A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemaria, Caminho 116)
Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.
Para ver, clicar SFF.
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33 «Ninguém acende uma lâmpada, e a põe em lugar
escondido, nem debaixo do alqueire, mas sobre o candelabro, para que os que
entram vejam a luz. 34 O teu olho é a lâmpada do teu corpo. Se o teu
olho for puro, todo o teu corpo terá luz; se, porém, for mau, também o teu
corpo estará nas trevas. 35 Vê, pois, que a luz que está em ti não
seja trevas. 36 Se, pois, o teu corpo estiver iluminado, sem ter parte
alguma escura, todo ele será luminoso e iluminar-te-á como quando a lâmpada te
ilumina com o seu fulgor». 37 Enquanto Jesus falava, um fariseu
convidou-O para comer com ele. Tendo entrado, pôs-Se à mesa. 38 Ora
o fariseu estranhou que Ele não Se tivesse lavado antes de comer. 39
Mas o Senhor disse-lhe: «Vós os fariseus limpais o que está por fora do copo e
do prato; mas o vosso interior está cheio de rapina e de maldade. 40
Néscios, quem fez o que está fora não fez também o que está por dentro? 41
Dai antes o que tendes em esmola, e tudo será puro para vós. 42 Mas
ai de vós, fariseus, que pagais o dízimo da hortelã, da arruda e de toda a
casta de ervas, e desprezais a justiça e o amor de Deus! Era necessário
praticar estas coisas, mas não omitir aquelas. 43 Ai de vós,
fariseus, que gostais de ter as primeiras cadeiras nas sinagogas e as saudações
nas praças! 44 Ai de vós, porque sois como os sepulcros que não se
vêem e sobre os quais se anda sem saber!». 45 Então um dos doutores
da lei, tomando a palavra, disse-Lhe: «Mestre, falando assim, também nos
ofendes a nós». 46 Jesus respondeu-lhe: «Ai de vós também, doutores
da lei, porque carregais os homens com pesos que não podem suportar, e vós nem
com um dedo lhe tocais a carga! 47 Ai de vós, que edificais sepulcros
aos profetas, e foram vossos pais que lhes deram a morte! 48 Assim
dais a conhecer que aprovais as obras de vossos pais; porque eles os mataram, e
vós edificais os seus sepulcros. 49 Por isso disse a sabedoria de
Deus: Mandar-lhes-ei profetas e apóstolos, e eles darão a morte a uns e
perseguirão outros, 50 para que a esta geração se peça conta do
sangue de todos os profetas, derramado desde o princípio do mundo, 51
desde o sangue de Abel até ao sangue de Zacarias, que foi morto entre o altar e
o templo. Sim, Eu vos digo que será pedida conta disto a esta geração. 52
Ai de vós, doutores da lei, que usurpastes a chave da ciência, e nem entrastes
vós, nem deixastes entrar os que queriam entrar!». 53 Dizendo-lhes
estas coisas, os fariseus e doutores da lei começaram a insistir fortemente e a
importuná-Lo com muitas perguntas, 54 armando-Lhe ciladas, e buscando
ocasião de Lhe apanharem alguma palavra da boca para O acusarem.
Escutar a Palavra do Senhor
Introdução
1. (…) Deus, ao escolher para Si um Povo,
quis ser um Deus amigo, íntimo, a viver com esse Povo. Uma expressão desse
desejo de proximidade e de relação, é a Revelação. Revelar-se é dar a outro acesso
a uma intimidade pessoal que de outro modo não seria conhecida. Ao revelar-se,
Deus deseja ser conhecido, tanto quanto o pode ser, por criaturas pecadoras.
Abre os segredos do seu Ser íntimo, do seu desígnio acerca do homem que criou.
Deus revela-se e o próprio facto de o fazer é uma manifestação de amor.
A principal expressão desta revelação é a
sua Palavra: Deus fala ao seu Povo. A Exortação Apostólica Post-Sinodal “Verbum
Domini”, afirma logo no início: “A novidade da revelação bíblica consiste no
facto de Deus se dar a conhecer no diálogo que deseja ter connosco”
[1].
Um Deus que se exprime no diálogo é um
Deus comunhão. Deus está com os homens na verdade do seu próprio mistério íntimo:
Ele é comunhão de Pessoas. E a Palavra que dirige ao seu Povo, em linguagem
humana, é a Encarnação da Palavra eterna de Deus, o Logos. Sempre que
nos fala, convida-nos a entrar na sua intimidade, na comunhão das pessoas
divinas. A nossa caminhada neste mistério é tornarmo-nos capazes de, ao escutar
as palavras dos Profetas, dos Evangelistas ou da Igreja, escutarmos o próprio
Logos eterno de Deus, que se nos tornou acessível em Jesus Cristo. São João
resume assim toda a aventura da Palavra, na Igreja: “E o Verbo faz-se carne e
habitou entre nós, e nós vimos a sua Glória, glória que recebe de seu Pai, como
Filho único, cheio de graça e de verdade” (Jo. 1,14). Depois da
Encarnação da Palavra eterna, em Jesus Cristo, ouvir Deus é sempre ouvir o seu
Filho, escutar Deus é sempre escutar Jesus Cristo. É por isso que a primeira
resposta que Deus espera do seu Povo, é que O escute, que acolha a sua Palavra.
Antes de anunciar é preciso escutar.
Uma Palavra actual
2. A Exortação Apostólica diz-nos, logo no
início, que a Bíblia não é uma Palavra do passado, mas uma Palavra viva e
actual [2]. Esta preocupação vem ao
encontro de uma dificuldade real dos cristãos de hoje frente à Palavra de Deus.
Qual é a perspectiva: Deus falou no passado e nós tentamos compreender o que
disse e tirar daí ensinamentos? Ou Deus fala hoje, continua a interpelar-nos e
a surpreender-nos com a Palavra que nos dirige? “A fé cristã não é uma religião
do Livro; o cristianismo é a religião da Palavra de Deus, não de uma palavra
escrita e muda, mas do Verbo encarnado e vivo” [3]. Se o cristianismo fosse
só “uma religião do Livro”, o esforço da Igreja limitar-se-ia a analisar o
texto para ver o que Deus disse ao seu Povo, nas diversas etapas da sua
história. Mas nós acreditamos que a Palavra de Deus é actual, Ele continua a
ser um Deus em diálogo com o seu Povo, a conduzi-lo pela sua Palavra em cada
momento e circunstância da história. Se acreditamos que Deus continua a
falar-nos, a atitude da Igreja tem de ser outra: a da escuta, coração aberto para
escutar agora o que Deus diz à Igreja, que é o seu Povo.
Como é que Deus nos fala hoje
3. Para bem escutarmos a Palavra do
Senhor, temos de ter uma consciência clara dos modos como Deus fala hoje ao seu
Povo e a cada um de nós.
Ele fala-nos pelo seu Filho Jesus Cristo.
Palavra eterna de Deus fez-se Homem e ficou connosco. N’Ele, Deus diz-nos tudo
e sempre o que tem para nos dizer. Na encarnação do Verbo “a Palavra não se
exprime primariamente num discurso, em conceitos ou regras; mas vemo-nos
colocados diante da própria Pessoa de Jesus. A sua história, única e singular,
é a Palavra definitiva que Deus diz à humanidade. Daqui se compreende por que
motivo, no início do ser cristão não há uma decisão ética ou uma grande ideia,
mas o encontro com um acontecimento, com uma Pessoa, que dá à vida um novo
horizonte” [4]. Na escuta amorosa da
Palavra que Deus dirige hoje ao seu Povo, é essencial a relação com a Pessoa de
Jesus nas suas diversas expressões: a adoração, a celebração da Eucaristia, as
suas palavras que nos foram transmitidas pelos Evangelhos. Só na relação com
Jesus Cristo se escuta a Palavra do Pai. Cristo é, para todos os tempos, a
Palavra do Pai.
Desde que esteja garantida esta relação de
fé e de amor com a Pessoa de Jesus, a Igreja pode escutar a Palavra de Deus
através de outros meios e caminhos. No Sínodo “falou-se justamente de uma
sinfonia da Palavra, de uma Palavra única que se exprime de diversos modos, um
canto a várias vozes” [5]. A unidade desta sinfonia
é a Pessoa de Jesus, Palavra eterna de Deus, a Quem devo escutar numa relação
de fé e de amor”. A própria expressão Palavra de Deus indica a Pessoa de Jesus
Cristo, Filho eterno do Pai que se fez Homem” [6].
Nesta sintonia de vozes, através das quais
Deus nos fala por Jesus Cristo, avulta a Sagrada Escritura que se tornou
linguagem de Jesus Cristo. Só n’Ele e por Ele a Escritura se torna Palavra de
Deus hoje. Santo Ambrósio afirmava que “o Corpo do Filho é a Escritura que nos
foi transmitida”. “Deus através de todas as palavras da Escritura diz só uma
Palavra, o seu único Verbo em que se diz inteiramente a Si Mesmo”. E Santo
Agostinho afirmava: “lembrai-vos de que o discurso de Deus que se desenvolve em
todas as Escrituras é um só, e um só é o Verbo, que se faz ouvir na boca de
todos os escritores sagrados” [7].
Outras vozes que nos podem ajudar, hoje, a
ouvir o que Deus nos diz em Jesus Cristo, são a maneira como em todos os tempos
a Igreja escutou o Senhor, lendo as Escrituras. É a fé da Igreja, conduzida
pelo Espírito, em todos os tempos, na escuta da Palavra de Deus. A Exortação
Apostólica afirma-o claramente: “Em última análise é a Tradição viva da Igreja
que nos faz compreender adequadamente a Sagrada Escritura como Palavra de Deus”
[8].
E, finalmente, podemos escutar o que Deus
nos diz hoje em Jesus Cristo, contemplando a Criação, se acreditarmos que, por
Ele, foram feitas todas as coisas (cf. Jo. 1,3), que Ele é o
primogénito de toda a criação (cf. Col. 1,15) e que todas as coisas
foram criadas por meio d’Ele e em vista d’Ele (cf. Col. 1,16). É
possível escutar o Criador, observando as criaturas. Aí a sinfonia alarga-se à
imensa beleza da variedade das criaturas. Como afirmava São Boaventura “toda a
criatura é Palavra de Deus porque proclama Deus” [9].
Dialogar com Deus com as próprias Palavras
de Deus
4. Escutar, hoje, a Palavra de Deus é
aceitar entrar no diálogo para que Ele nos convida e atrai e, portanto,
mergulhar na experiência da comunhão que se exprime, em Igreja, na relação com
Jesus Cristo. Entrar neste diálogo está acima das nossas forças humanas. Só o
Senhor pode pôr nos nossos lábios e no nosso coração as palavras que havemos de
responder à Palavra do Senhor. A nossa palavra com que respondemos à Palavra de
Deus é um dom do próprio Deus, suscitada em nós pelo Espírito Santo. Se
tentarmos responder a Deus só com as nossas palavras humanas, nunca entraremos
verdadeiramente nesse diálogo, talvez nem cheguemos a escutar a voz do Senhor.
Voltamos à importância da Sagrada
Escritura. Através dela, Deus não só nos fala hoje pelo seu Filho Jesus Cristo,
mas põe na nossa boca as palavras com que devemos responder à Palavra viva de
Deus, porque a Sagrada Escritura tantas vezes sugere a resposta que Deus deseja.
Cristo não é apenas a Palavra definitiva mas é a resposta perfeita à Palavra
eterna do Pai. No seguimento de Jesus Cristo aprendemos a responder a Deus. Se
aprendermos a encontrar na Sagrada Escritura as nossas respostas à Palavra que
Deus nos dirige, interiorizamos a nossa aceitação dos textos sagrados como
Palavra de Deus, espontaneamente repetimo-los e memorizamo-los, de modo a transformarem-se
espontaneamente na nossa resposta a Deus que nos fala. A Sagrada Escritura é
como uma língua que se aprende e se torna parte de nós, da nossa compreensão e
da nossa expressão.
Escutamos e respondemos à Palavra de Deus,
movidos pelo Espírito Santo. Participamos mais uma vez, no dinamismo trinitário
de comunhão das Pessoas Divinas. O facto de Deus Pai nos falar, através do seu
Filho, o seu Verbo, acontece no Espírito de amor que brota da relação do Pai e
do Filho. Sempre que nos fala, pelo seu Filho, Deus comunica-nos o seu Espírito
e só Ele nos permite escutar e responder. “A Palavra de Deus exprime-se em
palavras humanas, graças à obra do Espírito Santo. A missão do Filho e do
Espírito Santo são inseparáveis e constituem uma única economia da salvação” [10]. O Evangelista São João
sublinha esta acção do Espírito Santo na escuta da Palavra. É Ele que ensinará
os discípulos, recordando-lhes tudo o que o Senhor disse; é Ele que conduzirá
os discípulos à plenitude da verdade (cf. Jo. 14,26; 16,13).
Escutar a Palavra em Igreja
5. A Igreja, Povo do Senhor, é o
verdadeiro interlocutor de Deus. É ao seu Povo que o Senhor fala e se revela; é
dele que espera uma resposta, é a Igreja que é enviada a anunciar a Palavra,
participando da própria missão do seu Senhor. O equilíbrio entre a escuta
pessoal da Palavra, e o acolhimento que da mesma Palavra faz a Igreja, é um
equilíbrio difícil de conseguir. Depende, fundamentalmente, da inserção de cada
cristão na comunhão da Igreja, o que o leva a rejeitar qualquer interpretação
da Palavra que não coincida com a da Igreja. De facto, ao longo dos séculos,
sempre que cristãos, individualmente ou em grupo, pretenderam escutar a Palavra
sem estarem em comunhão com toda a Igreja, correram o risco de escutarem o que
gostariam de ouvir e não o que Deus tem para lhes dizer.
A Exortação Apostólica recorda-nos que “a
relação entre Cristo, Palavra do Pai e a Igreja (…) é uma relação vital, na
qual cada fiel é, pessoalmente, convidado a entrar” [11]. A escuta da Palavra tem
de ser cultivada simultaneamente com a vivência da Igreja como comunhão, com
Jesus Cristo e por Ele, com a Santíssima Trindade. “A contemporaneidade de
Cristo com o ser humano de cada época realiza-se no seu Corpo, que é a Igreja” [12].
Ao longo dos séculos, apesar das
dificuldades do tempo e da história, foi a Igreja, esse “nós” que é o Povo do
Senhor, que escutou bem a Palavra do Senhor. “Mestra da escuta, a Esposa de
Cristo repete, com fé, também hoje: falai, Senhor, que a vossa Igreja vos
escuta” [13]. A escuta da Palavra, por
cada cristão, faz-se aderindo à maneira como a Igreja escuta a mesma Palavra,
aprofunda-se rezando com a Igreja, transforma-se em missão, anunciando-a com a
Igreja e em nome da Igreja. É preciso que em cada cristão que escuta a Palavra,
seja a Igreja que a escuta.
Escuta da Palavra e Nova Evangelização
6. A renovação da evangelização tem o seu
destino ligado ao modo como toda a Igreja e cada cristão escutam, hoje, a
Palavra do Senhor. “A Igreja é uma comunidade que escuta e anuncia a Palavra do
Senhor (…) só quem se coloca primeiro à escuta da Palavra é que pode depois
tornar-se anunciador” [14]. É que a mensagem central
da Palavra é a manifestação do infinito amor de Deus pelos homens, expresso em
Cristo, de modo especial na sua oferta pascal. A evangelização é sempre o
anúncio sincero e experimentado deste infinito amor de Deus. A Nova
Evangelização precisa do ardor e da comoção de quem se sentiu tocado por essa
Palavra que Deus nos diz hoje, sempre, em cada dia da nossa vida.
Sé Patriarcal, 20 de Março de 2011
d. josé policarpo,
Cardeal-Patriarca,
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