Que Maria concebeu Jesus sem intervenção de varão é afirmado claramente nos dois primeiros capítulos dos evangelhos de S. Mateus e de S. Lucas:
“o que nela foi concebido é obra do Espírito Santo”, diz o anjo a
S. José [1] e
a Maria que pergunta “Como se fará isso, pois eu não conheço homem?” o anjo
responde-lhe: “O Espírito Santo descerá sobre ti e a virtude do Altíssimo te
cobrirá com a Sua sombra...” [2].
Por outro lado, o facto de Jesus confiar a sua Mãe a S. João,
quando está na Cruz, pressupõe que a Virgem não tivesse outros filhos. Que nos
evangelhos se mencionem por vezes os “irmãos de Jesus”, pode explicar-se pelo
uso do termo “irmãos” em hebreu no sentido de parentes próximos [3];
ou pensando que S. José tinha filhos de um matrimónio anterior; ou usando o termo
em sentido de membro do grupo de crentes tal como se usa no Novo Testamento [4]. A
igreja sempre acreditou na virgindade de Maria e chamou-a “a sempre virgem” [5], quer
dizer, antes, durante e depois do parto, como confessa uma fórmula tradicional.
A concepção virginal de Jesus deve ser entendida como uma obra do
poder de Deus – “ porque a Deus nada é impossível” [6] –
que escapa a toda compreensão e a qualquer possibilidade humanas.
Nada tem a ver com as representações mitológicas pagãs nas quais
um deus se une a uma mulher fazendo as vezes do varão. A concepção virginal de Jesus
trata-se de uma obra divina no seio de Maria semelhante à criação. Isto é
impossível de aceitar para o não crente, tal como o era para os judeus e para
os pagãos, entre os quais se inventaram toscas histórias acerca da concepção de
Jesus, como a que a atribui a um soldado romano chamado Pantheras. Na realidade,
esse personagem é uma ficção literária sobre a qual se inventa uma lenda para
fazer troça dos cristãos. Do ponto de vista da ciência histórica e filológica,
o nome Pantheras (ou Pandera) é uma paródia viciada da palavra parthénos (que em grego significa virgem). Aqueles
povos, que utilizavam o grego como língua de comunicação em grande parte do
império romano de oriente, ouviam os cristãos falar de Jesus como do Filho da
Virgem (huios parthénou), e quando queriam troçar deles chamavam-no «o filho de
Pantheras». Tais histórias, ao fim e ao cabo, apenas testemunham que a Igreja acreditava
na virgindade de Maria, ainda que parecesse impossível.
A concepção virginal de Jesus é um sinal de que Jesus é verdadeiramente
Filho de Deus por natureza – daí que não tenha um pai humano – ao mesmo tempo
que é verdadeiro homem nascido de uma mulher [7].
Nas passagens evangélicas mostra-se a absoluta iniciativa de Deus na história humana
para nos obter a vinda da salvação, e que esta se insere na própria história,
como mostram as genealogias de Jesus.
Jesus, concebido pelo Espírito Santo e sem cooperação de varão,
pode ser melhor compreendido como o novo Adão, que inaugura uma nova criação à qual
pertence o homem novo redimido por Ele [8].
A virgindade de Maria é além disso sinal da sua fé sem sombra de
qualquer dúvida, e da sua entrega plena à vontade de Deus. Inclusivamente se
diz que por essa fé, Maria concebe Cristo antes na sua mente que no seu ventre,
e que “ é mais bem-aventurada ao receber Cristo pela fé, que ao conceber no seu
seio a carne de Cristo” [9].
Sendo virgem e mãe, Maria é também figura a Igreja e a sua mais perfeita
realização.
© www.opusdei.org - Textos
elaborados por uma equipa de professores de Teologia da Universidade de Navarra,
dirigida por Francisco Varo.
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