Encontrei-me com essa senhora.
A princípio custou-me perceber de quem ser
tratava. Não tinha forma de gente antes parecia uma coisa vaga como uma neblina
indefinida. Percebi que estava triste e extraordinariamente cansada.
‘Tenho tido muito que fazer, disse-me, não
tenho descanso.
A minha principal inimiga, a vida, até nem
me tem dado muito trabalho. Cada vez menos há quem a queira.
Mas em compensação os meus
serviços cada vez são mais requisitados.
É estranho que as pessoas queiram morrer e mais estranho ainda que desejem que outros morram.
É estranho que as pessoas queiram morrer e mais estranho ainda que desejem que outros morram.
Por todo o lado parece haver uma cultura
de morte e não me refiro só às guerras e lutas fratricidas que pululam por
todo o mundo, mas aos milhares de jovens vidas, algumas mal acabadas de
começar a existir, que são sacrificadas nos altares da indiferença, do planeamento
feroz, da impiedade mais radical.
Sim, estou muito cansada.’
Fiquei a pensar nesta estranha conversa e
dei-me conta que embora imaginária poderia ser bem real.
(ama, Reflexões,
2013.05.14)
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