A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemaria, Caminho 116)
Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.
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1 No ano décimo
quinto do império de Tibério César, sendo Pôncio Pilatos governador da Judeia,
Herodes tetrarca da Galileia, Filipe, seu irmão, tetrarca da Itureia e da
província da Traconítide, Lisânias tetrarca da Abilena2 sendo
pontífices Anás e Caifás, o Senhor falou a João, filho de Zacarias, no deserto.
3 E ele foi por toda a região do Jordão, pregando o baptismo de
penitência para a remissão dos pecados, 4 como está escrito no livro
das palavras do profeta Isaías: “Voz do que clama no deserto: Preparai o
caminho do Senhor, endireitai as suas veredas; 5 todo o vale será
terraplanado, todo o monte e colina serão arrasados, os caminhos tortuosos
tornar-se-ão direitos, os escabrosos planos; 6 e todo o homem verá a
salvação de Deus”. 7 Dizia, pois, às multidões que vinham para ser
por ele baptizadas: «Raça de víboras, quem vos ensinou a fugir da ira que vos
ameaça? 8 Fazei, portanto, frutos dignos de penitência, e não
comeceis a dizer: Temos por pai Abraão. Porque eu vos digo que Deus é poderoso
para suscitar destas pedras filhos de Abraão. 9 Porque o machado já
está posto à raiz das árvores. Toda a árvore que não dá bom fruto será cortada
e lançada no fogo». 10 As multidões interrogavam-no, dizendo: «Que
devemos, pois, nós fazer?». 11 Respondendo, dizia-lhes: «Quem tem
duas túnicas, dê uma ao que não tem; e quem tem que comer, faça o mesmo». 12
Foram também publicanos, para serem baptizados, e disseram-lhe: «Mestre, que
devemos nós fazer?». 13 Ele respondeu-lhes: «Não exijais nada além
do que vos está fixado». 14 Interrogavam-no também os soldados: «E
nós, que faremos?». Respondeu-lhes: «Não façais violência a ninguém, nem
denuncieis falsamente, e contentai-vos com o vosso soldo». 15
Estando o povo na expectativa e pensando todos nos seus corações que talvez
João fosse o Cristo, 16 João respondeu, dizendo a todos: «Eu, na
verdade, baptizo-vos em água, mas virá um mais forte do que eu, a Quem não sou
digno de desatar as correias das sandálias; Ele vos baptizará no Espírito Santo
e no fogo; 17 tomará na Sua mão a pá, limpará a Sua eira e recolherá
o trigo no Seu celeiro, mas a palha queimá-la-á num fogo inextinguível». 18
Por muitas outras exortações anunciava ao povo a boa nova. 19 Porém,
o tetrarca Herodes, sendo repreendido por ele, por causa de Herodíades, mulher
de seu irmão e por causa de todos os males que tinha feito, 20
acrescentou a todos os outros crimes mais este: mandar meter João no cárcere.
CARTA ENCÍCLICA
AETERNA DEI SAPIENTIA
DO SUMO PONTÍFICE JOÃO XXIII
AOS VENERÁVEIS IRMÃOS PATRIARCAS, PRIMAZES, ARCEBISPOS,
BISPOS E OUTROS ORDINÁRIOS DO LUGAR, EM PAZ E COMUNHÃO
COM A SÉ APOSTÓLICA
SOBRE SÃO LEÃO I MAGNO
PONTÍFICE MÁXIMO E DOUTOR DA IGREJA, AO CUMPRIR-SE O XV
CENTENÁRIO DA SUA MORTE
Luzeiro
de doutrina
12.
Além de pastor vigilantíssimo do rebanho de Cristo e corajoso defensor da fé
ortodoxa, S. Leão é celebrado nos séculos como doutor da Igreja, isto é, como
expositor e campeão excelentíssimo daquelas verdades divinas de que todo
pontífice romano é guardião e intérprete. Isto é confirmado pelas palavras do
nosso imortal predecessor Bento XIV, que, na sua bula Militantis Ecclesiae, com
a qual proclama S. Leão doutor da Igreja, tece dele este esplêndido elogio:
"Pela sua eminente virtude, pela sua sabedoria, pelo seu zelo incansável,
mereceu ele dos antigos o apelativo de Magno. A superioridade da sua doutrina,
seja em ilustrar os mais altos mistérios da nossa fé e em defendê-los contra a
insurreição dos erros, seja em formular normas disciplinares e morais,
juntamente com uma singular majestade e riqueza de elocução sacerdotal, a tal
ponto ressalta e se distingue, graças aos louvores de tantos homens e à
exaltação entusiástica dos concílios, dos padres e dos escritores eclesiásticos,
que um pontífice tão sábio absolutamente não deve ser, por fama ou por estima,
posposto a nenhum dos santos doutores que floresceram na Igreja". 20
13.
Sua fama de doutor é garantida por suas Homilias e Cartas, que a posteridade
nos conservou em número bem relevante. A colectânea das Homilias abrange vários
assuntos, quase todos ligados ao ciclo da sagrada liturgia. Nesses escritos ele
se revela não tanto um exegeta, aplicado à exposição de um determinado livro
inspirado, nem um teólogo, amante de profundas especulações em torno das
verdades divinas, quanto, mais propriamente, um expositor, fiel, perspícuo e
copioso, dos mistérios cristãos, aderente à interpretação transmitida pelos
concílios, pelos Padres e sobretudo pelos pontífices seus antecessores. O seu
estilo é simples e grave, elevado e persuasivo, digno, simplesmente, de ser
julgado um modelo perfeito da eloquência clássica. Todavia, ele nunca sacrifica
à elegância do dizer a exactidão da verdade por exprimir, não fala nem escreve
para se fazer admirar, e sim para iluminar as mentes e inflamar os corações à
perfeita conformidade da vida prática com as verdades professadas.
14.
Nas Cartas, que com base no seu ofício de pastor supremo, endereçou a bispos,
príncipes, sacerdotes, diáconos, monges da Igreja universal, S. Leão manifesta
dotes excepcionais de homem de governo, isto é, um espírito perspicaz e
sumamente prático, uma vontade pronta à acção, firme nas suas bem amadurecidas
decisões, um coração aberto à compreensão paternal, repleto daquela caridade
que S. Paulo aponta a todos os cristãos como "o caminho melhor" (l
Cor 12, 31). Como não reconhecermos que tais sentimentos de justiça e de
misericórdia, de fortaleza unida à clemência, lhe nasciam no coração justamente
daquela mesma caridade que o Senhor reclamou de Pedro antes de lhe confiar a
guarda dos seus cordeiros e das suas ovelhas? (cf. Jo 21, 15-17). Com efeito,
ele sempre se esforçou por fazer de si mesmo uma cópia fiel do Bom Pastor,
Cristo Jesus, como se deduz da passagem seguinte: "Temos de um lado
mansidão e clemência, e, do outro, rigor e justiça. E, já que todos os caminhos
do Senhor resultam de misericórdia e de verdade (fidelidade) (Sl 24, 10), pela
bondade que é própria da Sé Apostólica somos forçados a regular de tal modo as
nossas decisões, que, bem ponderada a natureza dos delitos, cuja medida é
vária, julgamos que alguns devam ser absolvidos e outros extirpados". 21
Assim, tanto as Homilias como as Cartas constituem um documento eloquentíssimo
do pensamento e dos sentimentos, das palavras e da acção de S. Leão, sempre
preocupado em assegurar o bem da Igreja, na verdade, na concórdia e na paz.
O
XV CENTENÁRIO LEONIANO E O CONCÍLIO ECUMÉNICO VATICANO II
15.
Veneráveis Irmãos, na iminência do concilio ecuménico Vaticano II, no qual os
bispos, unidos em torno do romano pontífice e com ele em íntima comunhão, darão
ao mundo inteiro mais um esplêndido espectáculo da unidade católica, é grandemente
instrutivo e confortador trazer ao espírito, ainda que rapidamente, a alta
ideia que S. Leão teve da unidade da Igreja. Esta evocação será, a um tempo, um
acto de homenagem à memória do sapientíssimo pontífice, e, na iminência desse
grande acontecimento, um pábulo espiritual para as almas dos fiéis.
A
unidade da Igreja no pensamento do santo
16.
Antes de tudo, S. Leão ensina-nos que a Igreja é una, porque um é o seu esposo,
Jesus Cristo: "Tal é, com efeito, a Igreja virgem, unida a um só esposo,
Cristo, a ponto de não admitir erro algum, de modo que, em todo o mundo, nós
gozamos de uma só união, casta, integra". 22 O santo acha,
outrossim, que essa admirável unidade da Igreja teve início com o nascimento do
Verbo encarnado, como resulta destas expressões: "É, com efeito, o
nascimento de Cristo que determina a origem do povo cristão: o natal da Cabeça
é também o natal do corpo. Mesmo se cada um dos chamados (à fé) tem a sua vez,
se todos os filhos da Igreja estão distribuídos na sucessão dos tempos, todavia
o conjunto dos fiéis, nascidos da fonte batismal, assim como com Cristo são
crucificados na sua paixão, são ressuscitados na sua ressurreição, são postos à
destra do Pai na sua ascensão, assim também com ele são com-gerados neste
nascimento". 23 Desse misterioso nascimento do "corpo da
Igreja" (Cl 1,18) participou intimamente Maria, graças à sua virgindade,
tornada fecunda por obra do Espírito santo. Com efeito, S. Leão exalta Maria
como "Virgem, serva e mãe do Senhor", 24 "Genitora de
Deus" 25 e Virgem perpétua". 26
17.
Além disto, observa ainda S. Leão, o sacramento do baptismo não só torna cada
cristão membro de Cristo, mas fá-lo também participante da sua realeza e do seu
sacerdócio espiritual: "Com efeito, todos aqueles que foram regenerados em
Cristo foram também feitos reis com o sinal da cruz, e sagrados sacerdotes com
a unção do Espírito Santo". 27 O sacramento da Confirmação,
chamado "santificação dos crismas", 28 corrobora tal
assimilação a Cristo Cabeça, enquanto na eucaristia ela acha o seu remate:
"Com efeito, a participação no Corpo e no Sangue de Cristo não faz senão
transformar-nos naquilo que tomamos, e em tudo, tanto na carne como no
espírito, trazemos aquele mesmo no qual fomos mortos, sepultados e
ressuscitados". 29
18.
Mas, note-se bem, para S. Leão não pode haver perfeita união dos fiéis com
Cristo Cabeça e entre si, como membros de um mesmo organismo vivo e visível, se
aos vínculos espirituais das virtudes, do culto e dos sacramentos não se juntar
a profissão externa da mesma fé: "Grande sustentáculo é a fé íntegra, a fé
verdadeira, à qual nada pode ser acrescentado ou tirado por quem quer que seja,
pois que a fé, se não é única, então absolutamente não existe". 30
Entretanto, à unidade da fé é indispensável a união entre os mestres das
verdades divinas, isto é, a concórdia dos bispos entre si em comunhão com o
pontífice romano e em submissão a ele. "A compacidade de todo o corpo é
que dá origem à sua sanidade e à sua beleza, e essa mesma compacidade, se
reclama a unanimidade, exige entretanto sobretudo a concórdia dos sacerdotes.
Estes têm em comum a dignidade sacerdotal, mas não o mesmo grau de poder, já
que, mesmo entre os apóstolos, houve igualdade de honra, mas diferença de
poder, enquanto a todos foi comum a graça da eleição, mas a um só foi concedido
o direito de preeminência sobre os outros". 31
O
bispo de Roma, centro da unidade visível
19.
Centro, pois, e sustentáculo de toda a unidade visível da Igreja católica é o
bispo de Roma, como sucessor de S. Pedro e vigário de Jesus Cristo. As
afirmações de S. Leão outra coisa não são senão o eco fidelíssimo dos textos
evangélicos e da perene tradição católica, como ressalta do passo seguinte:
"Em todo o mundo só Pedro é eleito, para ser preposto à evangelização de
todas as nações, a todos os apóstolos e a todos os Padres da Igreja, de modo
que, embora no meio do povo de Deus haja muitos pastores e muitos sacerdotes,
todos porém são governados propriamente por Pedro, como principalmente são
governados por Cristo. De maneira grande e admirável, ó dilectíssimos, Deus se
dignou fazer este homem participante do seu poder, e, se quis que também os
outros chefes tivessem algo de comum com ele, tudo o que concedeu aos outros
sempre o concedeu por meio dele". 32 Sobre esta verdade, que é
fundamental para a unidade católica, isto é, a verdade do vínculo divino,
indissolúvel entre o poder de Pedro e o dos outros apóstolos, S. Leão julga
oportuno insistir: "Certamente também aos outros apóstolos estendeu-se
esse poder (isto é, de desligar e ligar) e foi transmitido a todos os chefes da
Igreja, mas não é em vão que se recomenda a uma só pessoa aquilo que a todos os
outros deve ser comunicado. Com efeito, este poder é confiado singularmente a
Pedro, justamente porque a figura de Pedro está acima de todos aqueles que
governam a Igreja". 33
Prerrogativas
do Magistério de S. Pedro e de seus sucessores
20.
Mas o santo pontífice não esquece o outro vínculo essencial da unidade visível
da Igreja, isto é, o magistério supremo e infalível, reservado pelo Senhor
pessoalmente a Pedro e aos seus sucessores: "O Senhor toma cuidado, de
modo especial, de Pedro, e roga em particular pela fé de Pedro, como que se a
perseverança dos outros estivesse mais garantida se o ânimo do chefe não fosse
vencido. Em Pedro, por isso, a fortaleza de todos é protegida, e o auxílio da
graça divina segue esta ordem: a firmeza que a Pedro é dada por meio de Cristo
é conferida aos apóstolos através de Pedro". 34
21.
Tudo o que com tanta clareza e insistência S. Leão afirma a respeito de S.
Pedro assevera-o também de si mesmo, não por estímulo de ambição humana, mas
pela íntima persuasão que ele tem de si não menos que o príncipe dos apóstolos,
ser o vigário do próprio Jesus Cristo, como se depreende deste trecho dos seus
sermões: "Não é para nós motivo de orgulho a solenidade com que, cheio da
gratidão a Deus pelo seu dom, festejamos o aniversário do nosso sacerdócio,
porquanto com toda sinceridade confessamos que todo o bem por nós praticado no
desenvolvimento do nosso ministério é obra de Cristo, e não de nós, que nada
podemos sem ele, mas que dele nos gloriamos, de quem deriva toda a eficácia do
nosso operar". 35 Com isto, longe de pensar que já agora S.
Pedro seja estranho ao governo da Igreja, S. Leão, pelo contrário, gosta de
associar à confiança na perene assistência do seu divino Fundador a confiança
na proteção de S. Pedro, de quem se professa herdeiro e sucessor,
"substituindo-o no encargo". 36 Por isto, aos méritos do
apóstolo, mais do que aos seus, atribui ele os frutos do seu ministério
universal. O que, entre outras coisas, é claramente provado pela seguinte
expressão: "Portanto, se algo de bom operamos ou vemos, se algo obtemos da
misericórdia de Deus com as nossas orações cotidianas, isto se deve às obras e
aos méritos dele, na sua Sé perdura ainda o seu poder, domina a sua
autoridade". 37 Na realidade, S. Leão não ensina nada de novo.
Igualmente aos seus predecessores Santo Inocêncio I 38 e S.
Bonifácio I, 39 e em perfeita harmonia com os bem conhecidos textos
evangélicos, comentados por ele mesmo (Mt 16, 17-18, Lc 22, 31-32, Jo 21,
15-17), está convencido de haver recebido do próprio Cristo o mandato do
supremo ministério pastoral. Afirma, com efeito: "A solicitude que devemos
ter para com todas as Igrejas tem origem principalmente num mandato
divino". 40
joão pp. xxiii
(revisão da tradução portuguesa por ama)
____________________
Notas:
20 Bento XIV, Const. apost. Militantis
Ecclesiae, de 12 de outubro de 1754: Benedicti Pp. XIV Bullarium, t. III, parte
II, p. 205 (Opera omnia, vol.18, Prato 1847).
21 Ep.12, ad Episcopos Africanos, 5:
PL 54, 652.
22
Ep, 80, ad Anatolium, episc. Constant. 1, PL 54, 213.
23
Serm. 26, in Nativ. Domini, 2, PL 54, 213.
24
Ep. 165, ad Leonem imper. 2, PL 54,1157.
25
Cf. Ibid.
26
Serm. 22, in Nativ. Domini, 2, PL 54,195.
27
Serm. 4, in Nativ.. Domini, l, PL
54,149, cf. Serm. 64, de Passione Domini, 6, PL 54, 357, Ep. 69, 4, PL 54, 870.
28 Serm. 66, de Passione Domini, 2, PL
54, 365-366.
29 Serm. 64, de Passione Domini, 7, PL
54, 357.
30
Serm. 24, in Nativ. Domini, 6, PL 54, 207.
31
Ep.14, ad Anastasium, episc. Thessal., 11, PL 54, 676.
32 Serm. 4, de natali ipsius, 2, PL
54,149-150.
33 Serm. 4, de natali ipsius, 2, PL
54, cf. Serm. 83, in natali S. Petri Apostoli, 2, PL 54, 430.
34 Serm. 4, 3, PL 54,151-152, cf.
Serm. 83, PL 54, 451.
35 Serm. 5, de natali ipsius, 4, PL
54,154.
36 Cf. Serm. 3, de nat. ipsius, 4, PL
54,147.
37
Serm. 3, de nat. ipsius, 3, PL 54,146, cf. Serm. 83, in nat. S. Petri Apost. 3,
PL 54, 432.
38
Ep. 30, ad Concil. Milev. PL 20, 590.
39 Ep, 13, ad Rufum episc. Thessaliae,
de 11 de março de 422, in C. Silva-Tarouca, S.J., Epistolarum Romanorum
Pontificum collect. Thessal., Roma 1937, p. 27.
40
Ep. 14, ad Anastasium episc. Thessal., l, PL 54, 668.
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