03/04/2013

Resumos sobre a Fé cristã 71


2. Creio na Santa Igreja Católica 3

2.3. As propriedades da Igreja: una, santa, católica, apostólica

Chamamos propriedades aos elementos que caracterizam a Igreja. Encontramo-los em muitos dos Símbolos da fé desde épocas muito remotas da Igreja. Todas as propriedades são um dom de Deus que implica uma tarefa a cumprir por parte dos cristãos.

A Igreja é Una porque a sua origem e modelo é a Santíssima Trindade; porque Cristo – seu fundador – restabelece a unidade de todos num só corpo; porque o Espírito Santo une os fiéis à Cabeça, que é Cristo. Esta unidade manifesta-se em que os fiéis professam uma mesma fé, celebram uns mesmos sacramentos, estão unidos numa mesma hierarquia, têm uma esperança comum e a mesma caridade. A Igreja subsiste como sociedade constituída e organizada no mundo na Igreja católica, governada pelo sucessor de Pedro e pelos bispos em comunhão com ele 8. Só nela se pode obter a plenitude dos meios de salvação, posto que o Senhor confiou os bens da Nova Aliança ao Colégio apostólico, cuja cabeça é Pedro. Nas igrejas e comunidades cristãs não católicas há muitos bens de santificação e de verdade que procedem de Cristo e impulsionam a unidade católica; o Espírito Santo serve-se delas como meios de salvação, cuja força vem da plenitude da graça e da verdade que Cristo confiou à Igreja Católica (cf. Catecismo, 819). Os membros dessas igrejas e comunidades incorporam-se a Cristo no Baptismo e, por isso, reconhecemo-los como irmãos. Pode-se crescer na unidade: aproximando-nos mais a Cristo e ajudando os outros cristãos a estar mais perto d’Ele; fomentando a unidade no essencial, a liberdade no acidental e a caridade em tudo 9; tornando mais habitável a casa de Deus aos outros; crescendo na veneração e respeito pelo Papa e pela Hierarquia, ajudando-os e seguindo os seus ensinamentos.

O movimento ecuménico é uma tarefa eclesial pela qual se procura restaurar a unidade entre os cristãos na única Igreja fundada por Cristo. É um desejo do Senhor (cf. Jo 17, 21). Realiza-se com a oração, com a conversão do coração, o recíproco conhecimento fraterno e o diálogo teológico.

A Igreja é Santa porque Deus é o seu autor, porque Cristo se entregou por ela para a santificar e a fazer santificante, porque o Espírito Santo a vivifica com a caridade. Por ter a plenitude dos meios salvíficos, a santidade é a vocação de cada um dos seus membros e o fim de toda a sua actividade. É santa porque dá constantemente frutos de santidade na terra, porque a sua santidade é fonte de santificação dos seus filhos – embora nesta terra se reconheçam todos pecadores e necessitados de conversão e purificação. A Igreja é também santa devido à santidade alcançada pelos seus membros que já estão no Céu, de modo eminente a santíssima Virgem Maria, que são seus modelos e intercessores (cf. Catecismo, 823-829). A Igreja pode ser mais santa, através da tarefa de santidade realizada pelos seus fiéis: a conversão pessoal, a luta ascética por se parecerem mais a Cristo, a reforma que ajuda a cumprir melhor a missão e a fugir da rotina, a purificação da memória que remove os falsos preconceitos sobre os outros, e o cumprimento concreto da vontade de Deus na caridade.

A Igreja é Católica – quer dizer, universal – porque nela está Cristo, porque conserva e administra todos os meios de salvação dados por Cristo, porque a sua missão abarca todo o género humano, porque recebeu e transmite na sua integridade todo o tesouro da Salvação e porque tem a capacidade de se inculturar, elevando e melhorando qualquer cultura. A catolicidade cresce extensiva e intensivamente através de um maior desenvolvimento da missão da Igreja. Toda a igreja particular, ou seja, toda a porção do povo de Deus que está em comunhão na fé, nos sacramentos, com o seu bispo – através da sucessão apostólica – formada à imagem da Igreja universal e em comunhão com toda a Igreja (que a precede ontológica e cronologicamente), é católica.

Como a sua missão abarca toda a humanidade, todos os homens, pertencem ou estão ordenados, de diferentes modos, à unidade católica do Povo de Deus. Estão plenamente incorporados na Igreja católica aqueles que, tendo o Espírito de Cristo, se encontram unidos a ela pelos vínculos da profissão de fé, dos sacramentos, do governo eclesiástico e da comunhão. Os baptizados que não perseverem na caridade, embora incorporados na Igreja, pertencem-lhe com o corpo mas não com o coração. Os baptizados que não se encontram plenamente nesta unidade católica estão numa certa comunhão, ainda que imperfeita, com a Igreja Católica (cf. Compêndio, 168).

 A Igreja é Apostólica porque Cristo a edificou sobre os Apóstolos, testemunhas escolhidas da sua Ressurreição e fundamento da sua Igreja; porque com a assistência do Espírito Santo, ensina, guarda e transmite fielmente o depósito da fé recebido dos Apóstolos. Também é apostólica pela sua estrutura, enquanto é instruída, santificada e governada, até ao regresso de Cristo, pelos Apóstolos e seus sucessores, os bispos, em comunhão com o sucessor de Pedro. A sucessão apostólica é a transmissão, mediante o sacramento da Ordem, da missão e potestade dos Apóstolos aos seus sucessores. Graças a esta transmissão, a Igreja mantém-se em comunhão de fé e de vida com a sua origem, enquanto ao longo dos séculos ordena a sua missão apostólica à difusão do Reino de Cristo sobre a terra. Todos os membros da Igreja participam, segundo as distintas funções, da missão recebida pelos Apóstolos de levar o Evangelho ao mundo inteiro. A vocação cristã é, pela sua própria natureza, vocação ao apostolado (cf. Catecismo, 863).

Miguel de Salis Amaral

Bibliografia:

Catecismo da Igreja Católica, 683-688; 731-741.
Compêndio do Catecismo de la Igreja Católica, 136-146.
João Paulo II, Enc. Dominum et Vivificantem, 18-V-1986, 3-26.
João Paulo II, Catequese sobre o Espírito Santo, 8-XII-1989.
São Josemaria, Homilia «O Grande Desconhecido», em Cristo que Passa, 127-138.

Leituras recomendadas:

Catecismo da Igreja Católica, 748-945.
Compêndio do Catecismo da Igreja Católica, 147-193.
São Josemaria, Homilia «Lealdade à Igreja», em Amar a Igreja, Rei dos Livros, Lisboa 1986.

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Notas:
8 Cf. Ibidem, 8.
9 Cf. Concílio Vaticano II, Const. Gaudium et Spes, 92.

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