A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemaria, Caminho 116)
Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A.
O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.
Para ver, clicar SFF.
O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.
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Evangelho:
Mc 6, 14-33
14 Ora o rei Herodes
ouviu falar de Jesus, cujo nome se tinha tornado célebre. Uns diziam: «João
Baptista ressuscitou de entre os mortos; é por isso que o poder de fazer
milagres se manifesta n'Ele.» 15 Outros, porém, diziam: «É Elias». E
outros afirmavam: «É um profeta, como um dos antigos profetas». 16
Herodes, porém, ouvindo isto, dizia: «É João, a quem eu degolei, que
ressuscitou». 17 Porque Herodes tinha mandado prender João, e teve-o
a ferros numa prisão por causa de Herodíades, mulher de Filipe, seu irmão, com
a qual tinha casado. 18 Porque João dizia a Herodes: «Não te é
lícito ter a mulher de teu irmão». 19 Herodíades odiava-o e queria
fazê-lo morrer; porém, não podia, 20 porque Herodes, sabendo que
João era varão justo e santo, olhava-o com respeito, protegia-o e quando o
ouvia ficava muito perplexo, mas escutava-o com agrado. 21 Chegou,
porém, um dia oportuno, quando Herodes, no seu aniversário natalício, deu um
banquete aos grandes da corte, aos tribunos e aos principais da Galileia. 22
Tendo entrado na sala a filha da mesma Herodíades, dançou e agradou a Herodes e
aos seus convidados. O rei disse à jovem: «Pede-me o que quiseres e eu to
darei». 23 E jurou-lhe: «Tudo o que me pedires te darei, ainda que
seja metade do meu reino». 24 Ela, tendo saído, perguntou à mãe:
«Que hei-de pedir?». Ela respondeu-lhe: «A cabeça de João Baptista». 25
Tornando logo a entrar apressadamente junto do rei, fez este pedido: «Quero que
me dês imediatamente num prato a cabeça de João Baptista». 26 O rei
entristeceu-se, mas, por causa do juramento e dos convidados, não quis
desgostá-la. 27 Imediatamente mandou um guarda com ordem de trazer a
cabeça de João. Ele foi degolá-lo no cárcere, 28 levou a sua cabeça
num prato, deu-a à jovem, e esta deu-a à mãe. 29 Tendo sabido isto
os seus discípulos, foram, tomaram o corpo e o depuseram num sepulcro. 30
Tendo os Apóstolos voltado a Jesus, contaram-Lhe tudo o que tinham feito e
ensinado, 31 e Ele disse-lhes: «Vinde à parte, a um lugar solitário,
e descansai um pouco». Porque eram muitos os que iam e vinham e nem sequer
tinham tempo para comer. 32 Entrando, pois, numa barca, retiraram-se
à parte, a um lugar solitário. 33 Porém, viram-nos partir, e muitos
perceberam para onde iam e acorreram lá, a pé, de todas as cidades, e chegaram
primeiro que eles.
CARTA
ENCÍCLICA
SACERDOTII NOSTRI PRIMORDIA
DO
SUMO PONTÍFICE PAPA JOÃO XXIII
AOS
VENERÁVEIS IRMÃOS PATRIARCAS, PRIMAZES, ARCEBISPOS, BISPOS E OUTROS ORDINÁRIOS
DO LUGAR
EM
PAZ E COMUNHÃO COM A SÉ APOSTÓLICA
E
A TODO O CLERO E FIÉIS DO ORBE CATÓLICO
SOBRE
O SACERDÓCIO NO CENTENÁRIO DA MORTE
DO
SANTO CURA DE ARS
…/3
cont.
III. ZELO PASTORAL
O
santo cura d'Ars modelo de zelo apostólico
39.
Esta vida de ascese e de oração, cujos exemplos acabamos de expor, mostra
claramente o segredo do zelo pastoral de s. João Maria Vianney e da
extraordinária eficácia sobrenatural do seu ministério. Escrevia o nosso
predecessor, de feliz memória, Pio XII: "Que o padre se lembre que o
altíssimo ministério que lhe foi confiado será tanto mais fecundo quanto mais
estreitamente estiver unido com Cristo e se deixar guiar pelo seu
espírito". [65] A vida do cura d'Ars confirma, uma vez mais, esta grande
lei de todo o apostolado, fundada na própria palavra de Jesus: "Sem mim,
nada podeis fazer " (Jo 15,5).
40.
Sem dúvida, não se trata aqui de relembrar a admirável história deste humilde
pároco de aldeia, cujo confessionário foi, durante trinta anos, assediado por
multidões tão numerosas que certos espíritos fortes da época ousaram acusá-lo
de "perturbar o século XIX", [66] nem de tratar de todos os métodos
de apostolado, com que ele se desempenhava do seu ofício e que nem sempre se
podem aplicar em nossos dias. Basta-nos lembrar, sobre este ponto, que o Santo
foi no seu tempo um modelo de zelo pastoral nesta aldeia de França, onde a fé e
os costumes se ressentiam ainda dos abalos da Revolução. "Não há muito
amor de Deus nessa paróquia, tereis vós de o despertar" [67] lhe disseram
quando para lá o mandaram. Apóstolo infatigável, hábil e sagaz para conquistar
a juventude e santificar os lares, atento às necessidades humanas das suas
ovelhas, próximo da sua vida, trabalhando sem descanso por estabelecer escolas
cristãs e promover missões paroquiais, ele foi na verdade, para o seu pequenino
rebanho, o bom pastor, que conhece suas ovelhas e as livra dos perigos e conduz
com fortaleza e suavidade. Sem dar por isso, não fazia ele seu próprio elogio
nesta apóstrofe de um dos seus sermões: "Um bom pastor, um pastor segundo
o coração de Deus: eis o maior tesouro que Deus pode conceder a uma
paróquia"? [68]
41.
O exemplo do cura d'Ars conserva, na verdade, um valor permanente e universal
sobre três pontos essenciais, que nos apraz, veneráveis irmãos, propor à vossa
consideração.
Sentido
apurado das suas responsabilidades pastorais
42.
O que em primeiro lugar impressiona é o sentido apurado que ele tinha das suas
responsabilidades pastorais. A humildade e o conhecimento sobrenatural do valor
das almas fizeram-no levar com receio o ônus de pároco. "Meu amigo -
confiava ele a um colega -, não sabeis o que é passar duma paróquia para o
tribunal de Deus!" [69] Todos sabemos o desejo, que durante muito tempo o
atormentou, de fugir para um lugar retirado para aí "chorar a sua pobre
vida", e como a obediência e o zelo das almas o reconduziram sempre ao seu
posto.
43.
Mas se, em certas horas, ele se sentiu assim acabrunhado pelo seu cargo
excepcionalmente pesado, é precisamente porque tinha uma concepção heróica do
seu dever e das suas responsabilidades de pastor. Com efeito, nos primeiros
anos de seu ofício paroquial elevava ao céus a prece suplicante: "Meu
Deus, concedei-me a conversão da minha paróquia, sujeito-me a sofrer o que
quiserdes, durante toda a minha vida!" [70] E obteve do céu essa conversão. Mas, mais tarde,
confessava: "Quando vim para Ars, se tivesse previsto os sofrimentos que
lá me esperavam, teria morrido imediatamente, de medo?" [71] A exemplo dos
apóstolos de todos os tempos, ele via na cruz o grande meio sobrenatural de
cooperar na salvação das almas que lhe estavam confiadas. Por elas, sofria, sem
se queixar, calúnias, incompreensões e contradições; por elas, aceitou o
verdadeiro martírio físico e moral de uma presença quase ininterrupta no
confessionário, todos os dias, durante trinta anos; por elas, lutou como atleta
do Senhor contra os poderes infernais; por elas, mortificou seu corpo. E é
conhecida a sua resposta a um colega que se queixava da pouca eficácia do seu
ministério: "Rezastes, chorastes, gemestes, suspirastes. Mas porventura
jejuastes, fizestes vigílias, dormistes sobre o chão duro, fizestes penitências
corporais? Enquanto não o fizerdes, não julgueis que fizestes tudo!" [72]
44.
Dirigimo-nos a todos os padres, que têm cura de almas e incitamo-los a entender
a força ínsita nessas graves palavras! Examine cada um, segundo a prudência sobrenatural
que sempre deve regular nossas ações, a sua vida, e veja se é tal como a exige
a solicitude pastoral do povo que lhe está confiado. Sem nunca duvidar da misericórdia
divina que vem em auxílio da nossa fraqueza, e pondo os olhos em s. João Maria
Vianney, como num espelho, considere, a responsabilidade do cargo que assumiu.
"O grande mal para nós, párocos, deplorava o Santo, é que a alma se deixe
entibiar". Considerava isso um estado perigoso do pastor a quem não
impressiona ver tantas ovelhas que lhe estão confiadas vivendo na sordidez do
pecado. E, para melhor entender ainda os ensinamentos do cura d'Ars, que
"estava convencido que, para fazer bem aos homens, é preciso
amá-los", [73] examine-se cada um sobre a caridade que o anima para com
aqueles que Deus confiou aos seus cuidados e pelos quais Cristo morreu!
45.
É certo que a liberdade dos homens, ou determinados acontecimentos
independentes da sua vontade, podem por vezes opor-se aos esforços dos maiores
santos. Mas o padre nem por isso deve deixar de se lembrar que, segundo os
insondáveis desígnios da divina Providência, a sorte de muitas almas está
ligada ao seu zelo pastoral e ao exemplo da sua vida. Não será este pensamento
de tal natureza que provoque nos obreiros de Cristo, que são tíbios, uma
salutar inquietação e desperte nos fervorosos um zelo mais ardente?
Pregador
e catequista infatigável
46.
"Sempre pronto a corresponder às necessidades das almas", [74] João
Maria Vianney, como bom pastor, primou em procurar-lhes com abundância o alimento
primordial da verdade religiosa. Durante toda a sua vida, foi pregador e
catequista.
47.
Conhece-se o trabalho solícito e perseverante a que se obrigou para bem cumprir
este dom do seu cargo, "primeiro e máximo dever", segundo o Concílio
de Trento. Seus estudos, tardiamente feitos, foram laboriosos, e os sermões
custaram-lhe no começo não poucas vigílias. Mas que exemplo para os ministros
da palavras de Deus! Alguns não hesitam em desculpar, sem razão, a falta de
zelo nos estudos, invocando a pouca erudição do Santo. Deveriam antes imitar a
coragem com que se tornou apto para tão grande ministério, segundo a medida dos
dons que lhe foram repartidos, estes, aliás, não eram tão poucos como por vezes
se afirma, porque "tinha uma inteligência límpida e clara". [75]
48.
Em todo o caso, cada padre tem o dever de adquirir e desenvolver os
conhecimentos gerais e a cultura teológica proporcionada às suas aptidões e
funções. E praza a Deus que os pastores de almas façam sempre tanto como fez o
cura d'Ars para desenvolver a capacidade da sua inteligência e fortalecer a
memória com o exercício, sobretudo para tirar a iluminação do melhor de todos
os livros que é a cruz de Cristo! O seu bispo dizia dele a alguns dos seus
detractores: "Não sei se é instruído, mas, o que é certo, é que brilha com
luz do céu". [76]
49.
Foi com toda a razão que o nosso predecessor de feliz memória, Pio XII, não
hesitou em apresentar como modelo aos pregadores da cidade eterna o humilde
pároco de aldeia. "O santo cura d'Ars não tinha, por certo, o génio
natural dum P. Ségneri ou dum Benigno Bossuet; mas a convicção viva, clara e
profunda, de que estava animado, vibrava na sua palavra, brilhava nos seus
olhos, sugeria à sua imaginação e sensibilidade ideias, imagens, comparações
justas, apropriadas, deliciosas, que teriam encantado um s. Francisco de Sales.
Tais pregadores conquistam o auditório. Àquele que está cheio de Cristo não
será difícil conquistar os outros para Cristo". (77) Estas palavras
descrevem à maravilha o cura d'Ars, catequista e pregador. Quando, no fim da
vida com a voz enfraquecida, já não se podia fazer ouvir por todo o auditório,
era ainda pelo olhar de fogo, pelas lágrimas, pelos gemidos de amor de Deus ou
pela expressão de dor ao simples pensamento do pecado, que convertia os fiéis
atraídos para junto da sua cátedra. Com efeito, quem não ficará impressionado
pelo testemunho duma vida tão inteiramente votada ao amor de Cristo?
50.
Até à santa morte, s. João Maria Vianney conservou-se assim fiel à missão de
instruir o povo e os peregrinos que enchiam a sua igreja, a denunciar "a
tempo e fora de tempo" (2 Tm 4,2), o mal sob todas as formas, sobretudo a
elevar as almas para Deus, porque "preferia antes mostrar o lado atraente
da virtude, do que a fealdade do vício". [78] Este humilde padre tinha,
com efeito, compreendido em alto grau a dignidade e a grandeza do ministério da
Palavra de Deus: "Nosso Senhor, que é a própria Verdade - dizia ele - não
faz menos caso da sua Palavra do que do seu corpo".
51.
Compreende-se assim a alegria dos nossos predecessores, oferecendo este pastor
de almas como modelo aos padres, porque é de suma importância que o clero seja,
em toda a parte e em todos os tempos, fiel ao seu dever de ensinar. Dizia a
este propósito s. Pio X: "Importa pôr em relevo, e com insistência, este
ponto essencial: um padre, seja quem for, não tem missão mais importante, nem
mais estrita obrigação". [79] Este vibrante apelo, constantemente renovado
pelos nossos predecessores, e de que se faz eco o Direito Canónico, [80] nós vo-lo
dirigimos, veneráveis irmãos, neste ano centenário do santo catequista e
pregador de Ars. Encorajamos as tentativas feitas com prudência, sob a vossa
orientação, em vários países, para melhorar as condições do ensino religioso
dos jovens e dos adultos, nas suas diversas formas e tendo em conta os
diferentes ambientes. Mas, por muito úteis que sejam tais trabalhos, Deus
faz-nos lembrar, neste centenário do cura d'Ars, o irresistível poder
apostólico de um padre que, tanto pela sua própria vida como pelas suas
palavras, presta homenagem a Cristo crucificado não com "a persuasiva linguagem
da sabedoria, mas com uma demonstração do poder do Espírito" (l Cor 2,4).
(cont.)
________________________________
Notas:
[65] Cf. Ibid.: AAS 42(1950),
p. 676.
[66] Cf. Arch. Secret. Vat. t.
227, p. 629.
[67] Cf. Ibid. t. 227, p.15.
[68] Cf. Sermons, 1909. t. 2,
p. 86.
[69] Cf. Arch. Secret. Vat. t.
227, p.1210.
[70] Cf. Ibid, t. 227, p. 53.
[71] Cf. Ibid. t. 227, p. 991.
[72] Cf. Ibid, t. 227, p. 53.
[73] Cf. Ibid. t. 227, p.1102.
[74] Cf. Ibid. t. 227, 580.
[75] Cf. Ibid.. t.
3897, p. 444.
[76]
Cf. Ibid, t. 3897, p. 272.
[77]
Cf. Discurso de 16 de março de 1946: AAS 38 (1946), p.186.
[78] Cf. Arch. Secret. Vat. t.
227, p.185.
[79]
Carta Enc. Acerbo nimis; Acta Pii X, II, p. 75.
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