A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemaria, Caminho 116)
Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.
Evangelho: Lc 11, 33-54
33 «Ninguém acende
uma lâmpada, e a põe em lugar escondido, nem debaixo do alqueire, mas sobre o
candelabro, para que os que entram vejam a luz. 34 O teu olho é a
lâmpada do teu corpo. Se o teu olho for puro, todo o teu corpo terá luz; se,
porém, for mau, também o teu corpo estará nas trevas. 35 Vê, pois,
que a luz que está em ti não seja trevas. 36 Se, pois, o teu corpo
estiver iluminado, sem ter parte alguma escura, todo ele será luminoso e
iluminar-te-á como quando a lâmpada te ilumina com o seu fulgor». 37
Enquanto Jesus falava, um fariseu convidou-O para comer com ele. Tendo entrado,
pôs-Se à mesa. 38 Ora o fariseu estranhou que Ele não Se tivesse
lavado antes de comer. 39 Mas o Senhor disse-lhe: «Vós os fariseus
limpais o que está por fora do copo e do prato; mas o vosso interior está cheio
de rapina e de maldade. 40 Néscios, quem fez o que está fora não fez
também o que está por dentro? 41 Dai antes o que tendes em esmola, e
tudo será puro para vós. 42 Mas ai de vós, fariseus, que pagais o
dízimo da hortelã, da arruda e de toda a casta de ervas, e desprezais a justiça
e o amor de Deus! Era necessário praticar estas coisas, mas não omitir aquelas.
43 Ai de vós, fariseus, que gostais de ter as primeiras cadeiras nas
sinagogas e as saudações nas praças! 44 Ai de vós, porque sois como
os sepulcros que não se vêem e sobre os quais se anda sem saber!». 45
Então um dos doutores da lei, tomando a palavra, disse-Lhe: «Mestre, falando
assim, também nos ofendes a nós». 46 Jesus respondeu-lhe: «Ai de vós
também, doutores da lei, porque carregais os homens com pesos que não podem
suportar, e vós nem com um dedo lhe tocais a carga! 47 Ai de vós,
que edificais sepulcros aos profetas, e foram vossos pais que lhes deram a
morte! 48 Assim dais a conhecer que aprovais as obras de vossos
pais; porque eles os mataram, e vós edificais os seus sepulcros. 49
Por isso disse a sabedoria de Deus: Mandar-lhes-ei profetas e apóstolos, e eles
darão a morte a uns e perseguirão outros, 50 para que a esta geração
se peça conta do sangue de todos os profetas, derramado desde o princípio do
mundo, 51 desde o sangue de Abel até ao sangue de Zacarias, que foi
morto entre o altar e o templo. Sim, Eu vos digo que será pedida conta disto a
esta geração. 52 Ai de vós, doutores da lei, que usurpastes a chave
da ciência, e nem entrastes vós, nem deixastes entrar os que queriam entrar!». 53
Dizendo-lhes estas coisas, os fariseus e doutores da lei começaram a insistir
fortemente e a importuná-Lo com muitas perguntas, 54 armando-Lhe
ciladas, e buscando ocasião de Lhe apanharem alguma palavra da boca para O
acusarem.
CONSTITUIÇÃO DOGMÁTICA
LUMEN GENTIUM
SOBRE A IGREJA
CAPÍTULO
II
O POVO DE DEUS
A
Nova Aliança com o novo Povo de Deus
9.
Em todos os tempos e em todas as nações foi agradável a Deus aquele que O teme
e obra justamente (cfr. Act. 10,35). Contudo, aprouve a Deus salvar e
santificar os homens, não individualmente, excluída qualquer ligação entre
eles, mas constituindo-os em povo que O conhecesse na verdade e O servisse
santamente. Escolheu, por isso, a nação israelita para Seu povo. Com ele
estabeleceu uma aliança, a ele instruiu gradualmente, manifestando-Se a Si
mesmo e ao desígnio da própria vontade na sua história, e santificando-o para
Si. Mas todas estas coisas aconteceram como preparação e figura da nova e
perfeita Aliança que em Cristo havia de ser estabelecida e da revelação mais
completa que seria transmitida pelo próprio Verbo de Deus feito carne. Eis que
virão dias, diz o Senhor, em que estabelecerei com a casa de Israel e a casa de
Judá uma nova aliança... Porei a minha lei nas suas entranhas e a escreverei
nos seus corações e serei o seu Deus e eles serão o meu povo... Todos me
conhecerão desde o mais pequeno ao maior, diz o Senhor (Jer. 31, 31-34). Esta
nova aliança instituiu-a Cristo, o novo testamento no Seu sangue (cfr. 1 Cor.
11,25), chamando o Seu povo de entre os judeus e os gentios, para formar um
todo, não segundo a carne mas no Espírito e tornar-se o Povo de Deus. Com
efeito, os que crêem em Cristo, regenerados não pela força de germe corruptível
mas incorruptível por meio da Palavra de Deus vivo (cfr. 1 Ped. 1,23), não pela
virtude da carne, mas pela água e pelo Espírito Santo (cfr. Jo. 3, 5-6), são
finalmente constituídos em «raça escolhida, sacerdócio real, nação santa, povo
conquistado... que outrora não era povo, mas agora é povo de Deus» (1 Ped. 2,
9-10).
Este
povo messiânico tem por cabeça Cristo, «o qual foi entregue por causa das
nossas faltas e ressuscitado por causa da nossa justificação» (Rom. 4,25) e,
tendo agora alcançado um nome superior a todo o nome, reina glorioso nos céus.
E condição deste povo a dignidade e a liberdade dos filhos de Deus, em cujos
corações o Espírito Santo habita como num templo. A sua lei é o novo
mandamento, o de amar assim como o próprio Cristo nos amou (cfr. Jo. 13,34).
Por último, tem por fim o Reino de Deus, o qual, começado na terra pelo próprio
Deus, se deve desenvolver até ser também por ele consumado no fim dos séculos,
quando Cristo, nossa vida, aparecer (cfr. Col. 3,4) e «a própria criação for
liberta do domínio da corrupção, para a liberdade da glória dos filhos de Deus»
(Rom. 8,21). Por isso é que este povo messiânico, ainda que não abranja de
facto todos os homens, e não poucas vezes apareça como um pequeno rebanho, é,
contudo, para todo o género humano o mais firme germe de unidade, de esperança
e de salvação. Estabelecido por Cristo como comunhão de vida, de caridade e de
verdade, é também por Ele assumido como instrumento de redenção universal e
enviado a toda a parte como luz do mundo e sal da terra (cfr. Mt. 5, 13-16).
Mas,
assim como Israel segundo a carne, que peregrinava no deserto, é já chamado
Igreja de Deus (cfr. 2 Esdr. 13,1, Num. 20,4, Deut. 23,1 ss.), assim o novo
Israel, que ainda caminha no tempo presente e se dirige para a futura e perene
cidade (cfr. Hebr. 13-14), se chama também Igreja de Cristo (cfr. Mt. 16,18),
pois que Ele a adquiriu com o Seu próprio sangue (cfr. Act. 20,28), encheu-a
com o Seu espírito e dotou-a dos meios convenientes para a unidade visível e
social. Aos que se voltam com fé para Cristo, autor de salvação e princípio de
unidade e de paz, Deus chamou-os e constituiu-os em Igreja, a fim de que ela
seja para todos e cada um sacramento visível desta unidade salutar (15).
Destinada a estender-se a todas as regiões, ela entra na história dos homens,
ao mesmo tempo que transcende os tempos e as fronteiras dos povos. Caminhando
por meio de tentações e tribulações, a Igreja é confortada pela força da graça
de Deus que lhe foi prometida pelo Senhor para que não se afaste da perfeita
fidelidade por causa da fraqueza da carne, mas permaneça digna esposa do seu
Senhor, e, sob a acção do Espírito Santo, não cesse de se renovar até, pela
cruz, chegar à luz que não conhece ocaso.
O
sacerdócio comum e o sacerdócio ministerial
10.
Cristo Nosso Senhor, Pontífice escolhido de entre os homens (cfr. Hebr. 5,
1-5), fez do novo povo um «reino sacerdotal para seu Deus e Pai» (Apor. 1,6,
cfr. 5, 9-10). Na verdade, os baptizados, pela regeneração e pela unção do
Espírito Santo, são consagrados para serem casa espiritual, sacerdócio santo,
para que, por meio de todas as obras próprias do cristão, ofereçam oblações
espirituais e anunciem os louvores daquele que das trevas os chamou à sua
admirável luz (cfr. 1 Ped. 2, 4-10). Por isso, todos os discípulos de Cristo,
perseverando na oração e louvando a Deus (cfr. Act., 2, 42-47), ofereçam-se a
si mesmos como hóstias vivas, santas, agradáveis a Deus (cfr. Roma 12,1), deem
testemunho de Cristo em toda a parte e àqueles que lha pedirem deem razão da
esperança da vida eterna que neles habita (cfr. 1 Ped. 3,15). O sacerdócio
comum dos fiéis e o sacerdócio ministerial ou hierárquico, embora se
diferenciem essencialmente e não apenas em grau, ordenam-se mutuamente um ao
outro, pois um e outro participam, a seu modo, do único sacerdócio de Cristo
(16). Com efeito, o sacerdote ministerial, pelo seu poder sagrado, forma e
conduz o povo sacerdotal, realiza o sacrifício eucarístico fazendo as vezes de
Cristo e oferece-o a Deus em nome de todo o povo, os fiéis, por sua parte,
concorrem para a oblação da Eucaristia em virtude do seu sacerdócio real (17),
que eles exercem na recepção dos sacramentos, na oração e acção de graças, no
testemunho da santidade de vida, na abnegação e na caridade operosa.
O
exercício do sacerdócio comum nos sacramentos
11.
A índole sagrada e, orgânica da comunidade sacerdotal efectiva-se pelos
sacramentos e pelas virtudes. Os fiéis, incorporados na Igreja pelo Baptismo,
são destinados pelo carácter baptismal ao culto da religião cristã e,
regenerados para filhos de Deus, devem confessar diante dos homens a fé que de
Deus receberam por meio da Igreja (18). Pelo sacramento da
Confirmação, são mais perfeitamente vinculados à Igreja, enriquecidos com uma
força especial do Espírito Santo e deste modo ficam obrigados a difundir e
defender a fé por palavras e obras como verdadeiras testemunhas de Cristo (19).
Pela participação no sacrifício eucarístico de Cristo, fonte e centro de toda a
vida cristã, oferecem a Deus a vítima divina e a si mesmos juntamente com ela (20),
assim, quer pela oblação quer pela sagrada comunhão, não indiscriminadamente
mas cada um a seu modo, todos tomam parte na acção litúrgica. Além disso,
alimentados pelo corpo de Cristo na Eucaristia, manifestam visivelmente a
unidade do Povo de Deus, que neste augustíssimo sacramento é perfeitamente
significada e admiravelmente realizada.
Aqueles
que se aproximam do sacramento da Penitência, obtêm da misericórdia de Deus o
perdão da ofensa a Ele feita e ao mesmo tempo reconciliam-se com a Igreja, que
tinham ferido com o seu pecado, a qual, pela caridade, exemplo e oração,
trabalha pela sua conversão. Pela santa Unção dos enfermos e pela oração dos
presbíteros, toda a Igreja encomenda os doentes ao Senhor padecente e
glorificado para que os salve (cfr. Tg. 5, 14-16), mais ainda, exorta-os a que,
associando-se livremente à Paixão e morte de Cristo (cfr. Rom. 8,17, Col. 1,24,
2 Tim. 11,12, 1 Ped. 4,13), concorram para o bem do Povo de Deus. Por sua vez,
aqueles de entre os fiéis que são assinalados com a sagrada Ordem, ficam
constituídos em nome de Cristo para apascentar a Igreja com a palavra e graça
de Deus. Finalmente, os cônjuges cristãos, em virtude do sacramento do
Matrimónio, com que significam e. participam o mistério da unidade do amor
fecundo entre Cristo e a Igreja (cfr. Ef. 5,32), auxiliam-se mutuamente para a
santidade, pela vida conjugal e pela procriação e educação dos filhos, e têm
assim, no seu estado de vida e na sua ordem, um dom próprio no Povo de Deus
(cfr. 1 Cor. 7,7) (21) Desta união origina-se a família, na qual nascem novos
cidadãos da sociedade humana os quais, para perpetuar o Povo de Deus através
dos tempos, se tornam filhos de Deus pela graça do Espírito Santo, no Baptismo.
Na família, como numa igreja doméstica, devem os pais, pela palavra e pelo
exemplo, ser para os filhos os primeiros arautos da fé e favorecer a vocação
própria de cada um, especialmente a vocação sagrada.
Munidos
de tantos e tão grandes meios de salvação, todos os fiéis, seja qual for a sua
condição ou estado, são chamados pelo Senhor à perfeição do Pai, cada um por
seu caminho.
O
sentido da fé e dos carismas no povo cristão
12.
O Povo santo de Deus participa também da função profética de Cristo, difundindo
o seu testemunho vivo, sobretudo pela vida de fé e de caridade oferecendo a
Deus o sacrifício de louvor, fruto dos lábios que confessam o Seu nome (cfr.
Hebr. 13,15). A totalidade dos fiéis que receberam a unção do Santo (cfr. Jo.
2, 20 e 27), não pode enganar-se na fé, e esta sua propriedade peculiar
manifesta-se por meio do sentir sobrenatural da fé do povo todo, quando este,
«desde os Bispos até ao último dos leigos fiéis» (22), manifesta
consenso universal em matéria de fé e costumes. Com este sentido da fé, que se
desperta e sustenta pela acção do Espírito de verdade, o Povo de Deus, sob a
direcção do sagrado magistério que fielmente acata, já não recebe simples
palavra de homens mas a verdadeira palavra de Deus (cfr. 1 Tess. 2,13), adere
indefectivelmente à fé uma vez confiada aos santos (cfr. Jud. 3), penetra-a
mais profundamente com juízo acertado e aplica-a mais totalmente na vida.
Além
disso, este mesmo Espírito Santo não só santifica e conduz o Povo de Deus por
meio dos sacramentos e ministérios e o adorna com virtudes, mas «distribuindo a
cada um os seus dons como lhe apraz» (1 Cor. 12,11), distribui também graças
especiais entre os fiéis de todas as classes, as quais os tornam aptos e
dispostos a tomar diversas obras e encargos, proveitosos para a renovação e
cada vez mais ampla edificação da Igreja, segundo aquelas palavras: «a cada
qual se concede a manifestação do Espírito em ordem ao bem comum» (1 Cor.
12,7). Estes carismas, quer sejam os mais elevados, quer também os mais simples
e comuns, devem ser recebidos com acção de graças e consolação, por serem muito
acomodados e úteis às necessidades da Igreja. Não se devem porém, pedir
temerariamente, os dons extraordinários nem deles se devem esperar com
presunção os frutos das obras apostólicas, e o juízo acerca da sua
autenticidade e recto uso, pertence àqueles que presidem na Igreja e aos quais
compete de modo especial não extinguir o Espírito mas julgar tudo e conservar o
que é bom (cfr. 1 Tess. 5, 12. 19-21).
Universalidade
e catolicidade do único Povo de Deus
13.
Ao novo Povo de Deus todos os homens são chamados. Por isso, este Povo,
permanecendo uno e único, deve estender-se a todo o mundo e por todos os
séculos, para se cumprir o desígnio da vontade de Deus que, no princípio, criou
uma só natureza humana e resolveu juntar em unidade todos os seus filhos que estavam
dispersos (cfr. Jo. 11,52). Foi para isto que Deus enviou o Seu Filho, a quem
constituiu herdeiro de todas as coisas (cfr. Hebr. 1,2), para ser mestre, rei e
sacerdote universal, cabeça do novo e universal Povo dos filhos de Deus. Para
isto Deus enviou finalmente também o Espírito de Seu Filho, Senhor e fonte de
vida, o qual é para toda a Igreja e para cada um dos crentes princípio de
agregação e de unidade na doutrina e na comunhão dos Apóstolos, na fracção do
pão e na oração (cfr. Act. 2,42 gr.).
E
assim, o Povo de Deus encontra-se entre todos os povos da terra, já que de
todos recebe os cidadãos, que o são dum reino não terrestre mas celeste. Pois
todos os fiéis espalhados pelo orbe comunicam com os restantes por meio do
Espírito Santo, de maneira que «aquele que vive em Roma, sabe que os indianos
são membros seus» (23). Mas porque o reino de Cristo não é deste
mundo (cfr. Jo. 18,36), a Igreja, ou seja o Povo de Deus, ao implantar este
reino, não subtrai coisa alguma ao bem temporal de nenhum povo, mas, pelo
contrário, fomenta e assume as qualidades, as riquezas, os costumes e o modo de
ser dos povos, na medida em que são bons, e assumindo-os, purifica-os,
fortalece-os e eleva-os. Pois lembra-se que lhe cumpre ajuntar-se com aquele
rei a quem os povos foram dados em herança (cfr. Salm. 2,8), e para a cidade à
qual levam dons e ofertas (cfr. Salm. 71 [72], 10, Is. 60, 47, Apoc. 21,24).
Este carácter de universalidade que distingue o Povo de Deus é dom do Senhor,
por Ele a Igreja católica tende eficaz e constantemente à recapitulação total
da humanidade com todos os seus bens sob a cabeça, Cristo, na unidade do Seu
Espírito (24).
Em
virtude desta mesma catolicidade, cada uma das partes traz às outras e a toda a
Igreja os seus dons particulares, de maneira que o todo e cada uma das partes
aumentem pela comunicação mútua entre todos e pela aspiração comum à plenitude
na unidade. Daí vem que o Povo de Deus não só se forma de elementos oriundos de
diversos povos mas também se compõe ele mesmo de várias ordens. Existe de facto
entre os seus membros diversidade, quer segundo as funções, enquanto alguns
desempenham o sagrado ministério a favor de seus irmãos, quer segundo a
condição e estado de vida, enquanto muitos, no estado religioso, buscando a
santidade por um caminho mais estreito, estimulam os irmãos com o seu exemplo.
É também por isso que na comunhão eclesial existem legitimamente igrejas
particulares com tradições próprias, sem detrimento do primado da cátedra de
Pedro, que preside à universal assembleia da caridade (25), protege
as legítimas diversidades e vigia para que as particularidades ajudem a unidade
e de forma alguma a prejudiquem. Daí, finalmente, os laços de íntima união
entre as diversas partes da Igreja, quanto às riquezas espirituais, obreiros
apostólicos e ajudas materiais. Pois os membros do Povo de Deus são chamados a
repartir entre si os bens, valendo para cada igreja as palavras do Apóstolo:
«cada um ponha ao serviço dos outros o dom que recebeu, como bons
administradores da multiforme graça de Deus» (1 Ped. 4,10).
Todos
os homens são chamados a esta unidade católica do Povo de Deus, a qual anuncia
e promove a paz universal, a ela pertencem, de vários modos, ou a ela se
ordenam, quer os católicos quer os outros que acreditam em Cristo quer,
finalmente, todos os homens em geral, pela graça de Deus chamados à salvação.
Os
fiéis católicos, a necessidade da Igreja
14.
O sagrado Concílio volta-se primeiramente para os fiéis católicos. Fundado na
Escritura e Tradição, ensina que esta Igreja, peregrina sobre a terra, é
necessária para a salvação. Com efeito, só Cristo é mediador e caminho de
salvação e Ele torna-Se-nos presente no Seu corpo, que é a Igreja, ao inculcar
expressamente a necessidade da fé e do Baptismo (cfr. Mc. 16,16, Jo. 3,15),
confirmou simultaneamente a necessidade da Igreja, para a qual os homens entram
pela porta do Baptismo. Pelo que, não se poderiam salvar aqueles que, não
ignorando ter sido a Igreja católica fundada por Deus, por meio de Jesus
Cristo, como necessária, contudo, ou não querem entrar nela ou nela não querem
perseverar.
São
plenamente incorporados à sociedade que é a Igreja aqueles que, tendo o
Espírito de Cristo, aceitam toda a sua organização e os meios de salvação nela
instituídos, e que, pelos laços da profissão da fé, dós sacramentos, do governo
eclesiástico e da comunhão, se unem, na sua estrutura visível, com Cristo, que
a governa por meio do Sumo Pontífice e dos Bispos. Não se salva, porém, embora
incorporado à Igreja, quem não persevera na caridade: permanecendo na Igreja
pelo «corpo», não está nela com o coração (26). Lembrem-se, porém,
todos os filhos da Igreja que a sua sublime condição não é devida aos méritos
pessoais, mas sim à especial graça de Cristo, se a ela não corresponderem com
os pensamentos, palavras e acções, bem longe de se salvarem, serão antes mais
severamente julgados (27).
Os
catecúmenos que, movidos pelo Espírito Santo, pedem explicitamente para serem
incorporados na Igreja, já lhe estão unidos por esse desejo, e a mãe Igreja já
os abraça com amor e solicitude.
(cont.)
Nota:
Revisão da versão portuguesa por ama.
_________________________________________
Notas:
15.
Cfr. S. Cipriano, Epist. 69, 6: PL 3, 1142 B, Hartel 3 B, p. 754: «inseparabile
unitatis sacramentum».
16.
Cfr. Pio XII, Aloc. Magnificate Dominum, 2 nov. 1954: AAS 46 (1954) p. 669.
Encícl. Mediator Dei, 20 nov. 1947: AAS 39 (1947) p, 555.
17.
Cfr. Pio XI, Encicl. Miserentissimus Redemptor, 8 maio 1928: AAS 29 (1928) p.
171 s. Pio XII, Aloc. Vous
nous avez, 22 set. 1956: AAS 48 (1956) p. 714.
18. Cfr. S. Tomás, Summa Theol.
III, q. 63, a. 2.
19. Cfr. S. Cirilo de Jerus. Catech.
17, de Spiritu Santo, II, 35-37: PG 33, 1009-1012. Nic. Cabasilas, De vita in
Christo, lib. III, de utilitate chrismatis: PG 150, 569-580. S. Tomás, Summa
Theol. 111, q. 65, a. 3 e q. 72, a. 1 e 5.
20.
Cfr. Pio XII, Encicl. Mediator Dei, 20 nov. 1947: AAS 39 (1947), sobretudo p.
552 s.
21.
1 Cor. 7, 7: «Unusquisque proprium donum (idion charisma) habet ex Deo: alius
quidem sie, alius vero sic». Cfr. S. Agostinho, De Dono Persev. 14, 37: PL 45,
1015 s.: Non tantum continentia Dei donum est, sed coniugatorum atiam
castitas».
22.
Cfr. S. Agostinho, De Praed. Sanct.
14, 27: PL 44, 980.
23. Cfr. S. J. Crisóstomo, In
Io. Hom. 65, 1: PG 59, 361.
24.
Cfr. S. Ireneu, Adv. Haer. 111, 16, 6, III, 22, 1-3: PG 7, 925 C-926 A, e 955
C-958 A: Harvey 2, 87 s. e 120-123, Sagnard, Ed. Sources Chrét., pp. 290-292 e 372 ss.
25. Cfr. S. Inácio M., Ad Rom.,
Pref.: ed. Funk, I, p. 252.
26.
Cfr. S. Agostinho, Bapt. c. Donat. V, 28, 39: PL 43, 197: «C'erte manifestum est, id quod dicitur, in
Ecclesia intus et foris, in corde, non in corpore cogitandum». Cfr. ib., III, 19, 26: col. 152, V, 18, 24: col. 189,
In Io. Tr. 61, 2: PL 35, 1800, etc. etc.
27.
Cfr. Lc. 12, 48: « Omni autem, cui multum datum est, multum quaeretur ab eo».
Cfr. Mt. 5, 19-20, 7, 21-22, 25, 41-46, Tg. 2,14.
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