27/07/2013

Leitura espiritual para 27 Jul

Não abandones a tua leitura espiritual.
A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemariaCaminho 116)


Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.


Para ver, clicar SFF.
Evangelho: Mc 2, 23-28; 3, 1-12

23 Sucedeu também que, caminhando Jesus em dia de sábado, por entre campos de trigo, os discípulos começaram a colher espigas, enquanto caminhavam. 24 Os fariseus diziam-Lhe: «Como é que fazem ao sábado o que não é permitido?». 25 Ele respondeu: «Nunca lestes o que fez David, quando se viu necessitado, e teve fome, ele e os que com ele estavam? 26 Como entrou na casa de Deus, sendo sumo sacerdote Abiatar, e comeu os pães da proposição, dos quais não era permitido comer, senão aos sacerdotes, e deu também aos que o acompanhavam?». 27 E acrescentou: «O sábado foi feito para o homem e não o homem para o sábado. 28 Por isso o Filho do Homem é Senhor também do sábado».
3 1 Novamente entrou Jesus na sinagoga, e encontrava-se lá um homem que tinha uma das mãos atrofiada. 2 Observavam-n'O a ver se curaria em dia de sábado, para O acusarem. 3 Jesus disse ao homem que tinha a mão atrofiada: «Vem para o meio». 4 Depois disse-lhes: «É lícito em dia de sábado fazer bem ou fazer mal? Salvar a vida a uma pessoa ou tirá-la?». Eles, porém, calaram-se. 5 Então olhando-os com indignação, contristado da cegueira de seus corações, disse ao homem: «Estende a tua mão». Ele estendeu-a, e a mão ficou curada. 6 Mas os fariseus, retirando-se, reuniram-se logo em conselho com os herodianos contra Ele para ver como O haviam de matar. 7 Jesus retirou-Se com Seus discípulos para o mar, e segiu-O uma grande multidão do povo da Galileia; também da Judeia, 8 de Jerusalém, da Idumeia, da Transjordânia e das vizinhanças de Tiro e de Sidónia, tendo ouvido as coisas que fazia, foram em grande multidão ter com Ele. 9 Mandou aos Seus discípulos que Lhe aprontassem uma barca para que a multidão não O apertasse. 10 Porque, como curava muitos, todos os que padeciam algum mal lançavam-se sobre Ele para O tocarem. 11 E os espíritos imundos, quando O viam, prostravam-se diante d'Ele e gritavam: «Tu és o Filho de Deus». 12 Mas Ele ordenava-lhes com severidade que não O manifestassem.



CONFISSÕES SANTO AGOSTINHO

DE MAGISTRO (DO MESTRE)

CAPÍTULO IX

SE DEVEMOS PREFERIR AS COISAS, OU O CONHECIMENTO DELAS, AOS SINAIS

AGOSTINHO
– Queria, pois, que bem compreendesse que são mais importantes as coisas significadas do que seus sinais. Tudo o que existe em função de outra coisa, necessariamente tem valor menor que a coisa pela qual existe, se concordas com isso.
ADEODATO
– Parece-me impróprio concordar com isto sem refletir. Quando, por exemplo, se diz: “coenum” (lamaçal), parece-me que este nome seja em muito superior à coisa que significa. De facto, o que desagrada ao ouvirmos esta palavra não é o som, “coenum”, mudando apenas uma
letra, torna-se “coelum” (céu), mas é evidente a enorme diferença que há entre as coisas que estes dois nomes significam. Por isso eu não teria por essa palavra toda a repulsa que tenho ao que significa, e, portanto, eu a prefiro a isso, pois menos desagrada o seu som do que ver ou tocar a coisa que significa.
AGOSTINHO
– Falas com sabedoria. Assim, não seria correto afirmarmos que todas as coisas têm valor superior aos sinais que as exprimem.
ADEODATO
– Assim parece.
AGOSTINHO
– Diz-me, então, qual seria a intenção dos que deram um nome a coisa tão feia e desagradável? Tu os aprovas ou desaprovas?
ADEODATO
– Na verdade, não me acho em condição nem de aprová-los nem de desaprová-los, e também não sei que intenção tiveram.
AGOSTINHO
– Poderás, ao menos, dizer-me qual a tua intenção, a finalidade de pronunciares esse nome?
ADEODATO
– Sim, ao pronunciá-lo, quero avisar ou ensinar ao meu interlocutor aquilo que julgo necessário avisá-lo ou ensiná-lo.
AGOSTINHO
– Como? O facto de ensinar e avisar, ou de receber tal ensinamento, facilmente expresso com este nome, não deveria talvez ser-te mais caro que a própria palavra?
ADEODATO
– Admito que o conhecimento obtido por este sinal seja preferível ao próprio sinal, mas não preferível à coisa em si.
AGOSTINHO
– Então, no que acima afirmamos, embora seja falso que devemos sempre preferir as coisas aos seus sinais, é verdade que tudo o que existe em função de outra coisa tenha valor menor que a coisa pela qual existe. O conhecimento, pois, do lamaçal, para o qual foi instituído esse nome, há de ser considerado mais que a palavra que, por sua vez, vimos ser preferível ao próprio lamaçal. E é bem esse o motivo do conhecimento ser preferível ao sinal de que estamos tratando, pois este existe devido àquele e não aquele por causa deste. Assim, aquele glutão, devoto ao ventre, conforme relata o Apóstolo, quando disse que vivia para comer, foi contestado por um homem sóbrio, que lhe ouviu as palavras e, não tolerando-as, assim o redarguiu: “Bem melhor seria que comesses para viver”, e vemos que o sóbrio falou assim seguindo essa mesma regra (regra que estabelece que tudo o que é devido a outra coisa, como no caso de comer que é subordinado ao viver – é inferior à coisa pela qual existe). O comilão desagradou porque avaliava tão miseravelmente sua vida, que a tinha em menor conta que os prazeres do paladar, afirmando viver para comer. O homem sóbrio é digno de louvor porque, compreendendo qual das duas coisas (comer e viver) é feita para a outra, ou seja, qual está subordinada à outra, alertou que devíamos comer para viver e não viver para comer. Do mesmo modo, tu e todo homem sensato que aprecie as coisas pelo seu valor e justo lado, se um charlatão afirmasse: “Ensino para falar”, lhe responderias: “Homem, não seria melhor falar para ensinar?” Ora, se tais coisas são
verdadeiras, como alias reconheces, observa quanto as palavras têm menor importância, em comparação com aquilo por que as usamos, sendo que o próprio uso das palavras já é mais importante do que elas próprias. As palavras, pois, existem para que as usemos, e as usamos para ensinar. Por isso, ensinar é melhor que falar, e assim o discurso é melhor que a palavra.
Muito melhor que as palavras é, portanto, a doutrina. Mas quero ouvir de ti se por acaso tenhas algo a opor.
ADEODATO
– Concordo em que a doutrina seja preferível às palavras, mas talvez se possa levantar objecção contra a regra que diz: “tudo o que existe em função de outra coisa é inferior aquilo pelo qual existe”.
AGOSTINHO
– Trataremos disto a seu tempo e com mais detalhes: por enquanto, o que concedes já basta para que eu chegue aonde me proponho. Concordas, pois, que o conhecimento das coisas é mais importante que os sinais que as exprimem. Por isso, o conhecimento das coisas significadas deve ser preferido ao conhecimento dos sinais, não te parece?
ADEODATO
– Mas eu disse, por acaso, que o conhecimento das coisas não é superior ao dos sinais, ou melhor, que é superior aos próprios sinais? Por isto hesito em concordar contigo neste ponto.
Se o nome “lamaçal” é melhor que seu significado, por que o conhecimento deste nome não haveria de ser também melhor que o da coisa, embora o nome em si seja inferior aquele conhecimento? Lidamos aqui com quatro termos: nome, coisa, conhecimento do nome e conhecimento da coisa. Como o primeiro é superior ao segundo, por que também o terceiro não seria superior ao quarto? E, em não lhe sendo superior, acaso lhe estaria subordinado?
AGOSTINHO
– Noto que guardas muito bem na memória o que concedeste, e que explicaste claramente teu pensamento. Creio porém, que compreendes como este nome trissílabo “vitium” (vicio), quando o pronunciamos, é melhor, como som, do que seu significado, entretanto, o simples conhecimento do nome é bem menos valioso que o conhecimento dos vícios. Assim, ainda que consideremos aqui os quatro termos que mencionaste: nome, coisa, conhecimento do nome, conhecimento da coisa, com razão nós preferimos o primeiro ao segundo. Quando Pérsio escreve na sua sátira este nome, dizndo: “Sed stuped hic vitio” (mas este se admira do vicio), não só não torna viciado o verso, mas, pelo contrário, de algum modo dá-lhe beleza, apesar do significado desse nome ser sempre execrável, onde quer que se encontre. Mas observamos também que não é tampouco preferível o terceiro termo ao quarto, e sim o quarto ao terceiro. O conhecimento deste nome (vicio) é bem menos importante se comparado ao conhecimento dos vícios.
ADEODATO
– Acreditas pois, que tal conhecimento, apesar de nos tornar mais mesquinhos, teria de ser preferido? O próprio Pérsio, a todas as penas que a crueldade dos tiranos excogitou ou a cobiça impôs, antepõe apenas aquela que atormenta os homens, quando obrigados a reconhecer os vícios que não conseguem evitar.
AGOSTINHO
– Assim, também chegarias a negar que deve ser preferido o conhecimento das virtudes ao do seu nome, pois saber da virtude e não possuí-la é um suplicio, que aquele poeta satírico almejou como castigo dos tiranos.
ADEODATO – Deus me livre de tal loucura: entendo que não devemos culpar os próprios conhecimentos, entre os quais o da moral, a mais excelsa disciplina com que se educa o espírito, mas sim, que devemos considerá-los – como creio que também Pérsio pensava – os mais míseros dos que são atacados por tal doença, que nem um tão grande remédio pode curar.
AGOSTINHO
– Entendimento correcto, mas em que pesa o pensamento de Pérsio? Não estamos submetidos, nisso, a tal autoridade, ainda mais que é difícil elucidar aqui qual conhecimento deve ser preferido a outro. Por ora, estou satisfeito com o que conseguimos, isto é, ter o conhecimento das coisas que são significadas como um valor superior, se não ao conhecimento dos sinais, pelo menos aos sinais em si. Por isto voltemos agora a discutir sobre o género das coisas que podem mostrar-se por si mesmas, como dizíamos, sem sinais, como sejam: comer, passear, sentar, fazer e semelhantes.
ADEODATO
– Volto a meditar sobre as tuas palavras.

CAPÍTULO X

SE É POSSÍVEL ENSINAR ALGO SEM SINAIS.
AS COISAS NÃO SE APRENDEM PELAS PALAVRAS

AGOSTINHO
– Parece-te que podemos indicar, sem uso de sinais, tudo que podemos fazer, logo após sermos interrogados, ou algo deve ser excluído?
ADEODATO
– Na verdade, tenho pensado muito neste género de coisas, sem todavia encontrar nada que se possa ensinar sem sinal, executando, talvez, o próprio falar e ensinar, mas este só se nos perguntarem o que é ensinar. Parece-me que quem pergunta – qualquer coisa que eu faça após a indagação para que aprenda – não o pode aprender através da própria coisa, que deseja lhe seja mostrada. Por exemplo: se quando estou fazendo outra coisa, alguém me perguntasse que é caminhar e eu, imediatamente, buscasse demonstrar-lhe a coisa sem usar sinais começando a caminhar, como poderia evitar que ele entendesse que caminhar é apenas o quando andei? Ora, se ele pensar nisso, terá sido levado a engano, pois julgará que quem andar mais, ou menos, do quanto eu andei, não caminhou. E o que vale quanto a esta palavra aplica-se também a todas aquelas que julguei se possam mostrar sem sinal, menos as duas que exclui.
AGOSTINHO
– Concordo com isso, mas não te parece que falar é uma coisa e ensinar é outra?
ADEODATO
– Certamente, pois se fossem a mesma coisa não se poderia ensinar senão falando, ora, como muitas coisas são ensinadas com outros sinais que não palavras, quem poderia negar a diferença?
AGOSTINHO
– Ensinar e significar são a mesma coisa ou diferem em algo?
ADEODATO
– Creio que a mesma.
AGOSTINHO
– Será correcto afirmar que nós usamos de sinais (que significamos) para ensinar?
ADEODATO
– Sem dúvida.
AGOSTINHO
– Se alguém afirmasse que ensinamos para usar sinais (para significar), não seria facilmente refutado pela afirmação precedente?
ADEODATO
– Seria.
AGOSTINHO
– Se usarmos pois os sinais para ensinar, não ensinamos para usar os sinais: uma coisa é ensinar e outra é usar os sinais (significar)
ADEODATO
– É verdade, e quando disse que eram a mesma coisa, eu não respondi corretamente.


(Revisão trad. portuguesa e grafismo por ama)


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