04/12/2013

Leitura espiritual para 04 Dez

Não abandones a tua leitura espiritual.
A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemariaCaminho 116)


Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.

Para ver, clicar SFF.

Evangelho: Mt 4, 12-25; 5, 1-12

12 Tendo Jesus ouvido dizer que João fora preso, retirou-Se para a Galileia. 13 Depois, deixando Nazaré, foi habitar em Cafarnaum, situada junto do mar, nos confins de Zabulon e Neftali, 14 cumprindo-se o que tinha sido anunciado pelo profeta Isaías, quando disse: 15 “Terra de Zabulon e terra de Neftali, terra que confina com o mar, país além do Jordão, Galileia dos gentios! 16 Este povo, que jazia nas trevas, viu uma grande luz, e uma luz levantou-se para os que jaziam na sombra da morte”. 17 Desde então, começou Jesus a pregar: «Fazei penitência porque está próximo o Reino dos Céus». 18 Caminhando ao longo do mar da Galileia, viu dois irmãos, Simão, chamado Pedro, e André, seu irmão, que lançavam a rede ao mar, pois eram pescadores. 19 «Segui-Me, disse-lhes, e Eu vos farei pescadores de homens». 20 E eles, imediatamente, deixando as redes O seguiram. 21 Passando adiante, viu outros dois irmãos, Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão, que estavam numa barca juntamente com seu pai Zebedeu, consertando as suas redes. E chamou-os. 22 Eles, deixando imediatamente a barca e o pai, seguiram-n'O. 23 Jesus percorria toda a Galileia, ensinando nas sinagogas e pregando o Evangelho do reino de Deus, e curando todas as enfermidades entre o povo. 24 A Sua fama espalhou-se por toda a Síria, e trouxeram-Lhe todos os que tinham algum mal, possuídos de vários achaques e dores: possessos, lunáticos, paralíticos. E Ele curava-os. 25 Seguiam-n'O grandes multidões de povo da Galileia, da Decápole, de Jerusalém, da Judeia e de além do Jordão.
Mt 5 1 Vendo Jesus aquelas multidões, subiu a um monte e, tendo-Se sentado, aproximaram-se d'Ele os discípulos. 2 E pôs-Se a falar e ensinava-os, dizendo: 3 «Bem-aventurados os pobres em espírito, porque deles é o Reino dos Céus. 4 «Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados. 5 «Bem-aventurados os mansos, porque herdarão a terra. 6 «Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados. 7 «Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia. 8 «Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus. 9 «Bem-aventurados os que promovem a paz, porque serão chamados filhos de Deus. 10 «Bem-aventurados os que sofrem perseguição por amor da justiça, porque deles é o Reino dos Céus. 11 «Bem-aventurados sereis, quando vos insultarem, vos perseguirem, e disserem falsamente toda a espécie de mal contra vós por causa de Mim. 12 Alegrai-vos e exultai, porque será grande a vossa recompensa nos céus, pois também assim perseguiram os profetas que viveram antes de vós.




CAMINHO DE PERFEIÇÃO

CAPÍTULO 13.
Prossegue na mesma matéria da mortificação e como se há-de fugir dos pontos de honra e das razões do mundo para chegar à verdadeira razão.

1. Muitas vezes vo-lo digo, irmãs, e agora quero-o deixar aqui escrito, para que não vos esqueçais de que, nesta casa, e até mesmo toda a pessoa que quiser ser perfeita, fuja a mil léguas de: «tive razão», «fizeram-mo sem razão», «não teve razão quem isto fez comigo»... De más razões livre-nos Deus. Parece que haveria razão para que o nosso bom Jesus sofresse tantas injúrias e Lhas fizessem, e tantas injustiças? A que não quiser carregar a cruz, senão a que lhe derem muito assente em razão, não sei para que está no convento; volte para o mundo, e ainda aí lhe não guardarão essas razões. Porventura podeis sofrer tanto, que não fiqueis a dever nada? Que razão é esta? Por certo, eu não a entendo.

2. Quando vos fizerem alguma honra, ou mercê ou bom tratamento, venham então essas razões, que certamente é contra a razão o fazerem-nos isto nesta vida. Mas, quando agravos - que assim os nomeiam sem nos fazerem agravo -, eu não sei que haja a dizer. Ou somos esposas de tão grande Rei, ou não. Se o somos, que mulher honrada haverá que não participe das desonras feitas a seu esposo? Ainda que o não queira por sua própria vontade, enfim, de honra ou desonra participam ambos. Pois, ter parte no Seu reino e dele gozar, e nas desonras e trabalhos querer ficar sem nenhuma parte, é disparate.

3. Que Deus não nos deixe querer isto, mas, aquela a quem lhe parecer que entre todas é tida em menos, considere-se a mais feliz; e assim é, se o souber levar como deve, que não lhe faltará honra nesta vida nem na outra. Acreditai-me nisto. Mas que disparate eu dizer que creiam em mim, dizendo-o a verdadeira Sabedoria!
Pareçamo-nos, filhas minhas, nalguma coisa com a grande humildade da Virgem Sacratíssima, cujo hábito trazemos, pois é confusão chamarmo-nos freiras suas; que, por muito que nos pareça que nos humilhamos, ficamos bem longe de ser filhas de tal Mãe e esposas de tal Esposo.
Assim que, se as ditas coisas se não atalham com diligência, o que hoje não parece nada, amanhã será porventura pecado venial; e é de tão má digestão que, se não tiverdes cuidado, não ficará só por aí: é coisa muito má em Congregações.

4. A isto deveríamos atender muito, nós as que vivemos nelas, para não causar dano às que trabalham por nos fazer bem e nos dar bom exemplo. E se entendêssemos o grande dano que se faz em dar começo a um mau costume, antes quereríamos morrer do que ser causa dele;- porque é morte corporal, e perdas nas almas é grande perca, que parece não se acaba de perder; porque, mortas umas, vêm outras, e a todas cabe, porventura, mais parte num mau costume que pusemos, que em muitas virtudes; porque o demónio não o deixa decair e, as virtudes, a própria fraqueza natural as faz perder.

5. Oh! que grandíssima caridade faria e que grande serviço a Deus, a freira que, se em si visse que não pode seguir os costumes que há nesta casa, o reconhecesse e se fosse! E olhe que é o que lhe cumpre fazer, se não quer ter um inferno cá na terra; e praza a Deus não tenha depois outro, porque há muitas razões para temer isto, e, porventura, nem ela nem as demais o entenderão como eu.

6. Crede-me nisto e, se não, dou-vos o tempo por testemunha. Porque o estilo que pretendemos levar não é só o de ser monjas, mas eremitas; assim nos desprendemos de todas as coisas, e a quem o Senhor tem escolhido particularmente para aqui, vejo que lhe faz esta mercê. Ainda que não seja logo com toda a perfeição, vê-se que já vai nela pelo grande contentamento e alegria que lhe dá o ver que não há-de voltar a tratar de coisas da vida, e o gosto que tem em todas as da Religião.
Torno a dizer que, se se inclina a coisas do mundo, se não vê que vai aproveitando, que se vá; e, se todavia quer ser freira, que vá para outro convento e, se não, verá o que lhe sucede. Não se queixe de mim, que comecei este, por não a ter avisado.

7. Esta casa é um Céu, se o pode haver nesta terra, para quem se contenta só de contentar a Deus e não faz caso do seu próprio contentamento; leva-se muita boa vida. Em querendo mais alguma coisa, perderá tudo, porque não a pode ter; e alma descontente, é como quem tem grande fastio que, por bom que seja o manjar, causa-lhe enjoo; e o que os sãos comem com grande gosto, causa-lhe asco no estômago. Noutro lugar salvar-se-á melhor, e poderá ser que, pouco a pouco, chegue à perfeição, que não pode aqui aguentar por se tomar tudo por junto. Porque, embora no interior se dê tempo para de todo se desapegar e mortificar, no exterior há-de ser logo. E quem não aproveita em um ano, vendo que todos o fazem e andando sempre em tão boa companhia, temo que em muitos não aproveitará mais, senão menos. Não digo que seja tão completamente como nas outras, mas que se entenda que vai cobrando saúde, pois logo se vê quando o mal é mortal.

CAPÍTULO 14.
Trata do muito que importa não dar a profissão a nenhuma cujo espírito vá contra as coisas que ficam ditas.

1. Creio bem que o Senhor favorece muito a quem bem se determina e, por isso, se há-de ver que intenção tem a que entra; não seja só para se remediar (como acontecerá a muitas), posto que o Senhor pode aperfeiçoar este intento se é pessoa de bom entendimento, porque, se não o é, de nenhuma maneira se aceite, pois nem ela entenderá porque entra, nem depois entenderá as que a quiserem levar a mais perfeição. Porque, a maior parte das vezes, aquelas que têm esta falta, sempre lhes parece que atinam melhor no que lhes convém do que os mais sábios; e é mal que tenho por incurável, porque, só por milagre, deixa de trazer consigo malícia. Onde houver muitas, poder-se-á tolerar, mas entre tão poucas, não se poderá sofrer.

2. Um bom entendimento, se se começa a afeiçoar ao bem, apega-se a ele com fortaleza, pois vê que é o mais acertado; e, quando não aproveita para muito espírito, aproveitará para bom conselho e para muita coisa, sem ser pesada a ninguém. Quando isto falta, não sei em que possa aproveitar à Comunidade e poderia causar muito dano.
Esta falta não se vê logo ao princípio, porque muitas falam bem e entendem mal, e outras falam pouco e sem muita correcção, mas têm entendimento para muita perfeição. Porque há umas simplicidades santas que sabem pouco de negócios e estilo do mundo e muito para tratar com Deus. Por isso, é mister sérias informações para as receber e muita provação para as deixar professar. Entenda por uma vez o mundo que tendes liberdade para as despedir e que, em convento onde há tanta aspereza, muitas ocasiões haverá, e, como isto seja uso, não o considerarão ofensa.

3. Digo isto, porque são tão desventurados estes tempos e tanta a nossa fraqueza, que não basta tê-lo por preceito de nossos antepassados, para que deixemos de olhar aquilo que os presentes têm por honra, para não ofender os parentes. Praza a Deus não o paguemos na outra vida as que as admitimos, pois nunca falta pretexto para dar a entender que se pode fazê-lo.
4. E este é um negócio que cada uma, de per si, o havia de considerar e encomendar a Deus e animar a prelada, pois é coisa que tanto importa. E assim, suplico a Deus que nisto vos dê luz, que grande bem tendes em não receber dotes, porque, onde se tomam, poderia acontecer que, para não tornar a dar o dinheiro que já não têm, deixem o ladrão em casa para que lhes roube o tesouro, que não é pequena lástima. Vós, neste caso, não tenhais pena de ninguém, porque será causar dano a quem pretendeis fazer bem.

CAPÍTULO 15.
Trata do grande bem que há em não se desculpar, ainda que se vejam condenar sem culpa.

1. Grande confusão me faz o que vos vou persuadir, porque deveria ter praticado, pelo menos alguma coisa do que vos digo nesta virtude; é assim que eu confesso ter aproveitado muito pouco. Nunca, ao que me parece, me falta motivo para me parecer maior virtude o desculpar-me. Como algumas vezes é lícito e seria mal não o fazer, não tenho discrição - ou, para melhor dizer, humildade - para o fazer quando convém. Porque, verdadeiramente, é de grande humildade ver-se condenar sem culpa e calar, e é perfeita imitação do Senhor que tomou sobre Si todas as culpas. E assim, rogo-vos para terdes nisto grande cuidado, porque traz consigo grandes lucros, e em procurarmos nós mesmas livrar-nos de culpa, não vejo nenhum, a não ser - como digo - nalgum caso em que poderia causar agravo ou escândalo não dizer a verdade. Isto, quem tiver mais discrição do que eu, o entenderá.

2. Creio que vai muito em se acostumar a esta virtude, ou em procurar alcançar do Senhor verdadeira humildade, que daqui deve vir; porque o verdadeiro humilde há-de desejar, de verdade, ser tido em pouco, e perseguido e condenado sem culpa, mesmo em coisas graves. Porque, se quer imitar o Senhor, em que melhor o pode do que nisto? Pois aqui não são necessárias forças corporais nem ajuda de ninguém, senão de Deus.

3. Estas grandes virtudes, minhas irmãs, quereria eu estudássemos muito e fossem a nossa penitência, que em demasiadas penitências já sabeis vos vou à mão, porque podem fazer mal à saúde, se são sem discrição. Aqui, porém, não há que temer, porque, por grandes que sejam as virtudes interiores, não tiram as forças do corpo para servir a Religião, senão que fortalecem a alma; e em coisas muito pequenas - como tenho dito de outras vezes - se podem acostumar para sair vitoriosas nas grandes. Nestas, não tenho eu podido fazer esta prova, porque nunca ouvi dizer coisas más a meu respeito que não visse que ficavam aquém: porque, embora não fosse nas mesmas coisas, tinha ofendido a Deus em outras muitas e parecia-me que tinham feito muito em deixar aquelas, e sempre me alegro mais que digam de mim o que não é, do que as verdades.

4. Ajuda muito a consideração do que se ganha nisto por todas as vias e como nunca - bem vistas as coisas -, nos culpam sem razão, pois o justo cai sete vezes ao dia e seria mentira dizer que não temos pecado. Assim, pois, ainda que não seja naquilo em que nos culpam, nunca estamos totalmente sem culpa, como estava o bom Jesus.

5. Ó Senhor meu! quando penso de quantas maneiras padecestes, e que de nenhuma o merecíeis, não sei o que diga de mim, nem onde tinha o siso quando não desejava padecer, nem onde estou quando me desculpo. Já Vós sabeis, meu Bem, que, se tenho algum bem, não é dado por outras mãos senão pelas Vossas. Pois, que se Vos dá, Senhor, em antes dar muito do que dar pouco? Se é por eu não o merecer, tão-pouco merecia as graças que me tendes feito. E será possível que haja eu de querer que alguém faça bom conceito de coisa tão má, tendo-se dito tanto mal de Vós, que sois o bem sobre todos os bens? Não, não se pode sofrer, Deus meu - nem quisera eu sofrêsseis Vós - que haja em Vossa serva coisa que não contente os Vossos olhos. Pois olhai, Senhor, que os meus estão cegos e se contentam com muito pouco. Dai-me Vós a luz e fazei que, com verdade, deseje que todos me aborreçam, pois tantas vezes Vos tenho deixado a Vós, que me amais com tanta fidelidade!

6.Que é isto, meu Deus? Que lucro pensamos tirar em contentar as criaturas? Que se nos dá de ser muito culpadas por todas elas, se diante do Senhor estamos sem culpa? Ó minhas irmãs, nunca acabamos de entender esta verdade, e assim nunca acabaremos de chegar à perfeição, se não andamos considerando muito e pensando o que ela é e não é!
Pois, embora não houvesse outro lucro senão a confusão que ficará à pessoa que vos tiver culpado, ao ver que vós, sem culpa, vos deixais condenar, isso já seria bem grande; porque, às vezes, uma coisa destas mais levanta uma alma do que dez sermões. E todas devemos procurar ser pregadoras por obras, pois o Apóstolo e a nossa inaptidão nos impedem que o sejamos nas palavras.

7. Nunca penseis que há-de ficar oculto o mal ou o bem que fizerdes, por encerradas que estejais. E pensais, filhas, que ainda que vós não vos desculpeis, há-de faltar quem tome a vossa defesa? Vede como respondeu o Senhor pela Madalena em casa do Fariseu, quando sua irmã a culpava. Não vos levará pelo rigor como fez consigo mesmo, pois, quando teve um ladrão a tomar a Sua defesa, estava já pregado na cruz. Assim, Sua Majestade moverá a quem a tome por vós, e, quando não, é que não será necessário. Isto o tenho eu visto e é assim, ainda que não quisera que isto se vos recordasse, mas antes folgásseis de ficar culpadas. E, do proveito que vereis em vossa alma, o tempo vos dou por testemunha. Porque se começa a ganhar liberdade e tanto se vos dará que digam mal ou bem de vós, antes parece ser negócio alheio. É como quando estão a falar duas pessoas e, como não é connosco, estamos descuidadas da resposta. Assim aqui, com o costume que tomámos em não dar resposta, dir-se-ia que não falam connosco.
Parecerá isto impossível aos que somos muito sensíveis e pouco mortificados. A princípio, é dificultoso; mas eu sei que se pode alcançar esta liberdade, negação e desprendimento de nós mesmos, com o favor do Senhor.


santa teresa de jesus

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