A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemaria, Caminho 116)
Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.
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Evangelho: Lc 17, 1-19
1 Depois, Jesus disse a Seus discípulos: «É impossível que não haja escândalos, porém, ai daquele por quem eles vêm! 2 Seria melhor para ele que lhe pendurassem ao pescoço uma pedra de moinho, e que fosse precipitado no mar, do que ser causa de escândalo para um destes pequeninos. 3 «Estai com cuidado sobre vós. Se teu irmão pecar, repreende-o; e, se ele se arrepender, perdoa-lhe. 4 E, se pecar sete vezes ao dia contra ti, e sete vezes ao dia for ter contigo, dizendo: estou arrependido, perdoa-lhe». 5 Os apóstolos disseram ao Senhor: «Aumenta-nos a fé!».6 O Senhor disse-lhes: «Se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a esta amoreira: Arranca-te e transplanta-te para o mar, e ela vos obedecerá. 7 «Quem de vós, tendo um servo a lavrar ou a guardar gado, lhe dirá quando ele voltar do campo: Vem depressa, põe-te à mesa? 8 Não lhe dirá antes: Prepara-me a ceia, cinge-te e serve-me, enquanto eu como e bebo; depois comerás tu e beberás? 9 Porventura, fica o senhor obrigado àquele servo, por ter feito o que lhe tinha mandado? 10 Assim também vós, depois de terdes feito tudo o que vos foi mandado, dizei: Somos servos inúteis; fizemos o que devíamos fazer». 11 Indo Jesus para Jerusalém, passou pela Samaria e pela Galileia. 12 Ao entrar numa aldeia, saíram-Lhe ao encontro dez homens leprosos, que pararam ao longe, 13 e levantaram a voz, dizendo: «Jesus, Mestre, tem compaixão de nós!». 14 Ele tendo-os visto, disse-lhes: «Ide, mostrai-vos aos sacerdotes». Aconteceu que, enquanto iam, ficaram limpos. 15 Um deles, quando viu que tinha ficado limpo, voltou atrás, glorificando a Deus em alta voz, 16 e prostrou-se por terra a Seus pés, dando-Lhe graças. Era um samaritano. 17 Jesus disse: «Não são dez os que foram curados? Onde estão os outros nove? 18 Não se encontrou quem voltasse e desse glória a Deus, senão este estrangeiro?». 19 Depois disse-lhe: «Levanta-te, vai; a tua fé te salvou».
Deus Criador do mundo
Catequese
de S. João Paulo II
I. CRIADOR DAS "COISAS VISÍVEIS E INVISÍVEIS"
1. As nossas catequeses
sobre Deus, criador do mundo, não podem terminar sem dedicar adequada atenção a
um precioso conteúdo da Revelação divina: a criação dos seres puramente
espirituais, que a Sagrada Escritura chama "anjos". Esta criação aparece
claramente nos símbolos da fé, de modo particular no símbolo
niceno-constantinopolitano: "Creio em um só Deus, Pai todo-poderoso, Criador
do céu e da terra, de todas as coisas (isto é, entes ou seres) visíveis e
invisíveis". Sabemos que o homem goza, no interior da criação, de uma
posição singular: graças ao seu corpo, pertence ao mundo visível, enquanto pela
alma espiritual, que vivifica o corpo, se encontra quase no confim entre a
criação visível e a invisível. A esta última, segundo o Credo que a Igreja
professa à luz da Revelação, pertencem outros seres, puramente espirituais,
portanto não próprios do mundo visível, embora estejam presentes e operem
neles. Estes constituem um mundo específico.
2. Hoje, como nos tempos
passados, discute-se com mais ou menos sabedoria sobre estes seres espirituais.
É preciso reconhecer que a confusão às vezes é grande, com consequente risco de
fazer passar como fé da Igreja a respeito dos anjos aquilo que não pertence à
fé, ou, vice-versa, de omitir algum aspecto importante da verdade revelada. A
existência dos seres espirituais, a que de costume a Sagrada Escritura chama
"anjos", era já negada, nos tempos de Cristo, pelos saduceus.
Negam-na também os materialistas e os racionalistas de todos os tempos.
Todavia, como perspicazmente observa um teólogo moderno, "se nos
quiséssemos desembaraçar dos anjos, deveríamos rever radicalmente a Sagrada
Escritura mesma, e com ela toda a história da salvação" (A. Winklhofer,
Die Welt der Engel, Ettal, 1961, p. 144, nota 2; em Mysterium Salutis, 11, 2,
p. 726). Toda a Tradição é unânime sobre esta questão. O Credo da Igreja é, no
fundo, um eco que Paulo escreve aos colossenses: "N'Ele (Cristo) foram
criadas todas as coisas nos Céus e na terra, as visíveis e as invisíveis, os Tronos
e as Dominações, os Principados e as Potestades: tudo foi criado por Ele e para
Ele" (Cl 1,16). Ou seja, o Cristo, que como Filho-Verbo eterno e
consubstancial ao Pai é "primogénito de toda a criatura" (Cl 1,15),
está no centro do universo, como razão e fundamento de toda a criação, como já
vimos nas catequeses passadas e como veremos ainda quando falarmos mais directamente
d’Ele.
3. A referência ao
"primado" de Cristo ajuda-nos a compreender que a verdade acerca da
existência e da obra dos anjos (bons e maus) não constitui o conteúdo central
da palavra de Deus. Na revelação, Deus fala antes de tudo "aos homens... e
conversa com eles, para os convidar e os receber em comunhão com Ele",
como lemos na Constituição Dei Verbum, do Concílio Vaticano II (DV 2). "Assim
a verdade profunda, tanto a respeito de Deus como da salvação do homem", é
o conteúdo central da revelação que "resplandece" mais plenamente na
pessoa de Cristo (cf. DV 2). A verdade acerca dos anjos é em certo sentido
"colateral", mas inseparável da revelação central, que é a
existência, a majestade e a glória do Criador que refulgem em toda a criação
("visível" e "invisível") e na ação salvífica de Deus na
história do Homem. Os anjos não são, portanto, criaturas de primeiro plano na
realidade da Revelação; contudo, pertence-lhe plenamente, tanto que nalguns
momentos os vemos realizar tarefas fundamentais em nome de Deus mesmo.
4. Tudo o que pertence à
criação reentra, segundo a Revelação, no mistério da divina Providência.
Afirma-o de modo exemplarmente conciso o Vaticano I que já citamos mais de uma
vez: "'Tudo o que Deus criou, conserva-o e dirige-o com Sua providência,
que estende seu vigor de uma extremidade à outra e governa todas as coisas com
suavidade" (cf. Sb 8,1). "Todas as coisas estão a nu e a descoberto
aos seus olhos" (cf. Hb 4,13) "mesmo o que se realizou por livre iniciativa
das criaturas" (DS 3003). A Providência abrange, por conseguinte, também o
mundo dos puros espíritos, que ainda mais plenamente do que os homens são seres
racionais e livres. Na Sagrada Escritura encontramos preciosas indicações que
lhes dizem respeito. Há também a revelação de um drama misterioso, embora real,
que tocou estas criaturas angélicas, sem que nada escapasse à eterna Sabedoria,
a qual com força (fortiter) e ao mesmo tempo com suavidade (suaviter) tudo leva
a cumprimento no reino do Pai, do Filho e do Espírito Santo.
5. Reconheçamos antes de
tudo que a Providência, como amorosa Sabedoria de Deus, se manifestou
precisamente no criar seres puramente espirituais, para que melhor se
exprimisse a semelhança de Deus neles que superam de muito tudo o que foi
criado no mundo visível, juntamente com o homem, também ele incancelável imagem
de Deus. Deus, que é Espírito absolutamente perfeito, reflete-se sobretudo nos seres
espirituais que por natureza, isto é, devido a sua espiritualidade, Lhe estão
muito mais próximos do que as criaturas materiais, e que constituem quase o
"ambiente" mais próximo ao Criador. A Sagrada Escritura oferece um
testemunho bastante explícito desta máxima proximidade a Deus, dos anjos, dos
quais fala, com linguagem figurada, como o "trono" de Deus, das suas
"legiões" do seu "céu". Ela inspirou a poesia e a arte dos
séculos cristãos que nos apresentam os anjos, com a "corte de Deus".
(s. joão paulo II, Audiência do dia 9 de Julho de
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