28/02/2014

Leitura espiritual para Fev 28

Não abandones a tua leitura espiritual.
A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemariaCaminho 116)


Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. 
O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.

Para ver, clicar SFF.
Evangelho: Lc 1, 57-80

57 Completou-se para Isabel o tempo de dar à luz e deu à luz um filho. 58 Os seus vizinhos e parentes ouviram falar da graça que o Senhor lhe tinha feito e congratulavam-se com ela. 59 Aconteceu que, ao oitavo dia, foram circuncidar o menino e chamavam-lhe Zacarias, do nome do pai.60 Interveio, porém, sua mãe e disse: «Não; mas será chamado João».61 Disseram-lhe: «Ninguém há na tua família que tenha este nome».62 E perguntavam por acenos ao pai como queria que se chamasse.63 Ele, pedindo uma tabuinha, escreveu assim: «O seu nome é João». Todos ficaram admirados. 64 E logo se abriu a sua boca, soltou-se a lingua e falava bendizendo a Deus. 65 O temor se apoderou de todos os seus vizinhos, e divulgaram-se todas estas maravilhas por todas as montanhas da Judeia. 66 Todos os que as ouviram as ponderavam no seu coração, dizendo: «Quem virá a ser este menino?». Porque a mão do Senhor estava com ele. 67 Zacarias, seu pai, ficou cheio do Espírito Santo, e profetizou dizendo: 68 «Bendito seja o Senhor, Deus de Israel, porque visitou e resgatou o Seu povo; 69 e suscitou uma força para nos salvar, na casa do Seu servo David, 70 conforme anunciou pela boca dos Seus santos profetas de outrora; 71 que nos livraria dos nossos inimigos, e das mãos de todos os que nos odeiam; 2 para exercer a Sua misericórdia a favor de nossos pais, e lembrar-Se da Sua santa aliança, 73 segundo o juramento que fez a nosso pai Abraão, de nos conceder 74 que, livres das mãos dos nossos inimigos, O sirvamos sem temor,75 diante d'Ele com santidade e justiça, durante todos os dias da nossa vida. 76 E tu, menino, serás chamado o profeta do Altíssimo, porque irás à frente do Senhor, a preparar os Seus caminhos; 77 para dar ao Seu povo o conhecimento da salvação, pela remissão dos seus pecados, 78 graças à terna misericórdia do nosso Deus, que nos trará do alto a visita do Sol Nascente, 79 para alumiar os que jazem nas trevas e na sombra da morte; para dirigir os nossos pés no caminho da paz». 80 Ora o menino crescia e se fortificava no espírito. E habitou nos desertos até ao dia da sua manifestação a Israel.


JESUS CRISTO NOSSO SALVADOR

Iniciação à Cristologia


b) Cristo faz-nos partícipes da vida divina

    Cristo veio para que o mundo «não pereça, mas que tenha a vida eterna» (Jo 3,16).
E conseguiu-nos a vida eterna – a vida do que é eterno, isto é a vida de Deus Pai, Filho e Espírito Santo -, de que agora já participamos verdadeiramente pela graça e que depois possuiremos plenamente no céu.
    Expressando este mesmo afecto com outros enunciados equivalentes, podemos dizer que Jesus nos alcança a justificação (cf. Rom 4,25), pois mediante a graça tira o pecado do coração do homem e fá-lo justo.
O bem que Ele nos abriu as portas do Céu e nos conseguiu o acesso ao reino dos céus, que é o nosso fim último ao qual estamos destinados pelo amor divino.
Mas do qual estávamos excluídos pelo pecado.

c) Outros efeitos da obra de Cristo

    A Sagrada Escritura enumera outros efeitos salvíficos da obra de Cristo que são diferentes aspectos compreendidos nos anteriores ou que derivam deles.
Entre outros frutos da redenção, citemos:

    A reconciliação, a comunhão e a amizade com Deus.

Ao pecar, o homem afastou-se de Deus na sua vontade, e de alguma forma (figuradamente) fez-se inimigo do Senhor enquanto ficou privado, não do amor divino, mas sim do efeito desse amor nele que é a graça.
Cristo reconcilia-nos com Deus enquanto tira o pecado que nos constitui em «inimigos» de Deus, e enquanto nos dá a graça que nos une a Deus, nos faz partícipes da sua vida íntima e nos constitui em seus «amigos»:

«Quando éramos inimigos, fomos reconciliados com Deus pela morte do seu Filho» (Rom 5,10).

    A renovação interior do homem.

A graça de Cristo não só ordena o coração do homem para Deus e o liberta do pecado, como supõe uma verdadeira renovação de todo o seu ser ao fazê-lo participe da vida divina.
Esta transformação é tão profunda que o pecador é feito como um «homem novo» «criado conforme a Deus em justiça e santidade verdadeiras» (Ef 4,24).
Já não tem somente a condição humana, mas também é agora participe da natureza divina, santo e filho de Deus:

«O que está em Cristo é uma nova criatura» (2 Cor 5,17).

    A libertação da morte e a ressurreição dos corpos.

A morte e tudo o que de dor e frustração se sintetiza nela é pena do pecado (cf. Rom 5,12; cf. Gen 2,17).
Ao destruir o pecado em nós, Cristo também nos liberta da morte que é uma das suas consequências.
Cristo, vencedor da morte, é a causa da nossa ressurreição que terá lugar no final dos tempos, quando «o último inimigo a ser destruído será a morte (…)
Quando este ser corruptível se revista de incorruptibilidade e este ser mortal se revista imortalidade, então se cumprirá a palavra da Escritura:

A morte foi devorada pela vitória. Onde está. Morte, a tua vitória? Onde está, morte, o teu aguilhão?» (1 Cor 15,26.54-55).

d) Atribuição dos diferentes efeitos da redenção aos diversos mistérios de Cristo

    Vimos no capítulo IX que a redenção do homem se deve a todos os mistérios da vida de Cristo, e principalmente ao mistério pascal.

Agora devemos acrescentar que também se atribuem se atribuem diferentemente alguns efeitos da redenção à sua Morte na cruz e outros à sua Ressurreição.
A razão é que a um determinado efeito se lhe atribui como causa própria aquele mistério de Cristo que o origina e que, além disso, tem alguma semelhança com ele, pois cada efeito tem uma semelhança com a sua causa[1].

Vejamos este ponto.

    Na reparação da vida da alma podem considerar-se dois aspectos: a remissão do pecado e a nova vida da alma (ainda que se trate de duas faces da mesma realidade, pois a remissão do pecado realiza-se por infusão da graça).

São Paulo distingue esses dois aspectos e atribui-os a diferentes mistérios de Cristo, pois diz:

«Foi entregue pelos nossos pecados e ressuscitado para nossa justificação» (Rom 4,15); e também a liturgia: «Com a sua morte, destruiu o pecado; ao ressuscitar deu-nos nova vida»[2].

    Assim pois, a libertação do pecado atribui-se normalmente à Paixão de Cristo (cf. Ap 1,5; cf. Ef 1,7), e a razão é que, além de ser causa eficiente e meritória da nossa salvação e de ser uma manifestação do pecado, é também causa exemplar do morrer-mos nós mesmos, do nosso morrer-mos uma vida segundo a carne ou uma vida segundo o pecado.

    A nova vida da alma, ao invés, atribui-se à Ressurreição de Cristo (cf. Rom 6,4) pois, além de ser causa eficiente da nossa salvação, é também causa exemplar da nossa nova vida sobrenatural e divina.

    E também em reparação da vida corporal se podem considerar dois aspectos: a ressurreição da morte e a restauração da vida.

A destruição da morte atribui-se à Morte de Cristo, e a nova vida do nosso corpo ou ressurreição atribui-se à Ressurreição de Cristo (cf. 1 Cor 15,12ss.), por razões semelhantes às mencionadas. Assim diz a liturgia:

«Morrendo destruiu a nossa morte, e ressuscitando restaurou a vida»[3].

4. Os frutos da redenção já são actuais, ainda que sejam escatológicos na sua plenitude

a) A salvação é uma realidade principalmente escatológica

    «O dia da redenção» (Ef 5,30), o dia da libertação completa do pecado e de todas as suas consequências, é escatológico[4]: dar-se-á quando Cristo reapareça com glória no fim do mundo para estabelecer o seu reino (a «parusía» e todos os seus inimigos sejam postos debaixo dos seus pés (cf. 1 Cor 15,25); então terá lugar a libertação de todo o mal e da morte mediante a ressurreição, que é «a redenção do nosso corpo» (Rom 8,23). Então alcançaremos a plenitude a Filiação Divina (cf. Rom 8,23; 1 Jo 3,3) e a perfeita posse da vida eterna, quando Deus seja tudo em todas as coisas (cf. 1 Cor 15,28). Então a criação inteira será renovada no homem (cf. Rom 8,19-22) e haverá «um novo céu e uma nova terra», frutos da redenção (Ap 21,1).

b) Agora já alcançamos salvação, ainda que todavia não seja completa

    A salvação é uma realidade que «já» começou no tempo presente.

«Agora é o dia da salvação» (2 Cor 6,2). Deus já «nos salvou (…) por meio do banho de regeneração e de renovação do Espírito Santo, que derramou que derramou sobre nós com largueza por meio de Jesus Cristo nosso Salvador» (Tit 3,5).

    Por meio de Cristo, mediante a fé e os sacramentos, já temos acesso ao Pai em comum com o Espírito Santo (cf. Ef 2,18), e já somos partícipes da natureza divina (cf. 2 Pd 1,4), já recebemos a adopção de filhos (cf. Jo 3,1-2), já fomos justificados pela sua graça e recebemos o perdão dos pecados.

    Mas, como dissemos, «todavia não» é completa a salvação do homem.
É que, segundo o desígnio divino, os efeitos da redenção comunicam-se aos membros de Cristo com uma certa ordem, pois estes devem imitar a sua Cabeça.
E assim como Cristo teve primeiro a graça na sua alma juntamente com a passibilidade do corpo, e depois chegou à glória, assim os seus membros recebem primeiro na alma o «espírito de adopção de filhos» (Rom 8,15) vivendo ainda num corpo passível, e depois chegarão à glória imortal:

«Se somos filhos, também herdeiros: herdeiro de Deus, co-herdeiros de Cristo; desde que padeçamos com Ele, para ser com Ele também glorificados» (Rom 8,17)[5].

c) A esperança escatológica dos cristãos

    Para os cristãos a chave da história está na Morte e Ressurreição do Senhor:

O mundo já está salvo, ainda que todavia não se tenha consumado a obra redentora. Certamente, «agora não vemos que tudo esteja já submetido a Cristo» (Heb 2,8), pois neste mundo permanecem as marcas do pecado, mas os poderes do mal foram vencidos na sua raiz pelo mistério pascal[6]; é como uma guerra em que a batalha decisiva já foi ganha e só resta ocupar o território inimigo para o libertar definitivamente.

    A vida da graça que Cristo nos comunica é uma incoação da glória, uma realidade que germinou agora e florescerá perfeita na eternidade (cf. Pd 1,23).
Agora já possuímos realmente essa semente de vida eterna e por isso temos a certeza de receber os seus frutos em plenitude. Como diz São Paulo: «Fomos salvos na esperança» (Rom 8,24; cf. Tit 3,27).
E São Tomás:

«Pela Paixão de Cristo, sua Morte, Ressurreição e Ascensão, fomos libertados do pecado e da morte e adquirimos a justiça e a glória da imortalidade; aquela realmente já e agora, e esta em esperança»[7]

    E assim como tudo o que é imperfeito procura naturalmente o seu fim e perfeição, a Igreja «anela o reino consumado e com todas as suas forças anseia reunir-se com o seu Rei na glória»[8]:

espera a sua plenitude escatológica.

5. A cooperação especial de Maria Santíssima na obra redentora de Cristo

    Segundo o desígnio divino, Maria não só recebeu a mais perfeita participação dos frutos da salvação – foi preservada imune de todo o pecado, cheia de graça, elevada ao céu e glorificada em corpo e alma -, como também foi associada de um modo singular e eminente à pessoa de Cristo e à sua obra redentora.

    A sua cooperação na obra da salvação.

Ela, desde o momento da concepção de Cristo, esteve intimamente unida ao seu Filho e «colaborou de maneira totalmente singular na obra do salvador pela sua fé, esperança e ardente amor, para restabelecer a vida sobrenatural dos homens.

Por esta razão é nossa mãe em ordem da graça»[9].

Toda a vida de Maria, a «escrava do Senhor», foi uma entrega fiel cheia de generosidade e abnegação para servir o plano redentor do seu Filhos.

    E «esta maternidade de Maria perdura sem cessar na economia da graça (…) até à realização plena e definitiva de todos os escolhidos. Com efeito, com a sua assunção aos céus, não abandonou a sua missão salvadora, antes continua a procurar-nos com a sua múltipla intercessão os dons da salvação eterna.[10].

    Maria é Mediadora na obra salvífica de Cristo.

O que dissemos de toda a Igreja, enquanto instrumento de Cristo para comunicar a salvação aos homens, diz-se singularmente de Maria Santíssima, e de um modo mais perfeito, uma vez que a Virgem é modelo e exemplo da própria Igreja[11], e Mãe de todos os fiéis.
    Maria participa de um modo singular na obra salvífica de Cristo, único mediador entre Deus e os homens:

foi feita mediadora unida ao seu Filho e «a Igreja não duvida em atribuir a Maria um tal ofício subordinado: experimenta-o continuamente e recomenda-o ao coração de todos os fiéis para que, apoiados nesta protecção maternal, se unam mais intimamente ao Mediador e Salvador»[12].

Esta «cooperação de Maria (…) participa da universalidade da mediação do Redentor, único Mediador»[13].

Assim, pois, Maria intervém – unida a seu Filho – na salvação de todos e cada um dos homens, na comunicação de todos os frutos da redenção e na dispensa de todas as graças.
Maria é realmente a Mãe que nos comunica a vida sobrenatural e que cuida amorosamente de cada um de nós.

    «Ad Iesum per Mariam»:

É uma lição e como que uma consigna surgidas na vida bimilenária da Igreja.
Por Maria alcançamos a união com o Salvador; por ela temos as graças necessárias para viver como filhos de Deus e alcançar a bem-aventurança eterna; e por ela temos parte na salvação que Deus nos dá por meio de Jesus Cristo.

Vicente Ferrer Barriendos
2005 by Ediciones Bauer, S.A., Alcalá, 28027 Madrid Trad. ama)




(cont.)





[1] Cf. S. TOMÁS DE AQUINO, S. Th. III,50,6; Compendium theologiae, I cap 239, n. 514.
[2] Prefácio dominical IV do tempo comum; cf. CEC, 654; S.Th. III,56,2, ad 4.
[3] Prefácio pascal I; cf. S.Th. III,56,1, ad 3 e ad 4.
[4] O termo «escatologia» deriva do grego (éskata, últimas coisas), e significa a ciência dos acontecimentos dos últimos tempos, dos que terão lugar no final do mundo.
[5] Cf. S.Th. III,49,3, ad 3.
[6] Cf. CCE, 671.
[7] Cf. S. TOMÁS DE AQUINO, S. Th. III,50,6; Compendium theologiae, I cap 241, n. 520.
[8] LG, 5; cf. N. 48.
[9] LG, 61.
[10] Lg, 62.
[11] Cf. LG, 63-65).
[12] LG, 62. «Todo o influxo salvífico da Bem-aventurada Virgem em favor dos homens (…) nasce do divino beneplácito e da superabundância dos méritos de Cristo, apoia-se na sua mediação, dela depende totalmente e da mesma tira toda a virtude; e longe de impedi-la, fomenta a união imediata dos crentes com Cristo» (LG, 60).
[13] JOÃO PAULO II, Enc. Redemptoris Mater, 40.

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