Compreende-se muito bem a impaciência,
a angústia, os inquietos anseios daqueles que, com uma alma naturalmente
cristã, não se resignam perante a injustiça individual e social que o coração
humano é capaz de criar. Tantos séculos de convivência dos homens entre si, e
ainda tanto ódio, tanta destruição, tanto fanatismo acumulado em olhos que não
querem ver e em corações que não querem amar!
Os bens da Terra, repartidos entre
muito poucos; os bens da cultura, encerrados em cenáculos... E, lá fora, fome
de pão e de sabedoria; vidas humanas – que são santas, porque vêm de Deus –
tratadas como simples coisas, como números de uma estatística! Compreendo e
compartilho dessa impaciência, levantando os olhos para Cristo, que continua a
convidar-nos a pormos em prática o mandamento novo do amor.
É preciso reconhecer Cristo que nos
sai ao encontro nos nossos irmãos, os homens. Nenhuma vida humana é uma vida
isolada; entrelaça-se com as demais. Nenhuma pessoa é um verso solto; todos
fazemos parte de um mesmo poema divino, que Deus escreve com o concurso da
nossa liberdade. (Cristo que passa, 111)
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