Não abandones a tua leitura espiritual.
A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemaria, Caminho 116)
Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.
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23 Sucedeu também que,
caminhando Jesus em dia de sábado, por entre campos de trigo, os discípulos
começaram a colher espigas, enquanto caminhavam. 24 Os fariseus
diziam-Lhe: «Como é que fazem ao sábado o que não é permitido?». 25
Ele respondeu: «Nunca lestes o que fez David, quando se viu necessitado, e teve
fome, ele e os que com ele estavam? 26 Como entrou na casa de Deus,
sendo sumo sacerdote Abiatar, e comeu os pães da proposição, dos quais não era
permitido comer, senão aos sacerdotes, e deu também aos que o acompanhavam?». 27
E acrescentou: «O sábado foi feito para o homem e não o homem para o sábado. 28
Por isso o Filho do Homem é Senhor também do sábado».
3 1
Novamente entrou Jesus na sinagoga, e encontrava-se lá um homem que tinha uma
das mãos atrofiada. 2 Observavam-n'O a ver se curaria em dia de
sábado, para O acusarem. 3 Jesus disse ao homem que tinha a mão
atrofiada: «Vem para o meio». 4 Depois disse-lhes: «É lícito em dia
de sábado fazer bem ou fazer mal? Salvar a vida a uma pessoa ou tirá-la?».
Eles, porém, calaram-se. 5 Então olhando-os com indignação,
contristado da cegueira de seus corações, disse ao homem: «Estende a tua mão».
Ele estendeu-a, e a mão ficou curada. 6 Mas os fariseus,
retirando-se, reuniram-se logo em conselho com os herodianos contra Ele para
ver como O haviam de matar. 7 Jesus retirou-Se com Seus discípulos
para o mar, e segiu-O uma grande multidão do povo da Galileia; também da
Judeia, 8 de Jerusalém, da Idumeia, da Transjordânia e das
vizinhanças de Tiro e de Sidónia, tendo ouvido as coisas que fazia, foram em
grande multidão ter com Ele. 9 Mandou aos Seus discípulos que Lhe
aprontassem uma barca para que a multidão não O apertasse. 10
Porque, como curava muitos, todos os que padeciam algum mal lançavam-se sobre
Ele para O tocarem. 11 E os espíritos imundos, quando O viam, prostravam-se
diante d'Ele e gritavam: «Tu és o Filho de Deus». 12 Mas Ele
ordenava-lhes com severidade que não O manifestassem.
CONFISSÕES SANTO
AGOSTINHO
DE MAGISTRO (DO MESTRE)
CAPÍTULO IX
SE DEVEMOS
PREFERIR AS COISAS, OU O CONHECIMENTO DELAS, AOS SINAIS
AGOSTINHO
– Queria, pois,
que bem compreendesse que são mais importantes as coisas significadas do que
seus sinais. Tudo o que existe em função de outra coisa, necessariamente tem
valor menor que a coisa pela qual existe, se concordas com isso.
ADEODATO
– Parece-me
impróprio concordar com isto sem refletir. Quando, por exemplo, se diz: “coenum”
(lamaçal), parece-me que este nome seja em muito superior à coisa que
significa. De facto, o que desagrada ao ouvirmos esta palavra não é o som, “coenum”,
mudando apenas uma
letra, torna-se “coelum”
(céu), mas é evidente a enorme diferença que há entre as coisas que estes
dois nomes significam. Por isso eu não teria por essa palavra toda a repulsa
que tenho ao que significa, e, portanto, eu a prefiro a isso, pois menos
desagrada o seu som do que ver ou tocar a coisa que significa.
AGOSTINHO
– Falas com
sabedoria. Assim, não seria correto afirmarmos que todas as coisas têm valor superior
aos sinais que as exprimem.
ADEODATO
– Assim parece.
AGOSTINHO
– Diz-me, então,
qual seria a intenção dos que deram um nome a coisa tão feia e desagradável? Tu
os aprovas ou desaprovas?
ADEODATO
– Na verdade,
não me acho em condição nem de aprová-los nem de desaprová-los, e também não
sei que intenção tiveram.
AGOSTINHO
– Poderás, ao
menos, dizer-me qual a tua intenção, a finalidade de pronunciares esse nome?
ADEODATO
– Sim, ao
pronunciá-lo, quero avisar ou ensinar ao meu interlocutor aquilo que julgo necessário
avisá-lo ou ensiná-lo.
AGOSTINHO
– Como? O facto
de ensinar e avisar, ou de receber tal ensinamento, facilmente expresso com
este nome, não deveria talvez ser-te mais caro que a própria palavra?
ADEODATO
– Admito que o
conhecimento obtido por este sinal seja preferível ao próprio sinal, mas não preferível
à coisa em si.
AGOSTINHO
– Então, no que
acima afirmamos, embora seja falso que devemos sempre preferir as coisas aos
seus sinais, é verdade que tudo o que existe em função de outra coisa tenha
valor menor que a coisa pela qual existe. O conhecimento, pois, do lamaçal,
para o qual foi instituído esse nome, há de ser considerado mais que a palavra
que, por sua vez, vimos ser preferível ao próprio lamaçal. E é bem esse o
motivo do conhecimento ser preferível ao sinal de que estamos tratando, pois
este existe devido àquele e não aquele por causa deste. Assim, aquele glutão, devoto
ao ventre, conforme relata o Apóstolo, quando disse que vivia para comer, foi
contestado por um homem sóbrio, que lhe ouviu as palavras e, não tolerando-as,
assim o redarguiu: “Bem melhor seria que comesses para viver”, e vemos que o
sóbrio falou assim seguindo essa mesma regra (regra que estabelece que tudo o
que é devido a outra coisa, como no caso de comer que é subordinado ao viver –
é inferior à coisa pela qual existe). O comilão desagradou porque avaliava tão
miseravelmente sua vida, que a tinha em menor conta que os prazeres do paladar,
afirmando viver para comer. O homem sóbrio é digno de louvor porque, compreendendo
qual das duas coisas (comer e viver) é feita para a outra, ou seja, qual está
subordinada à outra, alertou que devíamos comer para viver e não viver para
comer. Do mesmo modo, tu e todo homem sensato que aprecie as coisas pelo seu
valor e justo lado, se um charlatão afirmasse: “Ensino para falar”, lhe
responderias: “Homem, não seria melhor falar para ensinar?” Ora, se tais coisas
são
verdadeiras,
como alias reconheces, observa quanto as palavras têm menor importância, em comparação
com aquilo por que as usamos, sendo que o próprio uso das palavras já é mais importante
do que elas próprias. As palavras, pois, existem para que as usemos, e as
usamos para ensinar. Por isso, ensinar é melhor que falar, e assim o discurso é
melhor que a palavra.
Muito melhor que
as palavras é, portanto, a doutrina. Mas quero ouvir de ti se por acaso tenhas algo
a opor.
ADEODATO
– Concordo em
que a doutrina seja preferível às palavras, mas talvez se possa levantar objecção
contra a regra que diz: “tudo o que existe em função de outra coisa é inferior
aquilo pelo qual existe”.
AGOSTINHO
– Trataremos
disto a seu tempo e com mais detalhes: por enquanto, o que concedes já basta
para que eu chegue aonde me proponho. Concordas, pois, que o conhecimento das
coisas é mais importante que os sinais que as exprimem. Por isso, o
conhecimento das coisas significadas deve ser preferido ao conhecimento dos
sinais, não te parece?
ADEODATO
– Mas eu disse,
por acaso, que o conhecimento das coisas não é superior ao dos sinais, ou
melhor, que é superior aos próprios sinais? Por isto hesito em concordar
contigo neste ponto.
Se o nome
“lamaçal” é melhor que seu significado, por que o conhecimento deste nome não haveria
de ser também melhor que o da coisa, embora o nome em si seja inferior aquele conhecimento?
Lidamos aqui com quatro termos: nome, coisa, conhecimento do nome e conhecimento
da coisa. Como o primeiro é superior ao segundo, por que também o terceiro não seria
superior ao quarto? E, em não lhe sendo superior, acaso lhe estaria
subordinado?
AGOSTINHO
– Noto que
guardas muito bem na memória o que concedeste, e que explicaste claramente teu
pensamento. Creio porém, que compreendes como este nome trissílabo “vitium” (vicio),
quando o pronunciamos, é melhor, como som, do que seu significado, entretanto,
o simples conhecimento do nome é bem menos valioso que o conhecimento dos
vícios. Assim, ainda que consideremos aqui os quatro termos que mencionaste:
nome, coisa, conhecimento do nome, conhecimento da coisa, com razão nós
preferimos o primeiro ao segundo. Quando Pérsio escreve na sua sátira este
nome, dizndo: “Sed stuped hic vitio” (mas este se admira do vicio), não
só não torna viciado o verso, mas, pelo contrário, de algum modo dá-lhe beleza,
apesar do significado desse nome ser sempre execrável, onde quer que se
encontre. Mas observamos também que não é tampouco preferível o terceiro termo
ao quarto, e sim o quarto ao terceiro. O conhecimento deste nome (vicio) é bem
menos importante se comparado ao conhecimento dos vícios.
ADEODATO
– Acreditas
pois, que tal conhecimento, apesar de nos tornar mais mesquinhos, teria de ser preferido?
O próprio Pérsio, a todas as penas que a crueldade dos tiranos excogitou ou a
cobiça impôs, antepõe apenas aquela que atormenta os homens, quando obrigados a
reconhecer os vícios que não conseguem evitar.
AGOSTINHO
– Assim, também
chegarias a negar que deve ser preferido o conhecimento das virtudes ao do seu
nome, pois saber da virtude e não possuí-la é um suplicio, que aquele poeta
satírico almejou como castigo dos tiranos.
ADEODATO – Deus
me livre de tal loucura: entendo que não devemos culpar os próprios conhecimentos,
entre os quais o da moral, a mais excelsa disciplina com que se educa o
espírito, mas sim, que devemos considerá-los – como creio que também Pérsio
pensava – os mais míseros dos que são atacados por tal doença, que nem um tão
grande remédio pode curar.
AGOSTINHO
– Entendimento
correcto, mas em que pesa o pensamento de Pérsio? Não estamos submetidos,
nisso, a tal autoridade, ainda mais que é difícil elucidar aqui qual
conhecimento deve ser preferido a outro. Por ora, estou satisfeito com o que
conseguimos, isto é, ter o conhecimento das coisas que são significadas como um
valor superior, se não ao conhecimento dos sinais, pelo menos aos sinais em si.
Por isto voltemos agora a discutir sobre o género das coisas que podem mostrar-se
por si mesmas, como dizíamos, sem sinais, como sejam: comer, passear, sentar,
fazer e semelhantes.
ADEODATO
– Volto a
meditar sobre as tuas palavras.
CAPÍTULO X
SE É POSSÍVEL
ENSINAR ALGO SEM SINAIS.
AS COISAS NÃO SE
APRENDEM PELAS PALAVRAS
AGOSTINHO
– Parece-te que
podemos indicar, sem uso de sinais, tudo que podemos fazer, logo após sermos
interrogados, ou algo deve ser excluído?
ADEODATO
– Na verdade,
tenho pensado muito neste género de coisas, sem todavia encontrar nada que se
possa ensinar sem sinal, executando, talvez, o próprio falar e ensinar, mas
este só se nos perguntarem o que é ensinar. Parece-me que quem pergunta –
qualquer coisa que eu faça após a indagação para que aprenda – não o pode
aprender através da própria coisa, que deseja lhe seja mostrada. Por exemplo:
se quando estou fazendo outra coisa, alguém me perguntasse que é caminhar e eu,
imediatamente, buscasse demonstrar-lhe a coisa sem usar sinais começando a caminhar,
como poderia evitar que ele entendesse que caminhar é apenas o quando andei?
Ora, se ele pensar nisso, terá sido levado a engano, pois julgará que quem
andar mais, ou menos, do quanto eu andei, não caminhou. E o que vale quanto a
esta palavra aplica-se também a todas aquelas que julguei se possam mostrar sem
sinal, menos as duas que exclui.
AGOSTINHO
– Concordo com
isso, mas não te parece que falar é uma coisa e ensinar é outra?
ADEODATO
– Certamente,
pois se fossem a mesma coisa não se poderia ensinar senão falando, ora, como
muitas coisas são ensinadas com outros sinais que não palavras, quem poderia
negar a diferença?
AGOSTINHO
– Ensinar e
significar são a mesma coisa ou diferem em algo?
ADEODATO
– Creio que a
mesma.
AGOSTINHO
– Será correcto
afirmar que nós usamos de sinais (que significamos) para ensinar?
ADEODATO
– Sem dúvida.
AGOSTINHO
– Se alguém
afirmasse que ensinamos para usar sinais (para significar), não seria facilmente
refutado pela afirmação precedente?
ADEODATO
– Seria.
AGOSTINHO
– Se usarmos
pois os sinais para ensinar, não ensinamos para usar os sinais: uma coisa é ensinar
e outra é usar os sinais (significar)
ADEODATO
– É verdade, e
quando disse que eram a mesma coisa, eu não respondi corretamente.
(Revisão trad.
portuguesa e grafismo por ama)
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