
reafirmando a vontade de conformar sua vida ao ensinamento de Jesus, de facto
os membros desses grupos abandonam o ensinamento da Sua Igreja. Este
comportamento contraditório de forma alguma pode receber o apoio dos Bispos.
15. Esta Congregação
encoraja, pois, os Bispos a promoverem, nas suas dioceses, uma pastoral para as
pessoas homossexuais, plenamente concorde com o ensinamento da Igreja. Nenhum
programa pastoral autêntico poderá incluir organizações em que pessoas
homossexuais se associem entre si, sem que fique claramente estabelecido que a actividade
homossexual é imoral. Uma atitude verdadeiramente pastoral incluirá a
necessidade de evitar, para as pessoas homossexuais, as ocasiões próximas de
pecado.
Devem ser encorajados os
programas em que tais perigos sejam evitados. Mas é necessário deixar bem claro
que afastar-se do ensino da Igreja ou fazer silêncio em torno dele, sob o
pretexto de oferecer um atendimento pastoral, não é forma legítima nem de
autêntica atenção nem de pastoral válida. Em última análise, somente aquilo que
é verdadeiro pode ser também pastoral. Quando não se tem presente a posição da
Igreja, impede-se a homens e mulheres homossexuais de receberem o atendimento
de que necessitam e ao qual têm direito.
Um programa pastoral
autêntico ajudará as pessoas homossexuais em todos os níveis da sua vida
espiritual, mediante os sacramentos e, particularmente, a frequente e sincera
confissão sacramental, como também através da oração, do testemunho, do
aconselhamento e da atenção individual. Desta forma, a comunidade cristã na sua
totalidade pode chegar a reconhecer sua vocação de assistir estes seus irmãos e
irmãs, evitando-lhes tanto a desilusão como o isolamento.
16. Desta abordagem
diversificada podem advir muitas vantagens, entre as quais não menos importante
é a constatação de que uma pessoa homossexual, como, de resto, qualquer ser
humano, tem uma profunda exigência de ser ajudada contemporaneamente em vários
níveis.
A pessoa humana, criada à
imagem e semelhança de Deus, não pode definir-se cabalmente por uma simples e
redutiva referência à sua orientação sexual. Toda e qualquer pessoa que vive
sobre a face da terra conhece problemas e dificuldades pessoais, mas possui
também oportunidades de crescimento, recursos, talentos e dons próprios. A
Igreja oferece ao atendimento da pessoa humana aquele contexto de que hoje se
sente a exigência extrema, e o faz exatamente quando se recusa a considerar a
pessoa meramente como um «heterossexual» ou um «homossexual», sublinhando que
todos têm uma mesma identidade fundamental: ser criatura e, pela graça, filho
de Deus, herdeiro da vida eterna.
17 Apresentando à atenção
dos Bispos esses esclarecimentos e orientações pastorais, esta Congregação
deseja ajudar os seus esforços no sentido de assegurar que o ensinamento do
Senhor e da Sua Igreja acerca deste importante tema seja transmitido
integralmente a todos os fiéis.
À luz do que se acaba de
expor, os Ordinários locais são convidados a avaliar, no âmbito da própria
competência, a necessidade de particulares iniciativas. Além disso, se julgarem
útil, poder-se-á recorrer a uma acção mais extensa, coordenada a nível das
Conferências episcopais nacionais.
Os Bispos serão
particularmente solícitos em apoiar com todos os meios à sua disposição, o
desenvolvimento de formas especializadas de atendimento pastoral às pessoas
homossexuais. Isso poderia incluir a colaboração das ciências psicológicas,
sociológicas e médicas, mantendo-se sempre na plena fidelidade à doutrina da
Igreja.
Os Bispos, sobretudo, não
deixarão de solicitar a colaboração de todos os teólogos católicos, os quais,
ensinando o que a Igreja ensina e aprofundando com as suas reflexões o
significado autêntico da sexualidade humana e do matrimónio cristão no plano
divino, como também das virtudes que este comporta, poderão desta forma oferecer
um válido auxílio neste campo específico da atividade pastoral.
Particular atenção deverão
ter os Bispos, além disso, ao escolher os ministros a serem encarregados desta
delicada tarefa, de modo que estes, graças à sua fidelidade ao Magistério e ao
seu elevado grau de maturidade espiritual e psicológica, possam ser de real
ajuda às pessoas homossexuais, de forma que elas alcancem o seu bem integral.
Tais ministros rechaçarão as opiniões teológicas que são contrárias ao
ensinamento da Igreja e que, portanto, não podem servir como diretrizes no
campo pastoral.
Será conveniente além
disso promover adequados programas de catequese, baseados na verdade acerca da
sexualidade humana, na sua relação com a vida da família, tal como é ensinada
pela Igreja. Tais programas, com efeito, fornecem um óptimo contexto, dentro do
qual pode ser abordada também a questão do homossexualismo.
Esta catequese poderá
ajudar inclusive as famílias em que se encontrem pessoas homossexuais, a
enfrentar um problema que as atinge tão profundamente.
Deve ser retirado todo
apoio a qualquer organização que procure subverter o ensinamento da Igreja, que
seja ambígua quanto a ele ou que o transcure completamente. Tal apoio, mesmo só
aparente, pode dar origem a mal entendidos graves. Uma atenção especial deveria
ser dedicada à programação de celebrações religiosas e ao uso, por parte desses
grupos, de edifícios de propriedade da Igreja, inclusive a possibilidade de
dispor das escolas e dos institutos católicos de estudos superiores. Para
alguns, tal permissão de utilizar uma propriedade da Igreja pode parecer apenas
um gesto de justiça e de caridade, mas, na realidade, ela contradiz as
finalidades mesmas para as quais aquelas instituições foram fundadas, e pode
ser fonte de mal entendidos e de escândalo.
Ao avaliar eventuais
projetos legislativos, dever-se-á pôr em primeiro plano o empenho na defesa e
promoção da vida da família.
18. O Senhor Jesus disse:
«Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará» (Jo 8, 32). A Sagrada
Escritura manda-nos realizar a verdade na caridade (cfr. Ef 4, 15). Deus, que é
ao mesmo tempo verdade e amor, chama a Igreja a pôr-se ao serviço de cada
homem, mulher e criança, com a solicitude pastoral do nosso Senhor misericordioso.
É com este espírito que a Congregação para a Doutrina da Fé endereça a presente
Carta aos Bispos da Igreja, na esperança de que lhes sirva de ajuda no
atendimento pastoral a pessoas cujos sofrimentos só poderão agravar-se por
doutrinas erróneas, enquanto a palavra da verdade os aliviará.
O Sumo Pontífice João
Paulo II, no decurso da Audiência concedida ao Prefeito abaixo-assinado,
aprovou e ordenou a publicação da presente Carta, decidida em reunião ordinária
desta Congregação.
Roma, da sede da
Congregação para a Doutrina da Fé, 1º de Outubro de 1986.
Joseph Card. Ratzinger
Prefeito
+ Alberto Bovone
Arcebispo Tit. de Cesaréia
de Numídia
Secr
(Revisão
da versão portuguesa por ama)
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