Art. 3 — Se qualquer acto
aumenta o hábito.
O
terceiro discute-se assim. — Parece que qualquer acto aumenta o hábito.
1.
— Pois, multiplicada a causa, multiplicado fica o efeito. Ora, os actos são
causas de certos hábitos, como já se disse 1. Logo, o hábito aumenta
com a multiplicação dos actos.
2.
Demais — Os semelhantes são julgados pelo mesmo juízo. Ora, todos os actos
procedentes do mesmo hábito são semelhantes, como já se disse 2.
Logo, se certos actos aumentam o hábito, qualquer acto aumentará o mesmo.
3.
Demais — O semelhante aumenta o semelhante. Ora, qualquer acto é semelhante ao
hábito donde procede. Logo, qualquer acto aumenta o hábito.
Mas,
em contrário. — Os contrários não podem ter a mesma causa. Mas, como já se
disse 3, certos actos procedentes de um hábito diminuem-no, assim p.
ex. quando se fazem negligentemente. Logo, nem todo acto aumenta o hábito.
Actos semelhantes causam hábitos semelhantes, como já ficou dito 4.
Pois, a semelhança e a dissemelhança fundam-se, não só na mesma ou em qualidade
diversa, mas também no mesmo ou em diverso modo da participação. Assim, não só
o preto é dissemelhante do branco, mas também o menos do mais branco, porque
também daquele para este último se dá o mesmo movimento que o de um para outro
contrário, segundo já se estabeleceu 5.
Como
porém da vontade humana depende o uso dos hábitos, segundo resulta do sobredito
6, assim como quem tem um hábito pode não usar dele e mesmo praticar
o acto que lhe é contrário, assim também pode dar-se que use do hábito por um acto
que não responda, proporcionalmente, à intensidade do hábito. Donde, se a
intenção do acto se adequar proporcionalmente à do hábito, ou mesmo a sobre-exceder,
qualquer acto ou aumentará o hábito ou contribuirá para o seu aumento, e
poderemos então falar do aumento dos hábitos por semelhança com o aumento do
animal. Pois, não é um alimento ingerido que aumenta, assim como não é uma gota
que cava a pedra, mas, sim, o alimento multiplicado. Assim também o hábito
cresce por actos multiplicados. Se porém a intenção do acto for proporcionalmente
deficiente em relação à intensidade do hábito, esse acto não dispõe para o
aumento, mas antes, para a diminuição do hábito.
Donde
consta com evidência a RESPOSTA ÀS OBJEÇÕES.
Nota:
Revisão da tradução portuguesa por ama.
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Notas:
1. Q. 51, a. 2.
2. II Ethic. (lect. II).
3. II Ethic. (lect. II).
4. II Ethic. (lect. I).
5. V Phys. (lect. VIII).
6.
Q. 50, a. 5.
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