
Questão 33: Dos efeitos do prazer
Art. 4 ― Se o prazer aperfeiçoa a operação.
(IV Sent., dist. XLIX, q. 3, a. 3, qa. 3, ad 3, X Ethic., lect. VI, VII).
O
quarto discute-se assim. ― Parece que o prazer não aperfeiçoa a operação.
1. ― Pois, toda operação humana depende do uso da razão. Ora, o prazer impede o uso da razão, como já se disse 1. Logo, não aperfeiçoa, mas debilita a operação humana.
2.
Demais. ― Nada se aperfeiçoa a si mesmo ou à sua causa. Ora, o prazer é uma
operação, como diz Aristóteles 2, e isso há-de entender-se essencial
ou causalmente. Logo, o prazer não aperfeiçoa a operação.
3.
Demais. ― Se o prazer aperfeiçoa a operação há-de ser como fim, como forma, ou
como agente. Ora, como fim, não, porque não buscamos as operações por causa do
prazer, mas antes ao contrário, como já se disse 3. Nem tão pouco
como causa eficiente, porque antes, a operação é a causa eficiente do prazer.
Nem por fim como forma, pois o prazer não aperfeiçoa a operação, com se fosse
um hábito, conforme o Filósofo 4. Logo, o prazer não aperfeiçoa a
operação.
Mas,
em contrário, diz o mesmo passo do autor que se acaba de citar, que o prazer
aperfeiçoa a operação.
DONDE
A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJECÇÃO. ― Nem todo o prazer impede o acto da razão,
mas, só o prazer corpóreo que não é consequente a esse acto e sim ao do
concupiscível, que cresce com o prazer. O prazer, porém, consequente ao acto da
razão fortifica o uso da mesma.
RESPOSTA
À SEGUNDA. ― Como diz Aristóteles, duas coisas podem ser causa uma da outra,
sendo uma, causa eficiente e a outra, final 8. E deste modo, a
operação causa o prazer como causa eficiente, e o prazer aperfeiçoa a operação
como causa final, conforme já se disse.
RESPOSTA
À TERCEIRA. ― Resulta clara do que acabamos de dizer.
Nota:
Revisão da tradução portuguesa por ama.
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Notas:
1. Q. 33, a. 3.
2. VII Ethic., lect. VII et X,
lect. VIII.
3. Q. 4, a. 2.
4. X Ethic., lect. VI.
5. X Ethic., loc. cit.
6. Ibid.
7. X Ethic., lect. VII.
8. II Phys., lect. VIII.
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