Capítulo
3:
O segundo fruto que se há-de colher da
consideração da primeira Palavra dita por Cristo na Cruz 2
Ó, se os cristãos
aprendessem quão facilmente poderiam obter tesouros inesgotáveis, se apenas o quisessem;
e quão facilmente alcançariam graus notáveis de honra e glória pelo domínio das
várias agitações de suas almas e desprezo magnânimo dos pequenos e triviais
insultos, certamente não seriam tão duros de coração e tão obstinados contra o
indulto e o perdão.
Objecta-se que agiriam
contrariamente à natureza caso se permitissem ser injustamente rechaçados com
desprezo ou ultrajados por obra ou palavra: se os animais selvagens, que apenas
seguem o instinto natural, atacam de forma selvagem seus inimigos quando os
vêm, e os subjugam com garras e dentes, também nós, à vista de nosso inimigo,
sentimos o sangue a ferver e o desejo de vingança aflorar. Tal argumento é
falso. Não faz distinção entre a defesa própria, que é válida, e o espírito de
vingança, que é inválido. Ninguém pode achar falta em um homem que se defende
por uma causa justa, e a natureza nos ensina a rechaçar a força com a força —
mas não nos ensina a vingar-nos nós mesmos uma injúria que tivermos recebido.
Ninguém nos impede tomar
as precauções necessárias para nos preparamos contra um ataque, mas a lei de
Deus nos proíbe que sejamos vingativos. O castigo de uma injustiça pertence não
ao indivíduo privado, mas ao magistrado público, e, por isso que Deus é o Rei
dos reis, Ele clama e diz: "A mim me pertence a vingança, eu
retribuirei" 1.
são
roberto belarmino
(Tradução:
Permanência, revisão ama).
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Notas:
1.
Rm 12,19.
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