43
E todos se admiravam da grandeza de Deus. Enquanto todos admiravam as coisas
que fazia, Jesus disse aos discípulos: 44 «Fixai bem estas palavras:
O Filho do Homem está para ser entregue nas mãos dos homens». 45
Eles, porém, não entendiam esta linguagem; era-lhes tão obscura que não a
compreendiam; e tinham medo de O interrogar acerca dela.
Comentário:
«Eles, porém, não entendiam esta linguagem; era-lhes
tão obscura que não a compreendiam.»
Porque
seria que o Mestre não lhes falava abertamente revelando tudo quanto se iria
passar: a prisão no Horto das Oliveiras, o simulacro de julgamento, as
violências e mentiras, a terrível Flagelação, a ignominiosa Coroa de Espinhos,
a Via Dolorosa a caminho do Calvário, a Crucifixão e Morte na Cruz?
Detendo-nos
um pouco parece lógico o procedimento de Jesus. O que aconteceria se tal
fizesse?
Podem,
imediatamente, imaginar-se duas coisas: a terrível angústia e revolta dos
discípulos, sobretudo dos Doze, vendo abalada até aos alicerces a sua confiança
no Mestre – como poderia o próprio Filho de Deus passar por tais transes! -, e,
talvez, a debandada de mais alguns que, vendo perdida toda a confiança no
Messias esperado, se sentissem de tal forma sem norte nem rumo, abandonada toda
a esperança no Reino prometido, não resistissem a um abandono definitivo.
Como
pode alguém acreditar que a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade tivesse de
sujeitar-se a tão tremendo fim?
Um
Deus crucificado?
Há
anos, na televisão, passou uma história que tentava relatar o surgimento da
grande Nação Zulu na hoje chamada África do Sul.
Não
foi só a revolta contra os dominadores de então – os ingleses – mas sobretudo a
união sob uma mesma bandeira de todos os povos que proliferavam pelos vastos
territórios. O homem que conseguiu tal feito foi considerado “Chaka” – que
quererá dizer chefe detentor de todo o poder.
Numa
última batalha as hordas bem treinadas do “Chaka” destroçaram completamente as
forças inglesas desembarcadas numa praia. No meio dos montes de cadáveres,
permanecia um jovem oficial, que, de joelhos no chão, segurando entre os dedos
ensanguentados uma cruz, aguardava com serenidade a decapitação que sistematicamente
os Zulus levavam a cabo de todos os inimigos feridos e até mortos.
O
Chaka aproximando-se tomou das mãos do jovem alferes, a cruz, e perguntou-lhe o
que era aquilo, ao que o militar respondeu que era o seu Deus ao qual entregava
a alma.
O
Chaka não entendia como se poderia ter um Deus cuja imagem era a de um homem
torturado pendente de uma cruz. Mandou que o oficial fosse poupado até que lhe
explicasse o que aos seus olhos era uma tremenda ‘aberração’.
Tal
como o chefe Zulu, também os discípulos tinham a maior dificuldade em
compreender que o supremo sacrifício de Cristo era como que a ‘coroação’ e o
‘selo’ do Seu amor pelos homens.
A
verdade é que, o símbolo da Cruz continua pelos séculos fora a atrair todos os
homens tal como o próprio Cristo vaticinou:
«Et ego, si
exaltatus fuero a terra, omnia traham ad meipsum.» (Cfr. Jo
12, 32), (Quando for
levantado atrairei todos a Mim)
Sem comentários:
Enviar um comentário
Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.