24/03/2013

Resumos sobre a Fé cristã 61


A elevação sobrenatural e o pecado original 3

3. Algumas consequências práticas

A principal consequência prática da doutrina da elevação e do pecado original é o realismo que guia a vida do cristão, consciente, quer da grandeza do facto de ser filho de Deus, quer da miséria da sua condição de pecador. Este realismo:

a) Previne tanto um optimismo ingénuo como um pessimismo desesperançado e «proporciona uma visão de lúcido discernimento sobre a situação do homem e da sua acção neste mundo .... Ignorar que o homem tem uma natureza ferida, inclinada para o mal, dá lugar a graves erros no domínio da educação, da política, da acção social e dos costumes» (Catecismo, 407).

b) Dá uma serena confiança em Deus, Criador e Pai misericordioso, que não abandona a sua criatura, perdoa sempre e conduz tudo para o bem, mesmo no meio de adversidades. «Repete: “omnia in bonum!”, tudo o que sucede, “tudo o que me sucede”, é para meu bem... Portanto – esta é a conclusão acertada: aceita isso, que te parece tão custoso, como uma doce realidade» 8.

c) Suscita uma atitude de profunda humildade, que leva a reconhecer, sem estranheza, os próprios pecados e a ter dor deles por serem ofensa a Deus e não tanto pelo que supõem de defeito pessoal.

d) Ajuda a distinguir o que é próprio da natureza humana enquanto tal, do que é consequência da ferida do pecado na natureza humana. Depois do pecado, nem tudo o que se experimenta como espontâneo é bom. A vida humana tem, pois, o carácter de um combate: é preciso lutar por comportar-se de modo humano e cristão (cf. Catecismo, 409). «Toda a tradição da Igreja falou dos cristãos como de milites Christi, soldados de Cristo. Soldados que levam a serenidade aos outros, enquanto combatem continuamente contra as más inclinações pessoais» 9. O cristão que se esforça por evitar o pecado não perde nada do que torna a vida boa e bela. Diante da ideia de ser necessário que o homem faça o mal para experimentar a sua liberdade autónoma, pois no fundo uma vida sem pecado seria aborrecida, levanta-se a figura de Maria, concebida imaculada, que mostra que uma vida completamente entregue a Deus, longe de produzir tédio, converte-se numa aventura cheia de luz e de infinitas surpresas 10.


Santiago Sanz

Bibliografia básica

Catecismo da Igreja Católica, 374-421.
Compêndio do Catecismo da Igreja Católica, 72-78.
João Paulo II, Creo en Dios Padre. Catequesis sobre el Credo (I), Palabra, Madrid 1996, 219 seg.
DS, n. 222-231; 370-395; 1510-1516; 4313.

Leituras recomendadas:

João Paulo II, Memória e Identidade, Bertrand Editora, Lisboa 2005.
Bento XVI, Homilia, 8-XII-2005.
Joseph Ratzinger, Creación y pecado, Eunsa, Pamplona 1992.

(Resumos da Fé cristã: © 2013, Gabinete de Informação do Opus Dei na Internet)

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Notas:
8 São Josemaria, Sulco, 127; cf. Rm 8,28.
9 São Josemaria, Cristo que Passa, 74.
10 Cf. Bento XVI, Homilia, 8-XII-2005.

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