Ontem,
Domingo, depois da Missa das 18.15, fui pôr gasolina no automóvel.
No
balcão onde servem café e outras coisas ligeiras, estava um homem, novo, em
grande conversa com o único empregado.
Dei-me
conta que não era bem uma conversa mas, antes, um monólogo já que o tal
funcionário, não dava qualquer sinal que lhe interessasse o que o outro dizia.
Pedi
um descafeinado e um queque.
Logo
o sujeito se largou a rir. Explicou: ‘esta do “queque” fez-me lembrar uma
anedota, aliás eu tenho anedotas sobre qualquer assunto, sabe?’
O
empregado só lhe respondeu: ‘o senhor é muito bem-disposto!’
O
outro que se dirigia para a saída - reparei que usava uma muleta e se movia com
dificuldade - voltou-se e disse:
‘Mas
eu tenho motivos mais que suficientes para ser bem-disposto e alegre, ainda há
três meses estava no hospital com uma paralisia total e os médicos diziam-me
que, caso saísse dali, seria para uma carreira de rodas até ao fim dos meus
dias.
No
entanto, repare... E mesmo esta muleta irá para o lixo um dia destes.
Não
acha que tenho motivos para estar contente?’
Sem
resposta nenhuma, voltou-nos as costas e foi-se embora.
Não
tenho pensado noutra coisa: a minha indiferença, falta de solidariedade, não
ter dito uma palavra de coragem, feito um gesto de admiração.
Não
fiz NADA, aquele homem, para mim,
naquele lugar, no Domingo à tarde, foi como se não existisse.
A
minha “importância” e “dignidade” classificaram-no logo como “um daqueles
fulanos chatos que só querem meter conversa”.
Estou
arrependidíssimo mas, de pouco vale.
Provavelmente
nunca mais encontrarei aquele sujeito.
Perdi,
definitivamente, uma oportunidade que me foi oferecida de ser solidário para
com o meu próximo!
(ama, reflexões, 2010)
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