A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemaria, Caminho 116)
Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.
Para ver, clicar SFF.
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31
No mesmo dia alguns dos fariseus foram dizer-Lhe: «Sai e vai-Te daqui porque
Herodes quer matar-Te». 32 Ele respondeu-lhes: «Ide dizer a essa
raposa: Eis que Eu expulso os demónios e faço curas hoje e amanhã, e ao
terceiro dia atinjo o Meu termo. 33 Importa, contudo, que Eu caminhe
ainda hoje, amanhã e no dia seguinte; porque não convém que um profeta morra
fora de Jerusalém. 34 «Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas e
apedrejas os que te são enviados, quantas vezes quis juntar os teus filhos como
a galinha recolhe os seus pintainhos debaixo das asas, e tu não quiseste! 35
Eis que a vossa casa vos será deixada deserta. Digo-vos que não Me vereis, até
que venha o dia em que digais: “Bendito O que vem em nome do Senhor”».
14
1 Entrando Jesus, um sábado, em casa de um dos principais fariseus,
para comer, eles estavam a observá-l'O. 2 Encontrava-se diante d'Ele
um homem hidrópico.3 Jesus, dirigindo a palavra aos doutores da lei
e aos fariseus, disse-lhes: «É lícito ou não fazer curas ao sábado?».4
Eles ficaram calados. Então Jesus, pegando no homem pela mão, curou-o e
mandou-o embora. 5 Dirigindo-se depois a eles, disse: «Qual de vós,
se o seu filho ou seu boi cair num poço, não o tirará imediatamente ainda que
seja em dia de sábado?». 6 Eles não sabiam que replicar a isto. 7
Disse também uma parábola, observando como os convidados escolhiam os primeiros
lugares à mesa: 8 «Quando fores convidado para um banquete nupcial, não
te coloques no primeiro lugar, porque pode ser que outra pessoa de mais consideração
do que tu tenha sido convidada pelo dono da casa,9 e que venha quem
te convidou a ti e a ele e te diga: Cede o lugar a este; e tu, envergonhado,
vás ocupar o último lugar. 10 Mas, quando fores convidado, vai tomar
o último lugar, para que, quando vier quem te convidou, te diga: Amigo, vem
mais para cima. Então terás com isto glória na presença de todos os convidados;11
porque todo aquele que se exalta será humilhado, e quem se humilha será
exaltado». 12 Dizia mais àquele que O tinha convidado: «Quando deres
um almoço ou um jantar, não convides os teus amigos, nem os teus irmãos, nem os
teus parentes, nem os vizinhos ricos; para que não aconteça que também eles te
convidem e te paguem com isso. 13 Mas, quando deres algum banquete,
convida os pobres, os aleijados, os coxos, os cegos; 14 e serás
bem-aventurado, porque esses não têm com que retribuir-te; mas ser-te-á isso
retribuído na ressurreição dos justos».
A Confissão Frequente 2
II - Como devemos praticar a confissão frequente?
Não é fácil responder a esta
pergunta. Aqui também tem a sua aplicação a regra de que uma mesma coisa não é
para todos. É mister distinguir duas classes entre os que praticam a confissão
frequente.
Muitos deles encontram-se no meio da
vida, na família, no escritório, na fábrica, na escola, na profissão, no
negócio, com a sua pressa, a sua inquietação e o seu ruído. Esforçam-se de
forma notável por levar uma vida pura e grata a Deus. Mantêm-se duradouramente
em estado de graça e de filhos de Deus, mas sempre voltam a cair em toda a
classe de faltas. Vão todas as semanas e seguramente todos os meses à sagrada
confissão, arrependem-se seriamente das suas faltas e acusam-se das mesmas com
espírito de arrependimento e com a melhor vontade, tanto quanto podem, ainda
que talvez não de uma forma muito perfeita. Diremos que uma tal confissão não é
para eles saudável? Pela forma inábil e tosca com que a fazem, temos de
inquietá-los e aconselhá-los sem necessidade urgente que a façam de outra
forma? Ou não devíamos antes ajudá-los a formar um propósito sério e prático, e
conservar a sua firme vontade de avançar apesar dos fracassos na vida
espiritual? O mesmo poderia dizer-se ao religioso acerca daqueles anos de vida
religiosa em que amiúde ainda se cometem tropeços, infidelidades e faltas,
pecados veniais conscientes, deliberados, de certa gravidade. Nestes anos é de
aconselhar que a santa confissão se relacione estreitamente com a meditação e
com o exame de consciência geral e especial.
Mas pouco a pouco e de forma normal
em todos os campos da vida interior se verifica um constante processo de
simplificação. A este processo está submetida a meditação da mesma forma que o
exame de consciência e toda a aspiração à virtude e à vida de oração. A este
processo de simplificação está também submetida a recepção do sacramento da
penitência. Com o progresso na vida interior vão diminuindo os pecados veniais
conscientes e deliberados, e, em geral, só quase restam os chamados pecados de
fraqueza. Aqui é onde começam as dificuldades práticas contra a santa
confissão; em certo sentido tornam-se tanto maiores quanto mais cresce a alma
em pureza e se aproxima de Deus. Para ambas as classes de almas sobre a forma e
o modo de como devemos fazer a confissão frequente são válidas as seguintes
reflexões. Começamos com o propósito
A)
O propósito
Para que a confissão frequente seja
não só válida e digna, como também positivamente construtiva, eficaz no que
respeita ao crescimento da vida interior, vale a seguinte norma directriz: Na
santa confissão acusar-se-á aquilo contra o que conscientemente estamos
resolvidos a trabalhar com firmeza. Com isto, o ponto central da confissão
frequente será ocupado pelo propósito.
1.
O
propósito é inseparável do arrependimento; brota do bom arrependimento com
intrínseca necessidade, como um fruto maduro. Sendo uma parte do arrependimento
o propósito, este é, como o próprio arrependimento, um elemento essencial e
absolutamente necessário da confissão.
Há que distinguir entre o propósito
expresso e o que está incluído no arrependimento. Este último não é nenhum acto
novo da vontade, separado do acto do arrependimento, antes está incluído na dor
que vai anexa ao arrependimento e ao desprezo pelo pecado. Basta para a
recepção válida do sacramento da penitência. Assim, pois, se antes da acusação
se fez um acto sério de arrependimento, ainda que sem pensar no propósito e sem
o formular, já a confissão é válida, porque o propósito necessário vai incluído
no arrependimento. Mas se se quer tornar mais frutuosa a confissão e
convertê-la em meio de progresso interior e de santificação, será necessário o
propósito expresso, separado do acto
de arrependimento. O propósito expresso pode ser geral ou especial. Geral, é quando se refere a todos os
pecados veniais ou, pelo menos, a todos os pecados veniais de que se acusa
naquela confissão. O propósito especial
é a vontade de evitar ou combater seriamente determinados pecados veniais ou
faltas.
Para a validade da confissão de pecados exclusivamente veniais basta o
propósito de querer evitar e combater os pecados confessados ou pelo menos um dos mesmos; também é suficiente o propósito
de abster-se de uma determinada classe de pecados veniais; e, finalmente, basta
o propósito de evitar no possível, ou pelo menos diminuir com maior zelo, o
número dos pecados veniais não deliberados, quer dizer, os chamados pecados de
fraqueza. Não é necessário o propósito de evitar em absoluto os pecados
veniais, como deve ser o propósito no que respeita aos pecados mortais: é
suficiente o propósito de os combater ou de empregar os meios necessários para
diminuir pelo menos o seu número e a sua frequência.
2.
Muitos
dos que se confessam frequentemente incorrem na falta de não fazer propósito
sério no que respeita a grande parte dos pecados que se confessam. São
Francisco de Sales disse que é um abuso confessar um pecado que ainda não se
está decidido a evitar ou pelo menos a combater a sério.
3.
[1] Desgraçadamente este abuso
converteu-se em prática, sobretudo, na confissão feita por costume, em que
todas as vezes se acusa o mesmo, sem nenhum progresso, sem diminuição do número
e classe de pecados veniais, sem nenhuma rejeição enérgica, sem aumento de zelo
para aspirar ao bem. Aqui tem de haver alguma falta. O que falta é o propósito.
Adquire-se o costume de acusar-se destes ou daqueles pecados veniais, sem
pensar seriamente em lutar contra eles. Há um propósito geral ou incluído no
próprio acto do arrependimento, e da mesma forma a confissão é válida; mas
frutuosa, construtiva, propulsora da vida interior, mal o poderá ser uma
confissão assim feita. Neste ponto têm os confessores uma responsabilidade para
com os que se confessam com frequência; mas não somente os confessores, mas
antes de mais os próprios penitentes.
Por isso as almas mais puras e
proveitosas não se acusarão na confissão frequente de faltas, infidelidades ou
pecados de fraqueza que não estejam resolvidas a combater com toda a sua vontade.
Mas não é possível, ao mesmo tempo e duradouramente, concentrar com constância
toda a atenção e força em grande número de pontos, de faltas de fraquezas. Por
isso deve guardar-se esta regra fundamental: Pouco, mas bom, com toda a
seriedade e vontade, com constância a perseverança. Divide et impera: dividir para vencer. Da mesma forma a tais almas
ser-lhes-á necessário limitar o propósito da sua confissão a poucos pontos;
melhor, a uma só falta contra a qual queiram lutar, a um só ponto que tenham
sempre à vista, em que queiram concentrar todo o seu esforço. Em primeiro
lugar, o necessário naquele momento, o importante, aquilo que naquelas
circunstâncias é o principal para eles. Muito depende de que este propósito
seja bem escolhido e formado.
Estas almas devem procurar
especialmente formar um propósito positivo,
quer dizer, encaminhado para a prática de uma determinada virtude. A forma de
vencer as nossas faltas e debilidades não é ocuparmo-nos delas continuamente e
combatê-las, mas manter sempre o nosso olhar dirigido para o bem positivo, para
o santo, e procurá-lo conscientemente. As almas que verdadeiramente aspiram à
perfeição lutam antes de mais pelo amor puro a Deus e a Cristo; o amor a Deus é
amor ao próximo, amor que suporta, perdoa, ajuda, serve, enche de dita, dá
força para amar o próximo. Põem o seu olhar na pureza de intenção e nos motivos
dos seus actos. Pospõem-se viver da fé e considerar como disposição ou
consentimento de Deus tudo quanto respeita à vida quotidiana. O amor a Deus e
ao Redentor torna-as fortes para os sacrifícios diários, grandes e pequenos,
fortes para a paciência, para a verdade, para a vida em comunidade, para
submissão humilde à cruz imposta pelas circunstâncias, as doenças, a debilidade
e insuficiências próprias, os muitos fracassos, as dificuldades da vida
interior o estado de secura, o vazio ou frieza interiores, o cansaço e indisposição
física, a repugnância pela oração, etc. O amor dá forças para tal. «A caridade
é paciente, é bondosa; a caridade não é invejosa, não é arrogante, não se
ensoberbece, não é ambiciosa, não busca os seus próprios interesses, não se
irrita, não guarda ressentimento pelo mal sofrido, não se alegra com a
injustiça, mas regozija-se com a verdade; tudo desculpa, tudo crê, tudo espera,
tudo suporta.» [2]
O propósito em
primeiro lugar, tem de ser realizável
praticamente. Neste ponto falta-se de muitas formas. Faz-se, por exemplo,
este propósito: Não quero ter mais distracções na oração, não quero ser
picuinhas, não quero ter mais pensamentos de orgulho, etc. Estes são meros
propósitos, praticamente irrealizáveis, que só servem para acumular novas
ruínas sobre as antigas. Para nós, os humanos, que vivemos nesta terra, não se
trata de não ter nenhuma distracção na oração, de não ser sensíveis aos desgostos
e injustiças, de não ter nenhum pensamento de orgulho... Trata-se somente de
que as distracções, as irritações, etc., não sejam voluntárias e que quando nos
dermos conta delas as combatamos. Forme-se, pois, um propósito que realmente
possa levar-se à prática, por exemplo: Proponho-me, quando notar que estou
distraído, recolher-me; logo que note uma irritação, farei um acto de
paciência, de conformidade com a vontade de Deus; sempre que me aconteça algo
de desagradável, dirigir-me-ei ao Senhor dizendo: «Senhor, ajuda-me», ou «por
Teu amor quero suportá-lo.» Se se aspira a mais, o propósito de nada servirá.
Só recolheremos desenganos e desalento.
O propósito tem de
ser adaptado às necessidades e
circunstâncias do momento. Deve ter como objecto uma falta que me dá muito que
fazer e que hei-de combater com todo o afã; tem que ter em consideração a
corrente interior da graça, que tão frequentemente toma por ponto de partida
algum mistério de Cristo, da liturgia ou do ano eclesiástico, uma vivência
íntima, a meditação, a leitura espiritual, uma inspiração interior, etc.
O propósito não
há-de mudar, nem deve mudar em cada confissão; mas, se não varia, deve
renovar-se, afiançar-se e aprofundar-se em cada confissão até que
a falta que foi objecto do propósito seja vencida eficazmente com certa
segurança e constância de forma que se tenha debilitado notavelmente o seu
predomínio; amiúde o propósito deverá conservar-se até que mudem as
circunstâncias exteriores. Certas faltas exteriores, como a curiosidade da
vista, a quebra do silêncio ou faltas contra a caridade, terão que ser combatidas
com um propósito especial até que se tenha conseguido que um costume oposto
adquira predomínio. Para tal contribuem poderosamente o exame particular e a
meditação diária.
O propósito pode
também relacionar-se directamente com determinados meios com os quais se queira resistir a uma falta. Assim para
melhor se subtrair às distracções na oração, pode fazer-se o propósito de fazer
a meditação mais fielmente; ou, para contrair os movimentos de impaciência, de
crítica e de falta de caridade, fazer o propósito de estar mais na presença de
Deus e de Cristo, e dominar os sentidos.
Não se esqueça que a
boa vontade é uma vontade actual, e que por esse motivo é verdadeiramente
conciliável com o temor, ainda mais,
com a previsão verosímil de uma recaída, pelo menos em faltas inconscientes.
Teremos sempre de contar com o importante artigo de fé que o homem, ainda
quando se encontre em estado de garça santificante, «sem privilégio especial de
Deus, como ensina a Santa Igreja a respeito da Virgem Maria, não é possível
evitar durante toda a vida todos os pecados veniais» [3] De modo que não se trata de que não
incorramos já em nenhuma falta, mas que não sejamos indiferentes às faltas e
infracções, às suas causas e raízes, e que as rejeitemos energicamente, de que
jamais façamos as pazes com elas e que cheguemos às alturas do santo amor de
Deus.
B)
A confissão (acusação)
Objecto da confissão, só o
podem ser pecados cometidos depois do baptismo. O que não é pecado não pode
confessar-se. Assim, só podem confessar-se os pecados cometidos com
conhecimento e vontade, os chamados pecados veniais deliberados ou
intencionais; de igual modo os chamados pecados de fraqueza, em que incorremos
por precipitação culpável, por excitação momentânea, por irreflexão, por falta
de domínio sobre si próprio, ainda que não com plena liberdade. Não é
necessário confessar o número e as circunstâncias que agravam os pecados
veniais; todavia, seria conveniente tê-los em conta e inclui-los na confissão
ao tratar-se de faltas mais importantes e arreigadas. São circunstâncias
agravantes, por exemplo, mostrar-se falto de caridade para com um benfeitor imediatamente
depois de comungar. Antes discutia-se se podiam ou deviam confessar-se também
as chamadas imperfeições, por exemplo, ter-se defendido quando teria sido mais
perfeito (ainda que não um dever) calar-se; o permitir-se algo quando teria
sido melhor renunciar a tal. Hoje é usual e corrente confessar também as
imperfeições, primeiro porque no fundo delas geralmente se oculta algum
descuido, e depois porque o seu conhecimento é útil ao confessor para a
direcção espiritual. As distracções realmente não queridas, involuntárias, na oração, movimentos de
impaciência, pensamentos que afloram contra a caridade, sentimentos de desamor,
antipatias, juízos, se com segurança não são deliberados e involuntários, não
são objecto de confissão.
2.
Os que se dedicam seriamente à vida espiritual,
sobretudo os religiosos, que por vocação estão obrigados a uma vida de perfeição
cristã, depois de ter ultrapassado os começos da vida espiritual, deverão
normalmente confessar aqueles pecados e faltas contra os quais estão resolvidos
a lutar conscientes do seu fim. Assim, pois, não confessarão e todas e cada uma
das faltas e imperfeições que tenham cometido, mas tão só aquelas contra as
quais vai dirigido o seu propósito. Propósito e confissão (acusação dos
pecados) correm paralelamente. Também aqui tem a sua aplicação aquilo que não
muito e variado, mas pouco e, isso, bem; non
multa, sed multum. Das faltas quotidianas e infidelidades, escolher-se-á
aquela que pertinazmente tende a arreigar-se, que com maior consciência e
vontade se comete, que nasce de um costume torcido ou de uma inclinação ou
paixão perversa, aquela com que mais se faz sofrer o próximo. Esta acusação limitada é de aconselhar
especialmente àqueles que, apesar de todos os seus bons desejos, por vezes se
esquecem disso; àqueles que têm faltas habituais, faltas de temperamento de
índole mais séria; aos que se sentem enervados e frouxos, sem força interior e
sem verdadeiro desejo de aspirar à virtude; àqueles que se encontram em perigo
de se tornarem tíbios e descuidados; ao que só com dificuldade se livram de
determinadas faltas; finalmente, também àqueles que com facilidade se vêm
atormentados pela dúvida de se tiveram dor e arrependimento suficientes pelos
pecados confessados.
«Assim, pois, nós
não fazemos senão interpretar segundo as nossas próprias opiniões a lei de Deus
ao impormo-nos como dever o recitar toda uma litania de pecados veniais, de
minuciosas circunstâncias e histórias. Expor tudo isso por completo é
simplesmente impossível. Daí um sem-fim de angústias e escrúpulos que só se
fundamentam em que por verdadeira impossibilidade omitimos algo do que sem
nenhum pecado, com plena liberdade, teríamos podido calar.» [5] No afã de confessar todos os
pecados veniais, além de muito desconhecimento e incompreensão, há também muito
egoísmo e orgulho; é que queremos estar satisfeitos com o nosso actuar e com a
nossa confissão, queremos poder atribuir-nos o certificado de ter dito tudo
quanto podíamos dizer. Muitas almas, além disso, dão-se assim com a ilusão de
que pelo mero facto de ter-se confessado está tudo em ordem. Que erro tão
prejudicial!
O conhecimento da raiz dos pecados veniais, antes de mais
a da falta principal, e o conhecimento das ocasiões
que originam determinadas faltas, pode ser útil ao confessor. Convém falar
disto de quando em quando na santa confissão.
3. Na prática há
muitos meios de fazer bem e frutuosamente a acusação, e de aprofundar e
simplificar a confissão frequente. Uns confessam todas as faltas ou, pelo
menos, as mais importantes cometidas depois da última confissão. Assim muitas
almas com razão e proveito.
Mas no caso de almas
que com verdadeira seriedade procuram Deus, trate-se de leigos, sacerdotes ou
religiosos, julgamos que devemos indicar os seguintes meios: Pode-se partir de
uma determinada falta, cometida depois da última confissão. Em tal caso, a
confissão decorrerá assim: «Com plena consciência julguei e falei com pouca
caridade; durante a minha vida inteira pequei, de pensamento, de palavra, com
juízos pouco caritativos contra o amor ao próximo, e acuso-me de todos estes
pecados da minha vida; acuso-me igualmente de todos os outros pecados e faltas
dos quais me tenha feito culpável ante Deus.» É uma forma muito simples e
proveitosa de acusar-se na suposição de ter-se esforçado por despertar um sério
arrependimento. Do arrependimento brota naturalmente um claro e concreto
propósito: «Trabalharei par eliminar todo o juízo e palavra deliberadamente
faltos de caridade».
Uma segunda forma de
nos acusar-mos: a partir de um determinado mandamento, ou de uma paixão, um
costume, uma inclinação; sempre de um ponto que, no momento actual, é de grande
importância para a aspiração interior. Então a confissão far-se-á desta forma:
«Excito-me facilmente com qualquer coisa; os outros irritam-me com frequência;
falo e censuro e dou rédea solta à antipatia e ao mau humor. Acuso-me de ter
cometido desta forma muitas faltas na minha vida. Outros pecados e faltas dos
quais me tenha feito culpável ante Deus.» É também uma forma fácil e proveitosa
de confissão; ela pressupõe e exige que o penitente, consciente do fim, e por
longo tempo, fixe a atenção num pecado determinado, como raiz de determinadas
faltas ou num ponto importante da sua vida interior. O decisivo, também neste
caso, é o arrependimento. Esta forma de confessar-se torna relativamente fácil
para o confessor atender o penitente de uma forma pessoal e ajudá-lo nos seus
esforços.
Finalmente, pode
tomar-se como ponto de partida o ter pecado, por exemplo, contra um ou outro
mandamento: «pequei amiúde e muito por impaciência, por falta de domínio de mim
mesmo, por mau humor, por sensualidade. Acuso-me também de todos os outros
pecados mortais e veniais de toda a minha vida».
Do dito resulta o
seguinte: Quem quiser praticar a confissão frequente bem e com todo o fruto
possível, tem de manter em boa ordem a sua vida interior. Deve ver com clareza
que pontos são importantes e essenciais para ele; deve conhecer as suas
próprias imperfeições e modelar-se a si próprio de modo consequente. Se o
confessor, compreensivo e cheio de santo interesse pelo crescimento espiritual
do seu penitente, também, colabora com ele de um modo consequente, a confissão
frequente será um meio excelente para edificar e aperfeiçoar a vida religiosa e
moral, par identificar-se com Cristo e com o seu espírito.
(Compilação
por ama, 2010)
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