Não duvideis, meus filhos: qualquer
forma de evasão das honestas realidades diárias é, para vós, homens e mulheres
do mundo, coisa oposta à vontade de Deus.
Pelo contrário, deveis compreender
agora – com uma nova clareza – que Deus vos chama a servi-Lo em e a partir das
ocupações civis, materiais, seculares da vida humana: Deus espera-nos todos os
dias no laboratório, no bloco operatório, no quartel, na cátedra universitária,
na fábrica, na oficina, no campo, no lar e em todo o imenso panorama do
trabalho. Ficai a saber: escondido nas situações mais comuns há um quê de
santo, de divino, que toca a cada um de vós descobrir.
Eu costumava dizer àqueles
universitários e àqueles operários que vinham ter comigo por volta de 1930 que
tinham que saber materializar a vida espiritual. Queria afastá-los assim da
tentação, tão frequente então como agora, de viver uma vida dupla: a vida
interior, a vida de relação com Deus, por um lado; e por outro, diferente e
separada, a vida familiar, profissional e social, cheia de pequenas realidades
terrenas.
Não, meus filhos! Não pode haver uma
vida dupla; se queremos ser cristãos, não podemos ser esquizofrénicos. Há uma
única vida, feita de carne e espírito, e essa é que tem de ser – na alma e no
corpo – santa e cheia de Deus, deste Deus invisível que encontramos nas coisas
mais visíveis e materiais.
Não há outro caminho, meus filhos: ou
sabemos encontrar Nosso Senhor na nossa vida corrente ou nunca O encontraremos
Por isso posso dizer-vos que a nossa época precisa de restituir à matéria e às
situações que parecem mais vulgares o seu sentido nobre e original, colocá-las
ao serviço do Reino de Deus, espiritualizá-las, fazendo delas o meio e a
ocasião do nosso encontro permanente com Jesus Cristo. (Temas
Actuais do Cristianismo, n. 114)
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