25/09/2013

Leitura espiritual para 25 Set

Não abandones a tua leitura espiritual.
A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemariaCaminho 116)


Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.

Para ver, clicar SFF.
Evangelho: Lc 12, 42-59; 13, 1-5

42 O Senhor respondeu: «Quem é o administrador fiel e prudente que o senhor estabelecerá sobre as pessoas da sua casa, para dar a cada um, a seu tempo, a ração alimentar? 43 Bem-aventurado aquele servo a quem o senhor, quando vier, achar procedendo assim. 44 Na verdade vos digo que o constituirá administrador de tudo quanto possui. 45 Porém, se aquele servo disser no seu coração: O meu senhor tarda em vir, e começar a espancar os criados e as criadas, a comer, a beber e a embriagar-se, 46 chegará o senhor desse servo, no dia em que ele não o espera, e na hora em que ele não sabe; castigá-lo-á severamente e pô-lo-á à parte com os infíeis. 47 Aquele servo, que conheceu a vontade do seu senhor e nada preparou, e não procedeu conforme a sua vontade, levará muitos açoites. 48 Quanto àquele que, não a conhecendo, fez coisas dignas de castigo, levará poucos açoites. Porque a todo aquele a quem muito foi dado, muito lhe será exigido; e aquele a quem muito confiaram, mais contas lhe pedirão. 49 Eu vim trazer fogo à terra; e como desejaria que já estivesse ateado! 50 Eu tenho de receber um baptismo; e quão grande é a minha ansiedade até que ele se conclua! 51 Julgais que vim trazer paz à terra? Não, vos digo Eu, mas separação; 52 porque, de hoje em diante, haverá numa casa cinco pessoas, divididas três contra duas e duas contra três.53 Estarão divididos: o pai contra o filho e o filho contra o pai; a mãe contra a filha e a filha contra a mãe; a sogra contra a nora e a nora contra a sogra». 54 Dizia também às multidões: «Quando vós vedes uma nuvem levantar-se no poente, logo dizeis: Aí vem chuva; e assim sucede.55 E quando sentis soprar o vento do sul, dizeis: Haverá calor; e assim sucede.56 Hipócritas, sabeis distinguir os aspectos da terra e do céu; como, pois, não sabeis reconhecer o tempo presente? 57 E porque não discernis também por vós mesmos o que é justo? 58 Quando, pois, fores com o teu adversário ao magistrado, faz o possível por fazer as pazes com ele pelo caminho, para que não suceda que te leve ao juiz, e o juiz te entregue ao guarda, e o guarda te meta na cadeia. 59 Digo-te que não sairás de lá, enquanto não pagares até o último centavo».
13 1 Neste mesmo tempo chegaram alguns a dar-Lhe a notícia de certos galileus, cujo sangue Pilatos misturara com o dos sacrifícios deles. 2 Jesus respondeu-lhes: «Vós julgais que aqueles galileus eram maiores pecadores que todos os outros galileus, por terem sofrido tal sorte? 3 Não, Eu vo-lo digo; mas, se não fizerdes penitência, todos perecereis do mesmo modo. 4 Assim como também aqueles dezoito homens sobre os quais caiu a torre de Siloé e os matou; julgais que eles também foram mais culpados que todos os outros habitantes de Jerusalém? 5 Não, Eu vo-lo digo; mas, se não fizerdes penitência, todos perecereis do mesmo modo».


Em cada ano a Igreja celebra a Páscoa com o seu Senhor

Introdução

1. A palavra Páscoa significa passagem. Refere, historicamente, a libertação do Povo de Israel do cativeiro do Egito. Foi passagem, porque o anjo do Senhor passou, poupando os israelitas à exterminação dos primogénitos; foi passagem da escravidão para a liberdade; foi passagem porque início de um longo caminho, com os olhos postos na terra da promessa. Nesse longo caminho, passaram o deserto, o Mar Vermelho, o rio Jordão. Essa primeira Páscoa sugere os principais dinamismos da caminhada para a liberdade: só com a ação de Deus é possível essa passagem. Só a ação de Deus pode fazer com que haja Páscoa. O seu símbolo sacramental é um cordeiro imolado, comido por toda a família em atitude de caminhantes. Enquanto o Povo continuar a caminho, deve voltar a celebrar a Páscoa (cf. Ex. 12,14). Porque o Povo continua a sua caminhada de libertação, continuará a celebrar a Páscoa, em memória da primeira Páscoa, quando o anjo do Senhor passou e aplicando-a à atualidade de cada ano.
Jesus Cristo, na sua última Páscoa, dá o sentido pleno e definitivo a esta celebração da busca da liberdade, conduzidos pela força de Deus. Convida-os, com Ele, a fazer a grande passagem, da escravidão à liberdade, do pecado à graça. Define o sentido da caminhada: o destino é a terra da promessa, que Ele identifica como a Casa do Pai. Dá um sentido novo ao sofrimento e à morte, pois a Sua passagem é da morte à vida. É uma passagem que só Deus torna possível, feita com Ele, que é o Filho de Deus. É celebração da Aliança, da nova e definitiva Aliança e convida-nos, como fez Moisés no Egito, a fazer memória, isto é, a celebrar de novo a Páscoa nas circunstâncias concretas de cada momento da caminhada, dando à memória a densidade da atualidade. Só quando todo o Povo alcançar a definitiva terra prometida, isto é, estiver reunido na Casa do Pai, é que a Páscoa deixará de ser memória, porque o presente será a plenitude da liberdade e da alegria. “Eu vo-lo digo: não voltarei a beber deste produto da videira até ao dia em que beberei convosco o vinho novo no Reino de Meu Pai” (Mt. 26,29).
A Páscoa cristã adensou a relação entre memória e atualidade. Enquanto estivermos a caminho, na caminhada da fé, feita não individualmente, mas em Igreja, o Povo do Senhor, temos de celebrar a Páscoa, em memória da primeira Páscoa da nova Aliança, mas no realismo da sua incidência na atualidade da Igreja e de toda a humanidade.

Atualidade da Páscoa

2. Este é o dilema da nossa Páscoa: é apenas uma cerimónia religiosa que evoca um passado, a ceia pascal de Cristo com os seus discípulos, como o crucifixo nos recorda o Calvário? Ou tem a densidade do drama da Igreja e da humanidade atuais, na sua peregrinação para a liberdade, isto é, para a plenitude da vida? Ansiamos por essa “passagem”, num caminho árduo, com os olhos postos na terra da promessa? Queremos fazer essa passagem com o Senhor, com a força do seu amor, que é o seu Espírito? Temos consciência de que somos um povo a caminho, e que a passagem definitiva só o Senhor a realizou e aqueles que o seguiram até ao fim e que Ele já reuniu na Casa do Pai? Qual é o passo seguinte nesta caminhada para a liberdade? Queremos dá-lo sozinhos, com a nossa iniciativa e as nossas forças, ou queremos dá-lo com Ele, com a força da sua própria Páscoa, em que venceu o pecado e a morte? Qual é a densidade existencial da Páscoa deste ano, para cada um de nós, para a Igreja e para a humanidade por quem Cristo morreu na Cruz?
Celebrar a Páscoa é dar um sentido à nossa luta presente, por uma Igreja mais fiel e por uma humanidade mais digna do homem.

Só é possível celebrar a Páscoa com Jesus Cristo

3. Só a Páscoa de Jesus Cristo torna possível à Igreja, à humanidade, a cada um de nós, dar passos em frente, no contexto da nossa realidade, em ordem à libertação. Sem a força da Páscoa de Jesus, a humanidade não avança em ordem à liberdade. Ele é o novo Moisés que, em cada momento da nossa história, nos torna capazes de avançar, de fazer a passagem, do egoísmo à generosidade, da violência à fraternidade, do individualismo à comunhão. Ele reuniu misteriosamente em Si toda a humanidade de todos os tempos, quer os homens o saibam, quer não, e o destino da nossa caminhada está ligado ao seu próprio destino de triunfador sobre a violência e sobre a morte. É por isso que celebramos sempre a Páscoa de Jesus Cristo, pois só nela, na sua atualidade, encontramos luz e força para a nossa Páscoa.
Cristo unificou em Si toda a humanidade, renovando na redenção a unidade da criação. É que por Ele todas as coisas foram criadas (cf. Jo. 1,3; Col. 1,15-20). Verbo criador, ao fazer-Se homem uniu ao seu destino o destino de todos os homens. Só assim se percebe a sua passagem dolorosa da morte até à ressurreição. A liturgia canta, “Deus não perdoou ao seu próprio Filho”. Não é a sua salvação que está em questão, mas a da humanidade, todos os homens seus irmãos. Só com Ele poderão fazer a sua própria passagem de libertação. Cristo aceita morrer porque os homens precisavam de morrer, para os desvios da vida presente, para regressarem à vida para que Deus os criou. A Páscoa de Cristo é, no seu amor generoso e na obediência ao desejo de Deus, seu Pai, de salvar a humanidade, a Páscoa de toda a humanidade.
O Senhor tem a alegria de ver o fruto do seu amor generoso. Os que acreditam n’Ele e se unem à sua vida humana de ressuscitado, unem-se a Ele de uma maneira nova, identificam-se com Ele nessa vida nova, partilham do seu ardor salvífico, do seu desejo de ajudar todos os homens a caminhar em direção à terra da promessa. Esses são a sua Igreja, o seu Corpo, dispostos a partilhar com Ele as vicissitudes da Páscoa da humanidade. A atualidade da Páscoa de Cristo continua a ser a oferta de Si Mesmo por toda a humanidade. Só que agora pode unir-se a Ele a sua Igreja, oferecendo-se com Ele pela salvação de todos os homens. Esta união da Igreja a Jesus Cristo, seu Senhor, na celebração da Páscoa, é tanto oferta do sofrimento e da morte, como fruição da vida nova. São Paulo escreve aos Gálatas: “Estou crucificado com Cristo e se vivo, já não sou eu, mas é Cristo que vive em mim. A minha vida presente na carne, vivo-a na fé do Filho de Deus, que me amou e se entregou por mim” (Gal. 2,19-20). “Cristo será glorificado no meu corpo, quer eu viva, quer eu morra” (Fil. 1,21). “Completo no meu corpo o que falta à Paixão de Cristo” (Col. 1,24).
A Páscoa da Igreja participa na plenitude da Páscoa de Cristo e com Ele merece a Páscoa da humanidade. É o sentido da afirmação do Concílio Vaticano II que designa a Igreja como sacramento de salvação para toda a humanidade. Assim, ao celebrarmos, em cada ano, a Páscoa, temos em conta a nossa Páscoa, a nossa passagem, os passos que precisamos dar para nos unirmos, o mais totalmente possível, à Pascoa de Jesus.

A Eucaristia e a atualidade da Páscoa

4. A atualidade da Páscoa é a verdade de cada Eucaristia, celebrada pela Igreja, em união com Cristo seu Senhor. A comunidade cristã celebra a Páscoa todas as semanas, no primeiro dia da semana, dia em que Cristo ressuscitou dos mortos. A celebração anual da Páscoa, nesta Semana Maior, se por um lado afirma a continuidade entre a Páscoa judaica e a Páscoa cristã, na riqueza da sua liturgia evoca os traços fundamentais da fé da Igreja em Jesus Cristo, presentes em cada Eucaristia: a realeza e a senhoria de Cristo; Cristo Sumo Sacerdote, o novo sacerdócio e o novo culto; Cristo pão vivo descido do céu, dado para nosso alimento; a atualidade da Cruz de Cristo, abraço de amor de Deus por todos os homens, de todos os tempos; a surpresa da ressurreição, abrindo para o novo horizonte da vida humana, novo sentido do nosso corpo, desejo renovado da vida eterna.
A Eucaristia é sempre a celebração da Páscoa. O seu ritmo semanal, ou mesmo diário, dá realismo à atualidade da Páscoa, que incide, como desafio renovador, sobre o concreto da vida de cada homem, de cada comunidade, de cada nação, de toda a humanidade. A Eucaristia semanal ajuda-nos a aplicar à vida dos homens o sacrifício redentor de Jesus Cristo e a não fazer dessa celebração uma expressão intemporal que paira sobre a realidade da vida presente. Na sua Páscoa, Cristo abraçou, com o amor infinito de Deus, todos os homens; em cada Eucaristia, a Igreja sabe que esse abraço de amor se exprime, agora, em nós, em todos os nossos irmãos, no realismo das suas vidas. Quem não acreditar que esse abraço de Deus, se dirige a cada um de nós, no momento presente da nossa vida, não pode viver plenamente a Eucaristia.
Esta verdade da Eucaristia, no momento presente da nossa vida, exprime-se na verdade da celebração. No modo como escutamos e acolhemos a Palavra do Senhor; na intensidade com que nos unimos ao Senhor no louvor de Deus e no amor por todos os homens; na humildade com que, ao reconhecermos os nossos pecados, confiamos na força transformadora do seu amor; na ternura e na confiança com que O recebemos como pão vivo para nos alimentar na nova vida que com Ele partilhamos; na sinceridade do nosso amor fraterno; no entusiasmo com que partimos a anunciar que estamos salvos, porque Deus nos ama. Desde os mais antigos textos litúrgicos, vê-se que as comunidades cristãs viviam todas estas dimensões na Eucaristia que celebravam e que, com o coração a transbordar, eram enviados a anunciar o amor de Deus e a amar os irmãos. Agora ide e anunciai, é o semtido de todas as formas de encerramento da celebração e de prolongamento dela na fidelidade cristã, na prática da caridade cristã e no anúncio da boa-nova do Evangelho. A riqueza desta celebração anual da Páscoa, ensina-nos a celebrar a Eucaristia, todos os domingos ou, porventura, todos os dias. Cada comunidade e cada cristão vivem da Eucaristia e na Eucaristia.
Na Eucaristia semanal é mais fácil, e espontâneo, ligar a Palavra de Jesus ao concreto da vida: as pessoas que morreram, os que sofrem, no corpo ou no espírito; as etapas importantes da vida de cada um e de toda a comunidade; os grandes problemas da comunidade humana, que os modernos meios de comunicação nos ensinaram a descobrir como a única família humana. Em cada celebração da Eucaristia, todas essas realidades, que agora nos alegram ou nos afligem, são iluminadas pela Palavra, mergulhados no amor de Jesus, transformadas em expressão de confiança e de louvor.
Demos à nossa Páscoa deste ano a densidade da atualidade. Celebremo-la como se fosse a única que nos foi dado celebrar.

Sé Patriarcal, 17 de Abril de 2011

d. josé policarpo, Cardeal-Patriarca

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