A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemaria, Caminho 116)
Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.
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Evangelho: Jo 1, 19-34
19 Eis o testemunho de João, quando os
judeus lhe enviaram de Jerusalém sacerdotes e levitas a perguntar-lhe: «Quem és
tu?». 20 Ele confessou a verdade, não a negou; e confessou: «Eu não
sou o Cristo». 21 Eles perguntaram-lhe: «Quem és, pois? És tu
Elias?». Ele respondeu: «Não sou». «És tu o profeta?». Respondeu: «Não». 22
Disseram-lhe então: «Quem és, pois, para que possamos dar resposta aos que nos
enviaram? Que dizes de ti mesmo?». 23 Disse-lhes então: «”Eu sou a
voz do que clama no deserto. Endireitai o caminho do Senhor”, como disse o
profeta Isaías». 24 Ora os que tinham sido enviados eram fariseus. 25
Interrogaram-no, dizendo: «Como baptizas, pois, se não és o Cristo, nem Elias,
nem o profeta?». 26 João respondeu-lhes: «Eu baptizo em água, mas no
meio de vós está Quem vós não conheceis.
27 Esse é O que há-de vir depois de mim, e eu não sou digno
de desatar-Lhe as correias das sandálias». 28 Estas coisas
passaram-se em Betânia, além Jordão, onde João estava a baptizar. 29
No dia seguinte João viu Jesus, que vinha ter com ele, e disse: «Eis o Cordeiro
de Deus, eis O que tira o pecado do mundo. 30 Este é Aquele de Quem
eu disse: Depois de mim vem um homem que é superior a mim, porque era antes de
mim, 31 eu não O conhecia, mas vim baptizar em água, para Ele ser
reconhecido em Israel». 32 João deu este testemunho: «Vi o Espírito
descer do céu em forma de pomba e repousou sobre Ele. 33 Eu não O
conhecia, mas O que me mandou baptizar em água, disse-me: Aquele sobre quem
vires descer e repousar o Espírito, esse é O que baptiza no Espírito Santo. 34
Eu O vi, e dei testemunho de que Ele é o Filho de Deus».
VIDA
CAPÍTULO
13
11. Atendam também a este
aviso os que discorrem muito com o entendimento, tirando de uma coisa muitas
outras e conceitos. Aos que não podem obrar com ele - como a mim me acontecia -
não há mais a dizer senão que tenham paciência até que o Senhor lhes dê em que
se ocupem, e luz, pois podem tão pouco por si mesmos que o entendimento mais os
embaraça que ajuda.
Pois voltando aos que
discorrem, digo que não se lhes vá todo o tempo nisso; embora seja muito
meritório, porque - como é oração saborosa parece-lhes que não há-de haver dia
de domingo, nem momento que não seja de trabalho. Logo julgam perderem o tempo
e eu tenho por grande ganho esta perda. Mas antes - como tenho dito - imaginem-se
diante de Cristo e, sem cansaço do entendimento, estejam falando e regalando-se
com Ele, sem se cansarem a compor razões, mas apresentando-Lhe necessidades e a
razão que Ele tem para não nos sofrer ali; uma coisa a um tempo e outra a
outro, para que se não canse a alma de comer sempre o mesmo manjar. Estes são
muito gostosos e proveitosos - se o paladar se acostuma a comer deles - e
trazem consigo grande sustento para dar à alma vida e grandes lucros.
12. Quero-me explicar
melhor, porque estas coisas de oração são todas elas dificultosas e, se não se
encontra mestre, muito más de entender. Isto faz que, embora eu quisesse
abreviar - e bastava apenas menciona-las, para o bom entendimento de quem me
mandou escrever estas coisas de oração a minha rudeza não dá lugar a dizer e
dar a entender em poucas palavras uma coisa que tanto importa declarar bem. Eu
passei tanto que tenho dó dos que começam só com livros porque é coisa estranha
quão diferentemente se entende o que ali se vê, depois de experimentado. Pois,
voltando ao que dizia, ponhamo-nos a pensar num passo da Paixão, digamos, o de
quando o Senhor estava atado à coluna. Anda o entendimento rebuscando o que ali
há a considerar: as grandes dores e pena que Sua Majestade teria naquela
soledade e outras muitas coisas que, se o entendimento é vivo, poderá deduzir
daqui. E então, se se é letrado!? Este é o modo de oração por que todos hão-de
começar e continuar e acabar; é mui excelente e seguro caminho, até que o
Senhor os leve a outras coisas sobrenaturais.
13. Digo «todos»; mas, no
entanto, há muitas almas que tirarão mais proveito de outras meditações do que
na da sagrada Paixão pois, assim como há muitas moradas no Céu, há muitos
caminhos. Algumas pessoas aproveitam considerando-se no inferno, outras no Céu
- e afligem-se em pensar no inferno -outras na morte. Algumas, se são ternas de
coração, doem-se muito de pensar sempre na Paixão e regalam-se e tiram fruto em
contemplar o poder e a grandeza de Deus nas criaturas e o amor que nos teve, o
qual se manifesta em todas as coisas. E é admirável maneira esta de proceder
não deixando, no entanto, muitas vezes a Paixão e vida de Cristo, que é donde
nos veio e vem todo o bem.
14. É necessário que
esteja de aviso o que começa, para verem que aproveita mais. Para isto, é muito
necessário ter mestre experimentado; que, se não, muito pode errar e trazer uma
alma sem a entender nem deixar que ela se entenda a si mesma. Pois, como esta
sabe que é grande mérito estar sujeita a um mestre, não ousará sair daquilo que
lhe mandam.
Eu tenho encontrado almas
encurraladas e angustiadas por não ter experiência quem as ensinava, que me
faziam lástima. Algumas nem sabiam já que fazer de si; porque, não entendendo
eles o espírito, afligem alma e corpo e impedem o aproveitamento. Uma, que
tratou comigo, tinha-a o mestre atada, havia oito anos; não a deixava sair do
próprio conhecimento. E o Senhor tinha-a já em oração de quietude e assim
passava muito trabalho.
15. Embora isto do
conhecimento próprio jamais se deva deixar, não há alma tão gigante que não
tenha muitas vezes de tornar a ser menino e de mamar (e isto jamais se olvide e
quiçá o direi mais vezes, porque importa muito). É que não há estado de oração
tão subido que não seja muitas vezes necessário tornar ao princípio. E isto dos
pecados e conhecimento próprio é o pão com que todos os manjares se hão-de
comer, por delicados que estes sejam, neste caminho de oração e sem este pão
elas não se poderiam sustentar. Mas há-de comer-se com conta e medida. Depois
que uma alma se vê já rendida e entende claramente que de si não tem coisa boa,
e se sente envergonhada diante de tão grande Rei, e vê o pouco que Lhe paga
para o muito que Lhe deve, que necessidade há de gastar aqui o tempo? mas sim
irmos a outras coisas que o Senhor nos põe diante e não há razão para que as
deixemos, pois Sua Majestade sabe melhor do que nós o que nos convém comer.
16. Assim importa muito
que o mestre seja avisado -digo, de bom entendimento - e que tenha experiência.
Se com isto tem letras, é grandíssima coisa; mas, se não se podem encontrar
estas três coisas juntas, as duas primeiras importam mais, porque letrados
podem procurar para com eles comunicarem quando tiverem necessidade. Digo que
nos princípios, se eles não têm oração, aproveitam pouco as letras? Não digo
que não se trate então com letrados, porque espírito que não vá fundado na
verdade, eu mais o quisera sem oração. Grande coisa é ter letras, porque estas
nos ensinam aos que pouco sabemos e nos dão luz e, apoiados nas verdades da
Sagrada Escritura, fazemos o que devemos. De devoções tontas, livre-nos
Deus!...
17. Quero-me explicar
melhor, pois creio que me meto em muitas coisas. Sempre tive esta falta de não
me saber dar a entender - como já tenho dito - senão à custa de muitas
palavras. Começa uma freira a ter oração; se um simplório a dirige e se a este
assim se lhe afigurar, dar-lhe-á a entender que é melhor obedecer-lhe a ele do
que ao superior; e isto sem malícia, mas pensando que acerta, porque se não é
religioso, parecer-lhe-á que é assim. E, se é mulher casada, dir-lhe-á que é
melhor, quando haveria de atender à sua casa, estar em oração, ainda que
descontente o marido. E assim não saberá ordenar nem o tempo nem as coisas,
para que tudo vá conforme à verdade. Por faltar-lhe a ele a luz, não a dá aos
outros ainda que queira. E embora pareça que para isto não são precisas letras,
a minha opinião foi sempre e será que qualquer cristão procure tratar - se puder
- com quem as tem boas e, quanto mais, melhor. E os que vão por caminho de
oração têm disto maior necessidade, e tanto maior, quanto mais espirituais.
18. E não se engane
dizendo que letrados sem oração não são para quem a tem. Tenho tratado com
muitos e, de há uns anos para cá, tenho-os procurado mais sendo maior a
necessidade e sempre fui amiga deles. E embora alguns não tenham experiência,
não aborrecem o espírito nem o ignoram; porque na Sagrada Escritura que
estudam, sempre encontram a verdade do bom espírito. Tenho para mim que pessoa
de oração que trate com letrados, se ela se não quiser enganar, não a enganará
o demónio com ilusões, pois creio que os demónios temem de grande modo as
letras humildes e virtuosas, sabendo que serão descobertos e sairão com perda.
19. Disse isto porque há
opiniões de que os letrados não são para gente de oração, se não têm espírito.
Já disse que é necessário mestre espiritual; mas se este não for letrado, é
grande inconveniente. Contudo, será de muita ajuda tratar com eles, desde que
sejam virtuosos; porque, embora não tenham espírito, aproveitar-nos-á e Deus
lhes dará a entender o que têm de ensinar e até os fará espirituais para nosso
proveito. E isto não o digo sem o ter experimentado e aconteceu-me a mim com
mais de dois. Digo que, para se render uma alma a estar de todo sujeita a um só
mestre, erra muito se não procurar que seja tal como fica dito. Se for
religioso, há-de estar sujeito a seu Prelado, a quem porventura faltarão todas
as três coisas, - o que não será já pequena cruz -sem que ele, de sua própria
vontade, sujeite o seu entendimento a quem o não tenha bom. Pelo menos disto
nunca eu me pude convencer a mim mesma nem me parece que convém. Se é secular,
louve a Deus porque pode escolher a quem há-de estar sujeito e não perca esta
tão virtuosa liberdade; antes esteja sem nenhum até o encontrar. O Senhor lho
dará, desde que vá tudo fundado em humildade e com desejo de acertar. Eu louvo-O
muito - e nós as mulheres e os que não têm letras sempre Lhe havíamos de dar
infinitas graças - por haver quem, com tantos trabalhos, tenha alcançado a
verdade que nós, ignorantes, ignoramos.
20. Espantam-me muitas
vezes letrados - religiosos em especial - com o trabalho com que ganharam o que
sem nenhum, mais que o de perguntar, me aproveite a mim. E que haja pessoas que
se não querem aproveitar disto! Não o queira Deus! Vejo-os sujeitos aos trabalhos
da Religião, que são grandes, com penitência e mau comer, rendidos à obediência
que é certo ser-me isto, algumas vezes, de grande confusão e, além disso, mau
dormir, tudo trabalho, tudo cruz. Parece-me que seria grande mal se alguém, por
sua culpa, perdesse tanto bem. E poderá ser que pensemos alguns dos que estamos
livres destes trabalhos e vivendo a nosso prazer, dando-nos eles tudo já
guisado -como se diz - que, por termos um pouco mais de oração, nos havemos de
avantajar a tantos trabalhos.
21. Bendito sejais Vós,
Senhor, que tão inábil e sem proveito me fizestes; mas louvo-Vos muito, por
despertardes a tantos que nos despertem. Havia de ser mui contínua a nossa
oração por esses que nos esclarecem. Que seríamos sem eles entre tão grandes
tempestades como agora tem a Igreja? Se alguns tem havido ruins, mais resplandeceram
os bons. Praza ao Senhor que os tenha de Sua mão e os ajude para que nos
ajudem. Ámen.
22. Muito tenho saído
propositadamente do que comecei a dizer; mas tudo é a propósito para os que
começam, a fim de que comecem caminho tão alto, de maneira a irem metidos no
verdadeiro caminho. Pois, voltando ao que dizia, de pensar em Cristo atado à
coluna, é bom discorrer um pouco e pensar nas penas que ali teve e por que as
teve e quem é Aquele que as teve e o amor com que as passou. Mas não se canse
em andar sempre a buscar isto, antes se fique ali com Ele, aquietado o entendimento.
Se puder ocupá-lo em ver que o Senhor o olha, e acompanhe-O, e fale, e peça, e
humilhe-se, e regale-se com Ele, e lembre-se que não merecia estar ali. Quando
puder fazer isto - embora seja logo de princípio, ao começar a oração, achará
grande proveito, pois dá grandes lucros este modo de oração; pelo menos teve-os
a minha alma.
Não sei se acerto em o
dizer; V. Mercê o verá. Praza ao Senhor acerte eu em O contentar sempre. Ámen.
santa
teresa de jesus
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