A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemaria, Caminho 116)
Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.
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Evangelho: Mt 5, 13-32
13 «Vós sois o sal da terra. Porém, se o
sal perder a sua força, com que será ele salgado? Para nada mais serve senão
para ser lançado fora e ser calcado pelos homens. 14 Vós sois a luz
do mundo. Não pode esconder-se uma cidade situada sobre um monte; 15
nem se acende uma candeia para a colocar debaixo do alqueire, mas no candelabro,
a fim de que dê luz a todos os que estão em casa. 16 Assim brilhe a
vossa luz diante dos homens para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem o
vosso Pai que está nos céus.17 «Não julgueis que vim abolir a Lei ou
os Profetas; não vim para os abolir, mas sim para cumprir.18 Porque
em verdade vos digo: antes passarão o céu e a terra, que passe uma só letra ou
um só traço da Lei, sem que tudo seja cumprido. 19 Aquele, pois, que
violar um destes mandamentos mesmo dos mais pequenos, e ensinar assim aos
homens, será considerado o mais pequeno no Reino dos Céus. Mas o que os guardar
e ensinar, esse será considerado grande no Reino dos Céus. 20 Porque
Eu vos digo que, se a vossa justiça não superar a dos escribas e fariseus, não
entrareis no Reino dos Céus. 21 «Ouvistes que foi dito aos antigos:
“Não matarás”, e quem matar será submetido ao juízo do tribunal. 22
Porém, Eu digo-vos que todo aquele que se irar contra o seu irmão, será
submetido ao juízo do tribunal. E quem chamar cretino a seu irmão será
condenado pelo sinédrio. E quem lhe chamar louco será condenado ao fogo da
Geena. 23 Portanto, se estás para fazer a tua oferta diante do
altar, e te lembrares ali que o teu irmão tem alguma coisa contra ti, 24
deixa lá a tua oferta diante do altar, e vai reconciliar-te primeiro com teu
irmão, e depois vem fazer a tua oferta. 25 Concilia-te sem demora com
o teu adversário, enquanto estás com ele no caminho, para que não suceda que
esse adversário te entregue ao juiz, e o juiz te entregue ao guarda, e sejas
metido na prisão. 26 Em verdade te digo: Não sairás de lá antes de
ter pago o último centavo. 27 «Ouvistes que foi dito: “Não cometerás
adultério”. 28 Eu, porém, digo-vos que todo aquele que olhar para
uma mulher, cobiçando-a, já cometeu adultério com ela no seu coração. 29
Por isso se o teu olho direito é para ti causa de pecado, arranca-o e lança-o
para longe de ti, porque é melhor para ti que se perca um dos teus membros, do
que todo o teu corpo seja lançado na Geena. 30 E se a tua mão
direita é para ti causa de pecado, corta-a e lança-a para longe de ti, porque é
melhor para ti que se perca um dos teus membros, do que todo o teu corpo seja
lançado na Geena. 31 «Também foi dito: “Aquele que repudiar sua
mulher, dê-lhe libelo de repúdio”. 32 Eu, porém, digo-vos: todo
aquele que repudiar sua mulher, a não ser por causa de união ilegítima,
expõe-na a adultério; e o que desposar a mulher repudiada, comete adultério.
CAMINHO DE PERFEIÇÃO
CAPÍTULO 16.
Da diferença que
deve haver entre a perfeição da vida dos contemplativos e dos que se contentam
com oração mental, e como é possível algumas vezes Deus subir uma alma
distraída à perfeita contemplação e a causa disto. É muito de ter em conta este
capítulo e o que lhe segue.
1. E não vos
pareça muito tudo isto, pois vou entabulando o jogo, como dizem. Pedistes-me
que vos dissesse os princípios da oração; e eu, filhas, ainda que Deus não me
levou por este princípio, porque nem mesmo o devo ter destas virtudes, não sei
outro. Pois crede que, quem não sabe colocar as peças no jogo do xadrez, mal
saberá jogar; e, se não souber dar xeque, não saberá dar mate. Assim me havíeis
de repreender pois falo em coisas de jogo, não havendo jogos nesta casa, nem os
podendo haver. Por aqui vereis a madre que Deus vos deu, que até esta vaidade
sabia; mas dizem que é licito algumas vezes. E quão lícita será para nós esta
maneira de jogar, e quão depressa, se muito a usarmos, daremos xeque-mate a
este Rei divino que não poderá escapar-nos das mãos, nem quererá!
2. A dama é a que
mais guerra Lhe pode fazer neste jogo e todas as outras peças ajudam. Não há
dama que assim O force a render-se como a humildade. Esta trouxe-o do Céu no
seio da Virgem; e também por ela O traremos preso por um fio de cabelo às nossa
almas. E crede: quem maior a tiver, mais O possuirá, e quem menos, menos.
Porque não posso entender como haja nem possa haver humildade sem amor nem amor
sem humildade, nem é possível haver estas duas virtudes sem grande desapego de
todas as coisas.
3. Direis, minhas
filhas, «para que vos falo em virtudes, quando tendes tantos livros que vo-las
ensinam e não quereis senão contemplação». - Digo que, se pedísseis meditação
ainda pudera falar-vos dela e aconselhar a todos que a tivessem, ainda mesmo
que não tenham virtudes; porque é princípio para alcançar todas as virtudes e
coisa em que o começá-la nos vai a vida, a todos nós os cristãos, e nenhum, por
perdido que esteja, se Deus o desperta para tão grande bem, havia de a deixar,
como já escrevi noutro lugar,s e outros muitos o têm feito, pois sabem o que
escrevem; eu, por certo, não sei. Deus bem o sabe.
4. Mas
contemplação é outra coisa, filhas, que este é o engano que todos temos, pois,
em chegando alguém a pensar uns momentos cada dia em seus pecados (a isso está
obrigado, se é cristão mais que de nome), dizem que é muito contemplativo; e
logo o querem com tão grandes virtudes, como está obrigado a tê-làs o muito contemplativo,
e até ele assim o quer, mas está errado. Nos princípios não soube entabular o
jogo; pensou que bastava conhecer as peças para dar mate, e é impossível, pois
este Rei não se dá, senão a quem se dá de todo a Ele.
5. Assim pois,
filhas, se quereis que vos diga o caminho para chegar à contemplação, sofrei
que me alongue um pouco em coisas que, embora à primeira vista não vos pareçam
muito importantes, todavia, a meu parecer, não o deixam de ser. E, se não as
quereis ouvir nem pôr por obra, ficai-vos com a vossa oração mental toda a
vossa vida, que eu vos asseguro e a todas as pessoas que pretenderem este bem
(e bem pode ser que me engane, porque julgo por mim que o procurei vinte anos),
que não chegareis à verdadeira contemplação.
6. Quero agora
declarar - porque algumas de vós não o entendereis - o que é oração mental; e
praza a Deus que tenhamos esta como se deve ter. Mas também tenho medo que se
tenha com muito trabalho se não se procuram ter as virtudes, ainda que não são
precisas em tão alto grau como para a contemplação. Digo que não virá o Rei da
Glória à nossa alma - a estar unido com ela -, se não nos esforçarmos por
ganhar as grandes virtudes. Quero-o declarar, porque, se me apanhardes nalguma
coisa que não seja verdade, não acreditareis nada, e teríeis razão se fosse com
advertência, mas não me dê Deus lugar a tal; será por não saber mais ou não o
entender. Quero, pois, dizer que, algumas vezes, quererá Deus fazer tão grande
favor a pessoas que estejam em mau estado para as tirar, por este meio, das
mãos do demónio.
7. Ó Senhor meu,
quantas vezes Vos fazemos andar a braços com o demónio! Não bastou que Vos
deixásseis tomar neles quando Vos levou ao pináculo, para nos ensínardes a
vencê-lo? Mas, que seria, filhas, ver aquele Sol junto com as trevas e que
temor não levaria aquele desventurado sem saber de quê, pois Deus não permitiu
o entendesse! Bendita seja tanta piedade e misericórdia; que vergonha
deveríamos ter os cristãos, de O fazer andar cada dia a braços com tão suja
besta. Bem preciso foi, Senhor, que os tivésseis tão fortes; mas, como não Vos
ficaram eles fracos de tantos tormentos que passastes na cruz? Oh! que tudo o
que se sofre com amor torna a curar-se! E assim creio que, se ficásseis com
vida, o mesmo amor que nos tínheis, tornaria a soldar Vossas chagas, e não
seria mister outra medicina. O Deus meu! E quem tal a pusesse em todas as
coisas que me dessem pena e trabalhos! Que de boa vontade as desejaria se
tivesse por certo ser curada com tão salutar unguento!
8. Voltando ao que
dizia, há almas que Deus entende que, por este meio, as pode granjear para Si.
Já que as vê de todo perdidas, quer Sua Majestade que de Sua parte nada falte;
e, ainda que estejam em mau estado e falhas de virtudes, dá-lhes gostos,
regalos e ternura que começam a mover-lhe os desejos e até a pô-las algumas
vezes em contemplação, ainda que poucas e dura pouco. E faz isto, como digo,
porque as prova para ver se, com aquele favor, elas se querem dispor para O
gozar muitas vezes. Mas, se não se dispõem, perdoem - ou, para melhor dizer,
perdoai-nos Vós, Senhor - que grande mal é que Vos chegueis Vós a uma alma
desta sorte e ela se achegue depois a coisa da terra para se apegar a ela.
9. Tenho para mim
que há muitos a quem Deus Nosso Senhor faz essa prova e poucos os que se
dispõem para gozar desta mercê. Pois, quando O Senhor a faz e nós não faltamos,
tenho por certo que nunca cessa de dar até chegar a muito alto grau. Quando não
nos damos a Sua Majestade com a determinação com que Ele se dá a nós, muito faz
em nos deixarem oração mental e de nos visitar, de quando em quando, como
criados que trabalham em Sua vinha. Mas estoutros são filhos queridos, não os
quereria afastar de ao pé de Si; nem os afasta, porque já eles não se querem
afastar; senta-os à Sua mesa, dá-lhes do mesmo que come, até tirar o bocado da
boca para lho dar.
10. Oh! Ditoso
cuidado, filhas minhas! Oh! Bem-aventurada renúncia de coisas tão pequenas e
tão baixas que leva a tão alto estado! Vede o que se vos dará, estando nos
braços de Deus, que vos culpe todo o mundo! Poderoso é para livrar-vos de tudo;
uma vez que quis fazer o mundo, mandou e foi feito: Seu querer é operar. Pois
não tenhais medo que, se não for para maior bem daquele que O ama, consinta que
outros falem contra vós; não quer pouco a quem Lhe quer. Pois, porquê minhas
irmãs, não Lhe mostraremos nós, tanto quanto pudermos, o nosso amor? Olhai que
bela troca dar o nosso amor pelo Seu; vede que Ele pode tudo, e aqui não
pudemos nada senão o que Ele nos faz poder. Pois, que é isto que fazemos por
Vós, Senhor, nosso Fazedor? É tanto como nada, uma determinaçãozita. Pois se,
pelo que não é nada, quer Sua Majestade que mereçamos o Tudo, não sejamos
desatinadas.
11. Ó Senhor! Que
todo o dano nos vem de não ter os olhos postos em Vós, que, se não olhássemos a
outra coisa senão o caminho, depressa chegaríamos; mas damos mil quedas e
tropeçamos e erramos o caminho por não pôr os olhos, como digo, no verdadeiro
caminho. Parece que nunca se andou por ele, tanto se nos faz novo. É coisa para
se lastimar, por certo, o que algumas vezes se passa.
Pois, tocar-se
numa pontinha de se ser tido em menos, não se suporta, nem parece que se possa
suportar; logo dizem: «não somos santos!».
12. Deus nos
livre, irmãs, quando fizermos alguma coisa imperfeita, de dizer: «não somos
anjos», «não somos santas». Olhai que, embora o não sejamos, é grande bem
pensar que, se nos esforçamos, o poderemos ser, dando-nos Deus a mão; e não
tenhais medo que falhe por Ele, se não falharmos nós. E porque não viemos aqui
a outra coisa, mãos à obra, como dizem; não vejamos coisa em que se sirva mais
ao Senhor que não presumamos sair bem dela, com o Seu favor. Esta presunção
quereria eu nesta casa, porque faz sempre crescer a humildade: ter uma santa ousadia,
pois Deus ajuda aos fortes e não faz acepção de pessoas.
13. Muito me tenho
desviado do assunto; quero voltar ao que dizia,` que é declarar o que é oração
mental e contemplação. Impertinente parece, mas para vós tudo passa; e poderá
ser que o entendais melhor no meu grosseiro estilo, do que noutros elegantes. O
Senhor me dê o Seu favor para isto, ámen.
CAPÍTULO 17.
De como nem todas
as almas são para a contemplação e como algumas chegam ela tarde e que o
verdadeiro humilde há-de ir contente pelo caminho por onde levar o Senhor.
1. Parece que vou
entrando na oração, mas falta-me um pouco por dizer que importa muito, porque é
da humildade e é necessário nesta casa; porque é o exercício principal da
oração e, como disse, importa muito qu trateis de entender como exercitar-vos
na humildade. E este é um pont muito importante dela e muito necessário para
todas as pessoas que se exei citam na oração. Como poderá o verdadeiro humilde
pensar que é tão boi como os que chegam a ser contemplativos? Que Deus o pode
fazer ta sim, por Sua bondade e misericórdia. Mas, a meu conselho, ponha-se
sempre no lugar mais baixo, que assim nos disse o Senhor o fizéssemos e no-lo
ensinou por obra.; Disponha-se para ir por esse caminho, se Deus o quis levar
por ele. Quando Ele não o quiser, para isso é a humildade; e cada ir de vós-
tenha-se por ditosa em servir as servas do Senhor e louva-lO porque, merecendo
ser serva dos demónios no inferno, a trouxe Sua Majestade para junto delas.
2. Não digo isto
sem grande causa, porque, como tenho dito, é coisa que importa muito entender
que Deus não leva a todos por um só caminho e, porventura, aquele a quem
parecer que vai por um muito mais baixo, é mais alto aos olhos do Senhor.
Assim, nem porque
nesta casa todas tratem de oração, hão-de ser todas contemplativas. É
impossível. E será grande desconsolo para a que não é, não entender esta
verdade, que isto é coisa dada por Deus. E, pois não é necessária à salvação,
nem Ele no-la pede, não pense que lha exigirá alguém; e não deixará de ser por
isso muito perfeita, se fizer o que fica dito: até poderá ser que tenha muito
mais mérito por isso ser com mais trabalho seu, e a leva o Senhor como a forte
e tem-lhe guardado, para lhe dar por junto, tudo o que não goza aqui. Não
esmoreça por isso, nem deixe a oração e de fazer o mesmo que todas, que, às
vezes, vem o Senhor muito tarde e paga tão bem e tão por junto, como em muitos
anos tem dado a outros.
3. Eu estive mais
de catorze que não podia ter nem mesmo meditação sem recorrer à leitura. Haverá
muitas pessoas deste teor, e outras que, embora seja com leitura, não podem ter
meditação, senão só rezar vocalmente, e nisto se detêm mais. Há pensamentos tão
ligeiros, que não se podem fixar numa coisa, mas sempre desassossegados, e em
tal extremo que, se querem detê-lo a pensar em Deus, se lhes vai a mil
disparates e escrúpulos e dúvidas.
Eu conheço uma
pessoa bem idosa, de vida muito boa, penitente e muito serva de Deus, e emprega
muitas horas, há muitos anos, em oração vocal, e na mental não há remédio;
quando mais pode, pouco a pouco, vai-se detendo nas orações vocais. E outras
muitas pessoas há deste género e, se têm humildade, não creio que no fim fiquem
pior servidas, senão muito a par das que têm muitos gostos; e, em parte, com
mais segurança, porque não sabemos se os gostos são de Deus ou se os põe o
demónio. E se não são de Deus, é maior o perigo, porque, o que o demónio aqui
procura, é incutir soberba; mas, se são de Deus, não há que temer; consigo
trazem humildade, como escrevi largamente no outro livro.
4. Estes outros
andam com humildade e suspeitosos de que seja por sua culpa, sempre com cuidado
de ir adiante. Não vêem a outros chorar uma lágrima, se as não têm, que não
lhes pareça estar muito atrás no serviço de Deus, e devem estar, porventura,
muito mais adiante; porque as lágrimas, ainda que boas, não são todas
perfeitas; e na humildade, mortificação, desapego e noutras virtudes, sempre há
mais segurança. Não há que temer, nem tenhais medo que deixeis de chegar à
perfeição como os muito contemplativos.
5. Santa era santa
Marta, e não dizem que fosse contemplativa. Pois, que mais quereis do que
chegar a ser como esta bem-aventurada, que mereceu ter a Cristo Nosso Senhor
tantas vezes em sua casa e dar-Lhe de comer e servi-lO e comer com Ele à sua
mesa? Se se ficasse como a Madalena, embevecida, não teria havido quem desse de
comer a este divino Hóspede. Pois pensai que esta Congregação é a casa de Santa
Marta e que há-de haver de tudo. As que forem levadas pela vida activa, não
murmurem das que se embeberem na contemplação, pois sabem que, ainda que elas
se calem, o Senhor há-de tomar-lhes a defesa, pois, pela maior parte, as faz
descuidar de si e de tudo.
6. Lembrem-se que
é necessário haver quem Lhe guise a comida, e tenham-se por ditosas de O andar
a servir como Marta. Olhem que a verdadeira humildade consiste, em grande
parte, em estar muito pronto em se contentar com o que o Senhor quiser fazer de
cada um de nós, achando-nos sempre indignos de nos chamarmos Seus servos. Pois,
se contemplar e ter oração mental e vocal, e cuidar dos enfermos, e servir nas
coisas de casa e trabalhar, - mesmo no mais humilde -, se tudo é servir o
Hóspede que vem estar, comer e recrear-se connosco, que mais se nos dá que seja
nisto ou naquilo?
7. Não digo que falhe
pela nossa parte, mas que vos exerciteis em tudo, porque não está isto no vosso
escolher, senão no do Senhor; mas, se depois de muitos anos, quiser a cada uma
para seu ofício, bonita humildade seria quererdes escolher! Deixai o Senhor da
casa fazer o que quiser: sábio é Ele e poderoso e entende o que nos convém e o
que Lhe convém a Ele também. Estai certas que, fazendo o que está da vossa
parte, e preparando-vos para a contemplação com a perfeição que fica dita, se
Ele não vo-la dá (e creio não deixará de dar, se é verdadeiro o desapego e a
humildade), é que vos tem guardado este regalo para vo-lo dar por junto no Céu,
e - como já disse de outra vez - quer levar-vos como a fortes, dando-vos a
cruz, como Sua Majestade sempre aqui teve. E que maior amizade do que querer
para vós o que quis para Si? E poderia ser que não tivésseis tão grande prémio
na contemplação. São juízos seus, não há para que nos metermos neles. Grande
bem é que não fique à nossa escolha, pois logo -como nos parece de mais
descanso - seríamos todos grandes contemplativos.
Oh! Grande ganho
não querer ganhar segundo o nosso parecer para não temer perda, pois nunca Deus
permite que a tenha o bem mortificado, se não para ganhar mais!
santa teresa de
jesus
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