Senhor,
ontem
ouvi naquela aula no Seminário, (num aparte à Ética Teológica), uma comparação
tão verdadeira e interessante, que a quero rezar aqui.
Se
eu não digo mal da minha mãe, se não lhe descubro os defeitos em público, (e
todas as mães têm defeitos, como todos nós temos), se só falo disso de quando
em vez com os meus irmãos, porque me dedico tantas vezes a falar mal, a
descobrir os defeitos em público da minha Mãe Igreja?
A
minha mãe, que já tens junto a Ti, com todos os seus defeitos e qualidades foi
quem me mostrou primeiro, o caminho para Ti, que despertou em mim as primeiras
orações, que me levou ao Baptismo que me tornou filho de Deus, e sempre morou e
ainda mora no meu coração cheio de amor por ela.
Tinha
defeitos?
Pois
tinha, todos temos, e tinha também muitas qualidades.
Mas
não me lembro, a não ser muito, muito raramente de deles falar em público, (do
que eu rapidamente me arrependia, como se de uma traição se tratasse), e se os
aflorava era apenas com meus irmãos e irmãs, carne da mesma carne, que os
podiam entender e ajudar-me a entender.
A
minha Mãe Igreja que me acolheu e me mostra caminho de crescimento na fé, que
me leva pelo caminho da salvação, que me faz irmão de todas as criaturas de
Deus, que me recebeu de braços abertos no dia em que regressei à Casa do Pai
após tantos anos de afastamento, também mora no meu coração cheio de amor por
Ela.
Como
posso eu então, tantas vezes dizer mal da minha Mãe Igreja, de Lhe apontar
defeitos, a maior parte das vezes publicamente e com outros que nem sequer A
conhecem, não A querem conhecer ou até A querem apenas denegrir?
Porque
não apenas falar deles, desses defeitos, com as minhas irmãs e irmãos, filhos
da mesma Igreja, que me podem ajudar a entender tantas coisas que se calhar não
são defeitos, e que eu posso também ajudar a reflectir sobre maneiras de estar
e agir?
Porque
esta minha Mãe Igreja, somos nós todos suas filhas e filhos, e se Ela tem
defeitos, então é porque são os nossos defeitos.
Só
nós, suas filhas e filhos, pela graça do Teu Espírito Santo, Senhor, os podemos
corrigir e traçar caminho de virtude para A tornar mais perfeita e acolhedora.
Ao
apontarmos defeitos em público à Mãe Igreja, apenas atiramos pedras, mas são
pedras que vão ficar de fora, sem construir, quando o que nós devíamos fazer
era sermos pedras vivas e trazer mais pedras vivas, para que, colocadas nos
alicerces, na construção diária, cimentadas no amor, assentes na Doutrina,
construíssem na Fé a Igreja de Cristo nos homens e para os homens.
Ah
Senhor, ajuda-nos e ensina-nos a sermos Igreja, a sermos filhas e filhos
amorosos desta Mãe Igreja que Tu nos deste, a construi-La com os defeitos de
cada um, aplanados pelas virtudes de cada um.
«Eu
dei-lhes a glória que Tu me deste, de modo que sejam um, como Nós somos Um. Eu
neles e Tu em mim, para que eles cheguem à perfeição da unidade e assim o mundo
reconheça que Tu me enviaste e que os amaste a eles como a mim.» Jo 17,22-23
Monte
Real, 8 de Maio de 2008
Nota:
Numa
altura em que tanto se fala da Igreja, reli esta meditação/oração de 2008, que
agora aqui novamente publico.
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