31/05/2014

Reflectindo 22

Morte

Encontrei-me com essa senhora. 
A princípio custou-me perceber de quem ser tratava. Não tinha forma de gente antes parecia uma coisa vaga como uma neblina indefinida. Percebi que estava triste e extraordinariamente cansada.

‘Tenho tido muito que fazer, disse-me, não tenho descanso.
A minha principal inimiga, a vida, até nem me tem dado muito trabalho. Cada vez menos há quem a queira.
Mas em compensação os meus serviços cada vez são mais requisitados.
É estranho que as pessoas queiram morrer e mais estranho ainda que desejem que outros morram.
Por todo o lado parece haver uma cultura de morte e não me refiro só às guerras e lutas fratricidas que pululam por  todo o mundo, mas aos milhares de jovens vidas, algumas mal acabadas de começar a existir, que são sacrificadas nos altares da indiferença, do planeamento feroz, da impiedade mais radical.
Sim, estou muito cansada.’

Fiquei a pensar nesta estranha conversa e dei-me conta que embora imaginária poderia ser bem real.

(ama, Reflexões, 2013.05.14)


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