3. Algumas consequências
práticas
A
principal consequência prática da doutrina da elevação e do pecado original é o
realismo que guia a vida do cristão, consciente, quer da grandeza do facto de
ser filho de Deus, quer da miséria da sua condição de pecador. Este realismo:
a)
Previne tanto um optimismo ingénuo como um pessimismo desesperançado e
«proporciona uma visão de lúcido discernimento sobre a situação do homem e da
sua acção neste mundo .... Ignorar que o homem tem uma natureza ferida,
inclinada para o mal, dá lugar a graves erros no domínio da educação, da
política, da acção social e dos costumes» (Catecismo, 407).
b)
Dá uma serena confiança em Deus, Criador e Pai misericordioso, que não abandona
a sua criatura, perdoa sempre e conduz tudo para o bem, mesmo no meio de
adversidades. «Repete: “omnia in bonum!”, tudo o que sucede, “tudo o que me
sucede”, é para meu bem... Portanto – esta é a conclusão acertada: aceita isso,
que te parece tão custoso, como uma doce realidade» 8.
c)
Suscita uma atitude de profunda humildade, que leva a reconhecer, sem
estranheza, os próprios pecados e a ter dor deles por serem ofensa a Deus e não
tanto pelo que supõem de defeito pessoal.
d)
Ajuda a distinguir o que é próprio da natureza humana enquanto tal, do que é
consequência da ferida do pecado na natureza humana. Depois do pecado, nem tudo
o que se experimenta como espontâneo é bom. A vida humana tem, pois, o carácter
de um combate: é preciso lutar por comportar-se de modo humano e cristão (cf.
Catecismo, 409). «Toda a tradição da Igreja falou dos cristãos como de milites
Christi, soldados de Cristo. Soldados que levam a serenidade aos outros,
enquanto combatem continuamente contra as más inclinações pessoais» 9.
O cristão que se esforça por evitar o pecado não perde nada do que torna a vida
boa e bela. Diante da ideia de ser necessário que o homem faça o mal para
experimentar a sua liberdade autónoma, pois no fundo uma vida sem pecado seria
aborrecida, levanta-se a figura de Maria, concebida imaculada, que mostra que
uma vida completamente entregue a Deus, longe de produzir tédio, converte-se
numa aventura cheia de luz e de infinitas surpresas 10.
Santiago Sanz
Bibliografia básica
Catecismo da Igreja Católica, 374-421.
Compêndio do Catecismo da Igreja
Católica, 72-78.
João Paulo II, Creo en Dios Padre.
Catequesis sobre el Credo (I), Palabra, Madrid 1996, 219 seg.
DS, n. 222-231; 370-395; 1510-1516;
4313.
Leituras recomendadas:
João Paulo II, Memória e Identidade,
Bertrand Editora, Lisboa 2005.
Bento XVI, Homilia, 8-XII-2005.
Joseph Ratzinger, Creación y pecado,
Eunsa, Pamplona 1992.
(Resumos
da Fé cristã: © 2013, Gabinete de Informação do Opus Dei na Internet)
_______________________
Notas:
8
São Josemaria, Sulco, 127; cf. Rm 8,28.
9
São Josemaria, Cristo que Passa, 74.
10
Cf. Bento XVI, Homilia, 8-XII-2005.
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