25/03/2013

Resumos sobre a Fé cristã 62


Jesus Cristo. Deus e Homem verdadeiro.

1. A Encarnação do Verbo

«Ao chegar a plenitude dos tempos, Deus enviou Seu Filho, nascido de mulher» (Gal 4, 4). Cumpre-se, assim, a promessa de um Salvador que Deus fez a Adão e Eva ao serem expulsos do Paraíso: «Farei reinar a inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e a dela. Esta esmagar-te-á a cabeça e tu tentarás mordê-la no calcanhar» (Gn 3, 15). Este versículo do Génesis é conhecido com o nome de proto-evangelho, porque constitui o primeiro anúncio da boa nova da salvação. Tradicionalmente, interpretou-se que a mulher de que se fala, tanto é Eva, em sentido directo, como Maria, em sentido pleno; e que a descendência da mulher se refere tanto à humanidade como a Cristo.

Desde então até ao momento em que «o Verbo se fez carne e habitou entre nós» (Jo 1, 14), Deus foi preparando a humanidade para que pudesse acolher com fruto o Seu Filho Unigénito. Deus escolheu para si o povo israelita, estabeleceu com ele uma Aliança e formou-o progressivamente, intervindo na sua história, manifestando-lhe os seus desígnios através dos patriarcas e profetas e santificando-o para Si. E tudo isto, como preparação e figura daquela nova e perfeita Aliança que havia de concluir-se em Cristo e daquela plena e definitiva revelação que devia ser efectuada pelo próprio Verbo encarnado 1. Embora Deus tenha preparado a vinda do Salvador, sobretudo, mediante a eleição do povo de Israel, isso não significa que tenha abandonado os restantes povos, “os gentios”, pois nunca deixou de dar testemunho de Si mesmo (cf. Act 14, 16-17). A Providência divina fez com que os gentios tivessem uma consciência mais ou menos explícita da necessidade da salvação e até aos mais recônditos cantos da terra se conservava o desejo de serem redimidos.

A Encarnação tem a sua origem no amor de Deus pelos homens: «nisto se manifestou o amor que Deus para connosco: Deus enviou o Seu Filho unigénito ao mundo, para que por Ele tenhamos a Vida» (1 Jo 4, 9). A Encarnação é a demonstração, por excelência, do Amor de Deus pelos homens, já que nela é o próprio Deus quem se entrega aos homens fazendo-Se participante da natureza humana em unidade de pessoa.

Após a queda de Adão e Eva no paraíso, a Encarnação tem uma finalidade salvadora e redentora, como professamos no Credo: «por nós homens e para nossa salvação, desceu do céu e encarnou pelo Espírito Santo no seio da Virgem Maria, e Se fez homem» 2. Cristo afirmou de Si mesmo que «o Filho do homem veio buscar e salvar o que estava perdido» (Lc 19, 10; cf. Mt 18, 11) e que «Deus não enviou o Seu Filho para condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por Ele» (Jo 3, 17).

A Encarnação não só manifesta o infinito amor de Deus pelos homens, a Sua infinita misericórdia, a Sua justiça, o Seu poder, mas também a coerência do plano divino de salvação; a profunda sabedoria divina consiste na forma como Deus decidiu salvar o homem, ou seja, do modo mais conveniente à sua natureza, que é precisamente mediante a Encarnação do Verbo.

Jesus Cristo, o Verbo encarnado, «não é nem um mito, nem uma ideia abstracta qualquer; É um homem que viveu num contexto concreto e que morreu depois de ter levado a sua própria existência no quadro da evolução da história. A investigação histórica sobre Ele é, pois, uma exigência da fé cristã» 3.

Pertence à doutrina da fé que Cristo existiu, como também que morreu realmente por nós e que ressuscitou ao terceiro dia (cf. 1 Cor 15, 3-11). A existência de Jesus é um facto provado pela ciência histórica, sobretudo, mediante a análise do Novo Testamento cujo valor histórico está fora de dúvida. Há outros testemunhos antigos não cristãos, pagãos e judeus, sobre a existência de Jesus. Precisamente por isso, não são aceitáveis as posições daqueles que contrapõem um Jesus histórico ao Cristo da fé e defendem a suposição de que quase tudo o que o Novo Testamento diz acerca de Cristo seria uma interpretação de fé que fizeram os discípulos de Jesus, mas não a Sua autêntica figura histórica que ainda permaneceria oculta para nós. Estas posições que, ao longo do tempo, encerram um forte preconceito contra o sobrenatural, não têm em conta que a investigação histórica contemporânea coincide em afirmar que a apresentação que faz de Jesus o cristianismo primitivo se baseia em autênticos factos realmente acontecidos.

josé antonio riestra

Bibliografia básica:

Catecismo da Igreja Católica, 422-483.
Bento XVI-Joseph Ratzinger, Jesus de Nazaré, Esfera dos Livros, Lisboa 2007, pp. 395-435.

Leituras recomendadas:

A. Amato, Jesús el Señor, BAC, Madrid 1998.
F. Ocáriz – L.F. Mateo Seco – J.A. Riestra, El misterio de Jesucristo, 3ª ed., EUNSA, Pamplona 2004.

(Resumos da Fé cristã: © 2013, Gabinete de Informação do Opus Dei na Internet)

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Notas:
1 Concílio Vaticano II, Const. Lumen Gentium, 9.
2 Concílio de Constantinopla I, Symbolum, DS 150; cf. Concílio Vaticano II, Const. Lumen Gentium, 55.
3 Comissão Teológica Internacional, Cuestiones selectas de Cristología (1979), en ID., Documentos 1969-1996, 2ª ed., BAC, Madrid 2000, 221.

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